- 05 de abril de 2019

Odor da idade e o marketing

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Quando se afirma que a transição etária vai proporcionar negócios milionários tendo os VIPPES como alavanca é necessário conhecê-los para confirmar a projeção.

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Vamos analisar detalhadamente um dos mercados potenciais originados pela transição etária. Os VIPPES terão mais saúde e, portanto, maior esperança de longa vida com qualidade com algumas medidas relativamente simples e fáceis de execução e adaptação. Uma delas é a higiene pessoal.

Em razão da diminuição de algumas defesas orgânicas por causa da degeneração natural pela idade, os VIPPES ficam mais sujeitos às doenças. Um dos antídotos para isso é a higiene pessoal porque auxilia sensivelmente o organismo na tarefa de impedir ou dificultar a invasão bacteriológica ou virótica.

A sociedade terá um benefício extraordinário e econômico se conseguir redução na imobilidade e melhorar a saúde dos VIPPES cuja participação na composição demográfica explode avassaladoramente. Então a higiene pessoal passa a ser maximizada como imprescindível na nova sociedade. Quanto pode representar no PIB brasileiro a redução de gastos com saúde em milhões de VIPPES? Provavelmente alguns bilhões de reais.

Até agora as empresas apresentaram uma determinante mercadológica voltada para as crianças, os jovens e os adultos até a faixa dos 40 e poucos anos. Os VIPPES (indivíduos de 50 anos em diante) ficaram em segundo ou último plano.

Xampus, cremes hidratantes, sabonetes, desodorantes, loções, cremes dentais e todos os demais artigos que formam o enorme negócio de higiene pessoal podem ser repensados tendo como consumidores os novos VIPPES.

Até algum tempo atrás se ouvia muita referência ao “odor dos idosos”. Era muito comum pessoas de todos os níveis educacionais e econômicos se referirem ao “cheiro de velho” quando entravam em ambientes onde vivem idosos. Alguns até faziam uma cara feia como se o tal “cheiro de velho” fosse algo asqueroso e profundamente desagradável.

Mas alguns estudos recentes e realizados sob bases científicas (como os conduzidos por Johan Lundström, do Centro de Sentidos Químicos Monell – estuda odores corporais de humanos e outros animais e tenta entender como o cérebro responde a cheiros-; Koichiro Fujita, professor de imunologia na Tokyo Medical and Dental University), estão mostrando outra realidade. Efetivamente existe o odor característico do idoso. O povo japonês que sempre respeitou muito os idosos criou uma palavra para identificar essa característica, o chamado “kareishuu”.

O que se descobriu é que em pesquisas com pessoas de diferentes idades e que foram colocadas diante de odores encontrados em roupas e pertences de pessoas também de várias idades – jovens, meia-idade e idosos – o odor das roupas usadas dos idosos era menos intenso e desconfortável que o de gente mais nova. Mais ainda, o odor dos mais idosos foi descrito como o menos intenso entre todos os pesquisados. O pior resultado foi encontrado para os homens de meia-idade e para os mais jovens (odor mais desagradável).

Esses resultados alteram tudo o que se dizia e o que se pensava sobre o “odor da idade”.

Imagine-se então que todos os produtos para higiene pessoal para VIPPES podem conter doses bem menores de perfume e odorificadores do que aquelas necessárias para combater a maior intensidade do odor das pessoas mais novas.

Essa conclusão pode significar uma substancial redução, ou melhor, margem de rentabilidade nos custos dos produtos para higiene pessoal. Também pelo fato da comprovação do odor dos VIPPES ser menos intenso e desagradável é possível esperar a formulação de produtos de higiene pessoal para VIPPES com menor quantidade de substâncias modificadoras dos odores naturais. Mais um aspecto que melhora a rentabilidade.

Provavelmente a maioria dos produtos de higiene pessoal da atualidade está formulada tendo como padrão os jovens e indivíduos de meia-idade que comprovadamente exalam odor mais intenso e mais desagradável. Assim, os VIPPES estão sendo bombardeados por formulações não adequadas para suas características químico-orgânicas.

Emprendedores atentem para o enorme novo mercado de produtos para higiene pessoal dos VIPPES. Mercado com produtos estudados, dimensionados e formulados criteriosamente para quem não necessita de odores mais intensos e maior quantidade de componentes disfarçadores de odores desagradáveis.

Germano Hansen Jr.

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