- 07 de abril de 2019

Condomínio VIPPES

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A nomenclatura disfarça, mas não consegue mudar a imagem negativa de asilos para idosos. ILPIs, Residenciais e Casas de Repouso não entusiasmam. O marketing pode resolver o problema.

Inicialmente é necessário que se estabeleça uma identificação correta, transparente e realista para o estabelecimento que abriga pessoas de idade mais avançada. Idade avançada é um conceito.

Assim, o que se entende por “idade avançada”? Sessenta anos? Setenta? Mais de oitenta? No tempo em que a quantidade de idosos era pequena, sessenta anos era “idade avançada”; setenta era a idade do “pé na cova” e mais de oitenta, exceção, verdadeiros “Matusaléns”.

Na atualidade, os VIPPES (50 anos em diante) já representam 21% da população no Brasil e não param de crescer até o final do século. Em proporções substanciais, todas as classes etárias ultrapassarão a casa do milhão de membros até 2026 e em 2062, todos os VIPPES de 50 a 89 anos terão no mínimo um milhão de indivíduos para cada ano de vida, sendo a média de dois milhões de pessoas.

Abaixo, exemplo da população de VIPPES por idade simples em alguns anos, conforme Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013.

idade

2000

mM

2014

mM

2020

mM

2060

mM

51

1.493.854

268

2.367.030

425

2.539.371

456

2.939.482

528

61

942.780

169

1.578.232

284

1.944.327

349

3.060.244

550

71

576.070

103

826.777

148

1.119.552

201

2.671.871

480

81

223.798

40

379.364

68

486.935

87

1.855.348

333

85

128.700

23

249.647

45

309.432

55

1.334.951

240

90 emdiante

284.467

51

504.610

91

743.209

133

5.024.073

903

total

3.649.669

654

5.905.660

1061

7.142.826

1281

16.885.969

3034

Apenas para efeito de referência, a coluna “mM” representa a quantidade de VIPPES por município se a população brasileira fosse distribuída com densidade demográfica similar em todos (5.564 municípios em 2014).

condominios_trogloditasObserva-se que VIPPES de 85 anos em 2000 eram apenas 23 (média) em qualquer município do País. Em quatorze anos praticamente dobraram (45) e decuplicarão em
2060 (240). VIPPES de 90 anos em diante passaram de 51 no ano 2000 para 91 hoje e 903 em 2060, com aumento de 18 vezes mais que em 2000.

Dessa forma, o primeiro aspecto a ser considerado para a formatação de um abrigo terceirizado é a idade. Na prática, nenhum VIPPES de 50 a 60 anos precisará deles. Na faixa de 60 a 70 anos, algumas doenças e insuficiências poderão conduzir certo número deVIPPES a contar com abrigo fora do lar. A faixa de idade de 70 a 80 não altera substancialmente as dificuldades e provavelmente o dobro de indivíduos da faixa anterior precisará de cuidados terceirizados. De 80 para 90 anos mais da metade dos VIPPES terá necessidade de cuidados adicionais. De 90 anos em diante, 80% não conseguirá se manter sem apoio de cuidadores.

Quer se queira ou não, estabelecimentos específicos para acolher VIPPES surgirão em todo o País na maioria dos municípios. A idade deverá ser fator decisivo na formatação desses estabelecimentos. Dezenas de aspectos deverão servir de referência para que tais estabelecimentos conquistem a confiança e simpatia dos VIPPES e dos seus responsáveis (filhos, parentes, amigos, Estado).

Sugestão de nome identificador: Condomínio VIPPES Leonardo da Vinci, Condomínio VIPPES Oscar Niemeyer, Condomínio VIPPES Madre Tereza de Calcutá, e assim por diante.

Condomínio porque provavelmente será o melhor sistema para reduzir o custeio. Profissionais diversos poderão atender todos os abrigados e a maior parte dos problemas será comum em todos. Condomínio tem uma aceitação melhor porque as pessoas estão acostumadas com a palavra que possui um sentido positivo, normalmente bem aceito.

Em princípio, a resistência será menor. Ir morar em um condomínio é melhor que ir para um asilo, uma instituição de longa permanência, uma casa de repouso ou um residencial para terceira idade (que trata da mesma maneira VIPPES de idades e problemas diferenciados, além do desagrado da expressão “terceira idade”).

O Portal tratará dos outros aspectos em próximos artigos.

G. Hansen Jr.

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