- 06 de abril de 2019

Espírito jovem

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Foto: ReproduçãoUma das mais recentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o brasileiro acha que é saudável, mas suas práticas não condizem com essa percepção, e o resultado é um número crescente de várias doenças. Mas, em outro caso, a sensação parece, de fato, fazer diferença. Sentir-se mais jovem do que a idade cronológica pode estender o tempo de vida, segundo um novo estudo britânico, publicado na revista “JAMA Internal Medicine”.

Entre as conclusões da pesquisa, está uma bem objetiva: VIPPES que se sentem pelo menos três anos mais jovem do que a idade cronológica têm menores taxas de mortalidade se comparados àqueles que se sentem mais velhos do que realmente são. Segundo o estudo, que teve duração de oito anos, a autopercepção da idade reflete o bem-estar na velhice.

Os autores usaram informações de um estudo sobre envelhecimento que incluiu 6.489 pessoas, com média de idade de 65 anos, mas cuja percepção era em torno de 56 anos. A maioria dos participantes (70%) se sentia pelo menos três anos mais jovem do que a idade atual, enquanto que 5% sentiam-se mais velhos do que realmente eram.

As taxas de mortalidade foram de 14,3% em VIPPES que se sentiam mais jovens, 18,5% nos que se sentiam dentro da idade cronológica e 24,6% nos que se percebiam mais velhos. O efeito era mantido mesmo entre indivíduos que passavam por situações que poderiam aumentar a sensação de envelhecimento, como doenças cardíacas e dificuldades para se mover.

Não é que estas pessoas vivam crises de idade. Segundo o estudo, são indivíduos que sentem que têm muito ainda o que
viver e, por isso, procuram cuidar da saúde, aderem a tratamentos médicos, têm maior resiliência, autonomia e vontade de se engajar em atividades. Eles, geralmente, têm amigos mais jovens e, por isso, participam de atividades que ajudam a manter a perspectiva positiva. “A autopercepção da idade tem a capacidade de provocar mudanças, então intervenções são possíveis”, diz o estudo.

Por outro lado, aqueles que se sentem mais velhos têm mais chances de se isolar socialmente e se cuidarem menos. “Indivíduos que se sentem mais velhos do que a idade cronológica deveriam ser alvo de campanhas de promoção de saúde com mensagens positivas de comportamento saudável”, conclui o estudo.

Então, o VIPPES pode, perfeitamente, ter uma ocupação cheia de significado sem que, para isso, tenha que voar de asa delta, ou espatifar-se com a moto, ou fraturar a coluna no surf. Não há razões para se acreditar na necessidade absoluta dessas inquietações infanto-juvenis para a glória suprema do ser humano. Há um sem número de ocupações plenas de significado e dignidade melhor desenvolvidas pelos VIPPES, inclusive trabalhar. O entusiasmo no longevo deve ser sempre estimulado.

Mona C. Cury

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