- 06 de abril de 2019

Transição para a Imortalidade

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Uma das principais características da juventude é a ausência de preocupação com o futuro distante. É compreensível mas não impede de se realizarem gigantescos programas de educação para focar o envelhecimento ativo.

O jovem, no expoente de suas condições físicas e mentais, não gasta suas visões do futuro para imaginar como vai estar de saúde, aparência e perspectivas de vida.

Em boa parte da história do homem era correto entender que a idade avançada era uma expectativa que alcançaria parcela pequena da sociedade por motivo de guerras, pestes, intempéries e um certo sentido de imprevisibilidade impossível de controlar.

Agora o mundo está diferente, profundamente diverso de algumas décadas atrás. Nós sabemos como vai ser o futuro menos distante. A construção do mundo de 2050 já foi iniciada no comecinho deste século XXI.

Na Saúde, nós agora sabemos quase exatamente como estaremos organicamente aos 80 anos ou mais. Logo mais nós conseguiremos dominar totalmente o DNA e provavelmente eliminar algumas anomalias que degeneram os componentes celulares. Não é utopia concluir que a mortalidade se torne uma quimera talvez até desejável em algum instante.imortalidade03O que é real neste momento é que ainda teremos duas ou três gerações que terão de enfrentar a transição tecnológica que vai diferenciar os homens mortais dos “novos homens imortais”.

Esse é o grande desafio da sociedade deste século: como fazer o convívio dos bilhões de seres ainda mortais com a ainda minoria que desconhecerá a morte?

O que era tema de ficção científica em obras que identificavam a natureza imaginativa do ser humano torna-se agora um tema obrigatório em todos os institutos e governos que projetam as necessidades iminentes de uma sociedade dinâmica.
Imagine-se um jovem cheio de vida e de sonhos aos 16 anos, chegar aos 40 anos e verificar que a degeneração celular natural vai ser impeditiva de conseguir a imortalidade porque não se cuidou como devia a partir do nascimento.

A Terra estará povoada por 8 bilhões de pessoas que vão morrer de velhice. A maioria terá mil dificuldades para viver o fim com dignidade. Simultaneamente, crianças “de laboratório” irão ocupando os espaços e ao final de um século, haverá centenários-jovens e centenários terminais, estes já com túmulos prontos para uso.

A melhor maneira de efetivar a transição passa por duas áreas principais: a psicológica e a fisiológica com interdependência total entre elas.

Se os jovens de agora forem conveniente e adequadamente orientados, a convivência será melhor e a tristeza e a decepção, minimizadas.

Alguém poderá alegar que o homem descobrirá também uma forma de tornar os mortais em imortais. Com certeza não se deve cultivar a impossibilidade, mas é muito pior criar ilusões definitivas. Criar imortais é mais lógico que modificar a natureza definida dos mortais. A degeneração celular é fato. O retorno ao passado é questão de domínio do tempo e o homem não pode mudar o tempo que é universal. A pretensão do homem não pode ser maior que o universo intangível.

Entretanto, evitar que uma célula degenere ou que se transforme (como no câncer) já é obtenção comprovada em laboratórios de pesquisa. Espermatozóides e óvulos cuja vida era efêmera, já podem ser imortais. E a estrutura da vida começa com essas células.

Houve época em que a poliomielite dizimou milhões de crianças e depois de adquirida só “milagres” salvavam vidas. Sabin praticamente riscou a poliomielite da face do planeta. As crianças do último quarto do século XX se tornaram “imortais” para esse mal.

Enquanto a imortalidade prática não chega, o envelhecimento ativo, o envelhecimento dos VIPPES, tem que se tornar o principal trabalho dos governos de todas as nações mais desenvolvidas e o Brasil não pode ficar atrás.

Os jovens precisam saber o que vai ocorrer com sua saúde e se prepararem para administrar o futuro. Os VIPPES que não tiveram a orientação certa no momento certo, ainda podem conviver melhor com as dificuldades inevitáveis que terão de enfrentar.

A hora é já! Nem um minuto mais deve ser perdido!

G.Hansen Jr.

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