- 07 de abril de 2019

O mundo dos VIPPES

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Em uma sociedade que, de maneira surpreendentemente veloz vai se tornando envelhecida, a cultura surge como uma característica decisiva para a pacificação das incertezas sociais causadas pela transição etária.

o mundo dos vippesAs manifestações culturais apresentam-se sempre com as cores das classes mais destacadas quantitativamente na sociedade. Em todas as épocas os movimentos culturais serviram como instrumentos de escape para frustrações sociais e até mesmo como armas para sustentação de governos contrários às aspirações das classes mais numerosas.

De uma forma ou de outra, a cultura acaba se firmando como manifestação de um momento, de uma fase na história de um povo.

O País está em processo de envelhecimento populacional acelerado. Os VIPPES aumentam substancialmente a sua participação no composto etário em um processo irreversível a curto e médio prazo. O século XXI inverte a composição demográfica do século anterior. Como se estabelecerão os movimentos culturais dessa nova realidade? Quais as linhas mestras que vão nortear as demonstrações do conhecimento humano nas artes, na música, no cinema, na literatura, nos espetáculos que arrastam multidões?

Até agora os jovens ditavam a “moda” cultural. Agora os VIPPES vão alargando a sua participação na busca, plantação e colheita cultural. Quais movimentos terão maior interesse dos VIPPES? Em que aspecto cultural eles terão mais facilidade, vontade ou condições de presença? Como ficará a música? O rock vai se manter? O samba continuará reinando no Brasil? Voltará a bossa nova? E a música sertaneja?

Os VIPPES passaram por vários desses ritmos e manifestações musicais. Permanecerão fiéis aos gostos da juventude ou preferirão novas experiências? Como seus ouvidos estarão dispostos a sentir o que sentiam quando os decibéis eram, efetivamente,  “música” apenas e não barulho melodioso? E o teatro? Será ainda uma fonte de prazer? Será que a televisão continuará a segurar audiência com novelas repetitivas de roteiros surrados? Como deverão se construir as casas de espetáculos?

Para quem serão desenhadas? Para os 100 milhões de VIPPES do ano 2050?

Só para o pessoal de 60 anos em diante, seriam necessários 40 milhões de lugares para todos ficarem sentados em 2030. Se a preferência fosse para crianças até 14 anos, bastariam 36,7 milhões de poltronas nesse mesmo ano. E se a construção for para 2050, então seriam necessários 64 milhões de assentos para os VIPPES de 60 anos em diante e menos de 29 milhões para crianças até 14 anos ou para toda a população até 24 anos que não passará de 51 milhões de crianças e jovens.

Que formidável oportunidade para repensar a cultura em todas as suas manifestações, meios de apresentação, formas e locais. Quantas oportunidades fantásticas para o renascimento dos VIPPES como parte essencial de um mundo impossível sem eles.

Germano Hansen Jr.

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