Algumas linhas de ônibus na cidade de São Paulo tiveram uma redução no número de pontos de parada. A medida aumentou a distância entre as paradas. E a cidade é amiga do idoso?
O texto relativo ao aspecto “transporte” no Guia Global Cidade Amiga do Idoso, é suficiente para que qualquer cidade no Brasil e no mundo possa usá-lo como base para os projetos de adaptação etária.
Necessariamente, entretanto, as recomendações não são exaustivas e, pelo contrário, servem como o mínimo a fazer.
No caso das paradas de ônibus, por exemplo, a medida adotada em algumas linhas na cidade de São Paulo, é contrária ao “espírito” que norteou a elaboração do Guia.
A distância entre as paradas aumentou substancialmente para os idosos.
É provável que a mudança atenda aspectos de interesse de maior fluidez do trânsito ou redução no tempo das deslocações. Talvez até se encontre manipulação estatística para demonstrar redução no tempo pessoal gasto na condução.
Todas as explicações e justificativas valem e uma análise lógica forneça argumentos para considerar a medida como indicada e correta.
O que se pode, porém, questionar, é a ausência de preocupação com o prejuízo para os idosos.
Aqueles que planejaram e executaram a medida não levaram em conta as dificuldades que muitos idosos apresentam para o deslocamento nas ruas. É possível que se as vias públicas da cidade estivessem em condições favoráveis para a circulação deles, a medida tomada poderia até se tornar positiva.
Entretanto, a maioria das calçadas e ruas está coalhada com armadilhas perigosas para aqueles que não possuem mais a mesma funcionalidade nos sentidos e nas funções orgânicas.
Se não houve um estudo anterior para análise de todas as repercussões da medida, basta circular por uma das linhas e verificar que algumas mudanças pioraram a localização das paradas.
Mas não são apenas os VIPPES que foram prejudicados. Em alguns casos, a parada foi removida para o pior local de determinadas avenidas ou ruas, tais como entradas de Bancos ou em frente aos estacionamentos de lojas. Alguns dos locais não proporcionam a instalação de abrigos e deixam os passageiros potenciais atrapalhados com trânsito de veículos manobrando. Em caso de temporais ou ventania, os passageiros não possuem qualquer possibilidade de minimizarem a exposição ao tempo.
Imaginar todos esses dissabores para idosos que deveriam ter um tratamento adequado em uma cidade que normalmente maltrata seus cidadãos de qualquer idade torna-se exercício doloroso, triste!
O envelhecimento populacional é a maior oportunidade que a sociedade já obteve para reformular a justiça na atenção e atendimento às necessidades de todos os seres humanos, inclusive idosos.
Wolfgang K. L.