- 05 de abril de 2019

Ciência não é brinquedo

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No dia 2 de janeiro de 2014, uma importante emissora de televisão apresentou em seu jornal diurno, uma informação sobre os VIPPES que adotaram a Internet. E com estatísticas.

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Naturalmente um noticiário televisivo não tem características de trabalho científico e, portanto, não pode ser criticado pela fonte dos dados.

A informação de confiabilidade insuficiente chamava a atenção para uma observação que revelava que VIPPES estão gastando mais tempo na Internet que os jovens.

Até é possível que isso aconteça, mas com certeza em determinadas situações e circunstâncias. E é aí que reside a questão deste artigo.

Algumas VIPPES foram entrevistadas e disseram que tinham receio de mexer em computadores, mas que acabaram se rendendo a eles graças ao apoio de netos ou sobrinhos. A partir do conhecimento dos princípios básicos partiram para as pesquisas do que a Internet realmente poderia oferecer de interessante.

Acabaram encontrando notícias, informações e lazer. Descobriram que de maneira simples, rápida e agradável o mundo aparecia em suas mãos e olhos como nunca haviam imaginado.

Em vez de ficarem na janela vendo o movimento nas ruas ou permanecerem na frente da televisão ou mesmo fazendo caminhadas para passar o tempo, agora a Internet se tornava a melhor companhia.

Qualquer estatística formulada a partir dessas entrevistas é inadequada.

Para demonstrar a importância dos VIPPES na nova sociedade é sempre interessante apresentar fatos marcantes, mas é preciso que eles tenham fundamento técnico, que sejam válidos como representativos efetivamente.

O Portal VIPPES Negócios advoga a necessidade de grupos empresariais e de serviços utilizarem institutos de pesquisa públicos ou privados de qualidade e responsabilidade e principalmente ligados ao mundo acadêmico.

Profissionais habituados com as normas de pesquisa científica podem apresentar propostas convenientes que uma vez aceitas e realizadas proporcionarão a tomada de decisões empresariais com grande margem de segurança.

Tendo como base a notícia divulgada no dia 2 de janeiro, várias questões precisam ser levantadas considerando os quarenta e três milhões de VIPPES atuais (43.172.040 conforme o VIPPESÔMETRO do Portal VIPPES Negócios do dia 3 de janeiro):

– Qual a proporção efetiva de VIPPES que conhecem informática?

– Qual o nível de conhecimento que possuem?
– nenhum
– por ouvir ou ler alguma coisa
– muito pouco
– tem curso de informática
– trabalhou ou trabalha com computador
– é usuário constante

Essas questões, para terem valor como pesquisa de mercado, teriam que ser distribuídas de acordo com sexo, idade e classe socioeconômica. Os dados, confiáveis, estão disponíveis no site do IBGE.

O nosso objetivo neste artigo não é ministrar curso de pesquisa de mercado, mas apenas deixar claro que não basta aos órgãos de comunicação transmitir informações sem DNA porque podem provocar e causar decisões erradas.

Por exemplo, duas das entrevistadas não tinham nenhuma atividade formal e apresentavam possibilidade de tempo, saúde, recursos financeiros, apoio familiar e capacidade para se tornarem usuárias da Internet. Mas essa não é a normalidade. Entretanto, qual é a normalidade?

Resposta: tem que pesquisar. E tem que saber pesquisar.

Normalmente uma pesquisa de mercado levanta muitas informações e, portanto uma pesquisa bem planejada e conduzida aproveitaria também para fazer um levantamento de expectativas dos VIPPES.

Assim, aqueles que já utilizam a Internet o fazem para quê? E quanto? Pretendem alterar alguma coisa? O que gostariam de encontrar na Internet?

E qual a perspectiva para aqueles que ainda não conhecem? Têm intenção de ainda utilizar? Quando? Como farão isso? Com que recursos? O que pretendem buscar ou ter da Internet?

E assim vai! Uma boa estatística é aquela que nos permite identificar o público alvo, conhecer sua maneira de viver, seu gosto, seu motivo e sua pretensão.

Resultado da reportagem do dia 2 de janeiro na televisão: curiosidade, só!

Valor de mercado: zero!

Nada muito diferente da maioria de tudo que está na Internet: curiosidade, só! Valor de mercado e de crescimento intelectual: zero!

G. Hansen Jr.

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