- 03 de abril de 2019

Os VIPPES e a Eternidade

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VIPPES compõem a mais ampla faixa na nova sociedade em rápido envelhecimento, mas nem todos conseguem enxergar o significado social das mudanças etárias que estão em processo no País.

Evidentemente haveria uma diversidade de graus em uma escala de valores dos aspectos estruturais em que se poderia diferenciar INDIVÍDUOS de um modo geral.
Apreciemos a tabela exemplificativa:

ASPECTO Negativo Aceitável Satisfatório Positivo Desejável
Educação Mínimo Básico Mediano Bom Excelente
Finanças Desprezível Mínimo Básico Razoável Bom
Potencial Pequeno Básico Moderado Bom Ótimo
Saúde Insuficiente Deficiente Moderado Bom Ótimo

Essa tabela valeria para os indivíduos de todas as classes etárias, inclusive a dos VIPPES (pessoas de 50 anos em diante).

Nenhum instituto de avaliação social ou de mercado realizou estudo detalhado dos aspectos que comporiam escala de valores para cada classe etária. É interessante que isso aconteça porque há variações significativas entre elas. O ideal improvável, para não dizer impossível, é que em todas e quaisquer que fossem as tabelas de aspectos e valores para as diferentes classes etárias, a qualificação “Desejável” fosse o objetivo a buscar…

Quando se considerar exclusivamente uma tabela para VIPPES, haveria que se dividi-la em subclasses. Essa divisão se impõe em função de profundas diferenças entre VIPPES na faixa de 50 anos e aqueles na de 90 em diante. Em alguns aspectos e valores, os VIPPES da última faixa poderão registrar valores melhores que os de todas as demais faixas de VIPPES e não VIPPES.

Essa constatação nada tem de surpreendente, mas apenas reforça a necessidade de repensar toda a estrutura social das pessoas de mais de 50 anos. O aspecto Saúde é prova dessa aparente distorção. Há uma noção enraizada sobre a deficiente Saúde dos VIPPES, principalmente a partir dos 60 anos. Em cem respondentes (muitos deles VIPPES), noventa afirmariam que Saúde é um fator muito preocupante depois dos 50 anos. A maioria estaria respondendo dessa forma porque é o que ouvem, assistem e observam em todos os meios de comunicação.
Mas qual é a realidade?

Completamente diferente!

Não se trata de uma afirmação gratuita ausente de comprovação técnica. Ao contrário, é a racionalidade que a suporta em meio de uma tempestade de pessimismo, superficialidade e preconceito.

Vamos à demonstração básica:

– o envelhecimento humano é natural, previsível e inevitável. Assim, não é uma surpresa e nem tampouco é desconhecido. Todos sabem que teremos de enfrentá-lo, querendo ou não. Vale nos prepararmos para a luta e torná-lo melhor assimilado e aproveitado;

– Estar preparado para o combate é um desafio espetacular para quem quer viver com objetivos importantes, dignos de serem alcançados: o ser humano sem referenciais para o futuro é apenas um passageiro no trem da vida, nunca um comandante de sua própria nave;

– envelhecimento não é uma doença. É uma fase da vida. Fazer dessa fase a mais proveitosa, desafiadora e satisfatória nada mais exige do que usar adequadamente toda a experiência que a vida proporcionou;

– câncer, hipertensão, diabete, osteoporose, artrite e todas as oses e ites que pairam sobre a espécie humana, fazem parte de um exército inimigo sempre pronto, desde o nascimento, para nos fazer sofrer, judiar e perder até a vida. Entretanto, mais poderosa que essas forças insidiosas, traiçoeiras e cruéis é a determinação de saber conhecê-las, evitá-las e derrotá-las. 50 anos é o tempo disponível para a instrução e treinamento que todos os indivíduos terão antes de se tornarem VIPPES.

– os VIPPES de mais de noventa anos são a prova concreta da possibilidade de vitória contra o tempo e contra a doença. Para o Brasil, o quadro abaixo reflete a previsão estatística da população sob o ângulo etário:

  2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060
VIPPES  + de 90 anos              
 nº de VIPPES (em mil)  284  394  743 1525 2134 3562 5024
  % s/ total população 0,16 0,20 0,35 0,68 0,94 1,58 2,30
               
CRIANÇAS até 9 anos              
nº de Crianças (em mil) 34588 32774 28554 25449 23080 20603 18357
  % s/ total população 19,99 16,81 13,47 11,41 10,12 9,12 8,42
               
JOVENS 20 a 29 anos              
nº de Jovens (em mil) 30816 35116 33976 32293 28232 25200 22880
% s/ total população 17,81 18,01 16,03 14,48 12,38 11,30 10,50
               

Como se pode verificar, o crescimento no número de VIPPES de 90 anos em diante cresce mais de 17 vezes em 60 anos, enquanto o número de crianças até 9 anos diminui para pouco mais da metade e o de jovens de 20 a 29 anos diminui ¼ no mesmo período.
Não há como recusar o fato marcante do crescimento excepcional no número de indivíduos de 90 anos em diante que prova ser a idade mais avançada a maior responsável pela não diminuição assustadora da população brasileira.

Com certeza, a maioria dos mais de cinco milhões de nonagenários e centenários estarão gozando de boa saúde, principalmente porque se cuidaram melhor do que as gerações anteriores. Com mais certeza ainda, as novas gerações da segunda metade deste século alongarão ainda mais a esperança de vida, porque estarão ainda melhor atendidas por uma tecnologia fantástica de suporte da vida útil.

Conclusão: é preciso acabar hoje com o preconceito idiota de considerar o envelhecimento humano como fonte de doenças, morte e inatividade. É necessário começar hoje a utilizar a experiência das impressionantes conquistas da criatividade humana como fonte da sobrevivência e talvez do próprio encontro da eternidade.

Autor: G. Hansen Jr.

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