A moda lamentável que tomou conta das capitais e grandes cidades é a das passeatas reivindicatórias. Não se discute a razão dos movimentos, mas sim o os meios e locais inadequados para as manifestações.
Ainda não foram noticiadas passeatas dos “Sem ILPIs” na mesma classe dos “Sem Terra” e dos “Sem Teto”.
Se surgirem, elas contarão com quase 400 mil manifestantes de todas as classes sociais, principalmente da D e E e parte da C. Isto agora, porque a quantidade de reivindicadores irá crescer sem parar nos próximos 50 anos.
Atualmente faltam mais de 17 mil ILPIs no País, se considerarmos estabelecimentos de 20 a 30 hóspedes cada.
Quem iria participar dessas passeatas? Talvez fosse melhor perguntar quem teria condições de comparecer a essas passeatas.
A maioria dos VIPPES que precisa de ILPIs apresenta alto grau de dependência para a realização de atividades comuns como alimentar-se, fazer higiene pessoal e vestir-se. Muitos não saem da cama e outros passam as horas em cadeira de rodas.
Como poderiam participar de passeatas?
Alguém precisa falar por eles. A sociedade não pode ficar silenciosa porque em 35 anos eles serão mais de 3 milhões de seres humanos sem autonomia e dependentes de uma estrutura material e de serviços especializados.
Pouco adianta o Brasil instalar 17 mil Instituições de Longa Permanência para cobrir o “déficit” de hoje, porque antes que elas fiquem prontas, as necessidades já estarão aumentadas e muito.
O mais racional é repensar completamente o tema “instituições de longa permanência para idosos”. Se havia um pensamento de operar com estabelecimentos de 20 ou 30 VIPPES, talvez fique mais econômico e prático aumentar a lotação para 40 ou 50 VIPPES. Ou mesmo para 100 VIPPES.
O quadro abaixo demonstra como o redimensionamento do problema pode ser solução melhor:
Previsão de necessidade de Instituições de Longa Permanência
Para 20% dos VIPPES de 80 anos em diante
VIPPES 80 em diante que precisam de ILPIs |
Nº de ILPIs Atuais |
Nº de ILPIs com 20 vagas a fazer |
Nº de ILPIs com 40 vagas a fazer |
Nº de ILPIs com 100 vagas a fazer |
|
2010 |
535.000 |
3.000 |
19.250 |
9.625 |
3.850 |
2020 |
826.000 |
– |
14.550 |
7.275 |
2.910 |
2030 |
1.306.000 |
– |
24.000 |
12.000 |
4.800 |
2050 |
3.002.000 |
– |
84.800 |
42.400 |
8.480 |
O quadro permite avaliar o custo/benefício de construir e instalar ILPIs de dimensões diversas com condições de uso para a quantidade crescente de hóspedes nas próximas décadas.
De maneira simples é possível dizer que uma ILPIs tem três vértices de formatação: número de vagas, instalação física, pessoal necessário.
O planejamento permitirá um formidável ganho se as necessidades futuras estiverem também consideradas. É preferível estar na frente da quantidade de vagas necessárias em vez de efetivar providências emergenciais que sempre são mais custosas e menos confiáveis.
Naturalmente, estudos detalhados poderão indicar em diferentes regiões do País as melhores composições estruturais de ILPIs. Em algumas cidades será possível adotar um determinado tipo de ILPI, enquanto em outras haverá necessidade de uma padronização.
O importante é planejar e instalar o maior número de ILPIs possível para não assistirmos cenas de filmes de terror nas ruas da maioria dos municípios brasileiros.
F. Aristóteles Filho