O Guia Global “Cidade Amiga do Idoso”, preparado pela OMS sob coordenação do gerontólogo brasileiro Alexandre Kalache e de Louise Plouffe, tem como uma das mais importantes seções a do Transporte (Seção 6).
O excelente Guia Global da OMS (Organização Mundial da Saúde) foi realizado com suporte de dados de uma pesquisa em 33 cidades de vários portes em todo o mundo. Foram ouvidos idosos, cuidadores e prestadores de serviços. O Guia é um documento muito interessante, abrangente e útil para planejamento de todas as políticas públicas em todo o mundo em razão do envelhecimento populacional.
As orientações são apresentadas de uma maneira sintética e objetiva.
Nenhuma prefeitura deveria desconhecer o Guia Global. O Portal VIPPES Negócios recomenda que todos os prefeitos e vereadores de todos os municípios brasileiros conheçam o Guia em todos os seus detalhes. São apenas 66 páginas e pode ser acessado na Internet, em português. Nas cidades de menor porte as recomendações poderão ser aplicadas mais rápida e facilmente porque em toda obra e serviço público será possível o planejamento e execução atendendo o “checklist” da OMS.
Em alguns itens as providências são de caráter político. Compreendem decisões de caráter apenas financeiro não envolvendo obras ou mudanças radicais na estrutura urbana. Em contrapartida alguns itens levam a transformações significativas nas vias públicas e nos espaços em geral. Também a iniciativa privada tem envolvimento direto nas transformações já que produtos e serviços necessitarão de reformulações.
A adoção do Guia Global da OMS será um instrumento formidável para um novo e completo desenho do Transporte e ocasionará uma espetacular melhoria na qualidade de vida não apenas dos idosos, mas de toda a sociedade. As cidades que tomarem a iniciativa na adoção do Guia Global da OMS como referência para todos os seus projetos urbanos tornar-se-ão modelos para as demais e com certeza atrairão negócios e novos moradores exatamente quando já se iniciou o processo de redução demográfica no País.
Eis o checklist do Guia Global “Cidade Amiga do Idoso” da OMS para a Seção Transporte:
Baixo Custo
? O transporte público é financeiramente acessível a todos os idosos.
? As tarifas dos transportes são razoáveis e seu preço é afixado de forma visível.
Confiabilidade e frequência
? O transporte público é confiável e frequente (inclusive à noite e nos fins de semana).
Destinos
? O transporte público existente permite que os idosos cheguem a locais-chave, como hospitais, como hospitais, centros de saúde, parques públicos, shopping centers, bancos e centros de convivência de idosos.
? A cidade é bem servida de transporte público, com rotas adequadas e com boas conexões para todas as áreas da cidade (inclusive a periferia) e para cidades vizinhas.
? Há boas conexões nas rotas dentre as diferentes opções de transporte.
Veículos amigáveis aos idosos
? Os veículos são acessíveis, com piso que rebaixa, degraus baixos e assentos amplos e elevados.
? Os veículos são limpos e bem mantidos.
v Os veículos são bem sinalizados, com indicação do seu número e da rota que fazem.
Serviços especializados
? Serviços de transporte especializados para pessoas com deficiências existem em número suficiente.
Prioridade para sentar
? Existe prioridade para os idosos sentarem e ela é respeitada pelos outros passageiros
Motoristas
? Os motoristas são gentis, obedecem as regras de trânsito, param nos pontos determinados, esperam que os passageiros estejam sentados antes de sair, e param junto às calçadas para facilitar o embarque e desembarque de idosos.
Segurança e conforto
? O transporte público é seguro contra crimes e não há superlotação.
Pontos e paradas
? Os pontos de ônibus são localizados próximo de onde moram os idosos, são equipados com assento e abrigo contra o mau tempo, são limpos e seguros e adequadamente iluminados.
? As paradas e estações são acessíveis, com rampas, escadas rolantes, elevadores, plataformas apropriadas, banheiros públicos e sinalização legível e bem localizada.
? Os pontos e paradas de ônibus são fáceis de acessar e convenientemente localizados.
? Os funcionários das paradas e estações são gentis e prestativos.
Informação
? São fornecidas informações aos idosos sobre como utilizar o transporte público e sobre as diferentes opções existentes de transportes.
? Os horários são legíveis e fáceis de obter.
? Nos horários indica-se claramente a rota dos ônibus que são acessíveis às pessoas com deficiência.
Transporte comunitário
? Existem serviços de transporte comunitário, incluindo motoristas voluntários e serviços de busca em domicílio para levar os idosos a eventos e locais específicos.
Táxis
? Os táxis são baratos e há descontos ou subsídios nas tarifas para os idosos de baixa-renda.
? Os táxis são confortáveis e acessíveis, com espaço para levar cadeira de rodas ou andadores.
? Os motoristas de táxi são gentis e prestativos.
Ruas
? As ruas são bem conservadas, amplas e bem iluminadas, com dispositivos bem planejados e colocados de forma a limitar a velocidade dos carros; há sinais de trânsito nos cruzamentos; os cruzamentos são bem sinalizados; os bueiros são tampados e a sinalização é padronizada, claramente visível e bem colocada.
? O fluxo de trânsito é bem regulado.
? As estradas são livres de obstrução que possam bloquear a visão do motorista.
? O cumprimento das regras de trânsito é rigorosamente controlado e os motoristas são educados para segui-las.
Competência para dirigir
? Curso de reciclagem para dirigir é oferecido e a participação neles é estimulada.
Estacionamento
? Existe estacionamento a preços acessíveis.
? Há vagas específicas para idosos próximas à entrada dos prédios e às estações de transporte coletivo.
? Há vagas para deficientes próximas à entrada dos prédios e às estações de transporte coletivo, cuja utilização é fiscalizada.
? Há pontos de embarque e desembarque para deficientes e idosos próximos à entrada dos prédios e às estações de transporte coletivo.
Conforme se verifica, as recomendações são completas. Também é evidente que todas essas medidas beneficiarão a todos os usuários, pois a maioria delas é a expectativa comum.
As prefeituras não precisam esperar determinações federais ou estaduais para incluírem o Guia Global em suas metas. Não precisarão também atender a todos os itens do “checklist” em um único ano ou um único mandato. O importante é um planejamento que atenda ao recomendado.
Milhões de pessoas terão mais qualidade de vida e continuarão ativas indo e vindo com segurança e conforto.
Germano Hansen Jr.