- 05 de abril de 2019

Fisioterapia VIPPES

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Academias esportivas que pareciam ser redutos da juventude ansiosa pela busca de mais beleza, saúde e energia, vão se tornar centros de encontro de VIPPES que buscam mais qualidade de vida.

Os VIPPES de todas as idades alongaram a esperança de vida nas últimas décadas. A longevidade não eliminou, entretanto, o envelhecimento pessoal. O ser humano que, tinha uma esperança de vida de 45 anos na década de 1940, hoje passa dos 74. Mas tanto aquele com 45 quanto o outro com 74 anos de esperança de vida, apresentam igual ciclo vital, com nascimento, crescimento, maturidade e morte. Enquanto não for descoberta a fonte da juventude eterna, a longevidade pode ser alongada, mas o ciclo vital não pode ser alterado.

A medicina, com seus novos recursos diagnósticos e terapêuticos, adicionam muitos anos na perspectiva de vida de todos aqueles que nascem agora e que vão nascer até o final deste século. Mas não se trata apenas de somar mais anos e sim tornar esses anos tão bons ou quase tão bons quanto os anteriores. Um dos aspectos que mais dificulta a manutenção da atividade normal ou quase normal nos VIPPES é a mobilidade. Problemas de rarefação óssea, degeneração nas articulações, na coluna vertebral, no esqueleto em geral, provocam dificuldades de movimento que impedem a vida normal, o ir e vir sem barreiras físicas orgânicas.

Aí entra a Fisioterapia ou Educação Física como a grande aliada da longevidade, quer seja ciência ou técnica utilizada para o estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, lesões ou disfunções cinéticas de órgãos. Geralmente VIPPES que percebem alguma dificuldade, dor ou perda de mobilidade em algum membro ou órgão vão atrás de atendimento médico.

Abaixo, uma “solicitação” de conceituado médico especialista em ortopedia, traumatologia e patologia da coluna vertebral em São Paulo, para um paciente com patologia cervical (nomes do médico e paciente, preservados).

fisioterapia_vippes

Diretamente ou através de recomendação médica, muitos VIPPES são encaminhados para academias para a realização de exercícios específicos.

Estão esses estabelecimentos preparados para atender adequadamente os VIPPES?
Um dos problemas é entender o que é uma academia e o que é uma clínica de fisioterapia. A finalidade principal da primeira tem sido a preocupação com o lado mais estético corporal de homens e mulheres. Nas clínicas de fisioterapia o objetivo é restaurar ou recuperar funções orgânicas.

Dezenas de pesquisas são realizadas em academias em todo o País para o levantamento de características funcionais e estruturais desses estabelecimentos que proliferaram em grandes e pequenas cidades.

Entre muitas, destacamos:

         “A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA EM ACADEMIA DE GINÁSTICA
(CASTILHO, A.G). SANTOS. R.Cf.: ALMEIDA. R.M\; SOUSA. AL 2 ; ASSIS. A.S:- Acadêmica do 7° período do curso de Fisioterapia da UFPB; bolsista do CNPq/PIBIC;- Acadêmicas do 7o período do curso de Fisioterapia da UFPB. alunas voluntárias: •’- Professor orientador. Mestre em Fisioterapia pela New York University; ministrante das Disciplinas Cinesiologia e Biomecânica: Ilidro e Mecanoterapia do curso de Fisioterapia da UFPB.

UFPB/Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Fisioterapia. CNPq / PIBIC.

Visto que nas academias de ginástica os exercícios são generalizados e sem orientação específica, o que acarreta danos, por vezes irrecuperáveis ao aluno, foi realizado um estudo de pesquisa em uma academia de ginástica a fim de comprovar a importância da atuação da fisioterapia nestes estabelecimentos.

Foram avaliados 160 alunos, de ambos os sexos e idade variada, cujo instrumento utilizado foi uma ficha de avaliação a qual colhia resultado sobre o estado físico geral do aluno. A amostra foi dividida, onde 50% dos alunos foram acompanhados e orientados de acordo com suas necessidades durante 5 meses, e os demais não receberam qualquer orientação de nossa parte, participando apenas da reavaliação realizada após os 5 meses de orientação e acompanhamento que apresentou como resultado o agravamento de alterações posturais detectadas durante avaliação: recidivas de bursites, tendinites, luxações; aumento nas crises de artrose, osteoporose; surgimento de condromalácia patelar, lesões ligamentares e contraturas musculares nos alunos não orientados. Nos demais não foram detectados o agravamento de patologias nem o surgimento de anormalidades.

Assim, destacamos a atuação do fisioterapeuta em uma academia de ginástica em tempo integral, objetivando a prevenção e orientação do desgaste ósteo-mio-ligamentar”.

Em outro estudo, extraímos um comentário interessante:

“No entanto existem entre os estudiosos de academias de ginástica aqueles que desacreditam em seus potenciais da maneira como vem sendo praticado. Para
Marcellino (1999) as chamadas “Academias de Ginástica” são alvos de polêmica entre os profissionais de Educação Física. Algumas das principais Faculdades da área
desconsideram ou consideram pejorativamente esses locais para a prática de atividades físicas, que, consequentemente, na sua grande maioria, ficam relegadas a profissionais
que não detém possibilidades de domínio de filosofias de trabalho, ficando restritos a meros repetidores de técnicas, isso quando os profissionais que atuam têm formação na
área”.
E ainda outra consideração que vale para dar cores ao mapa das academias:

“No presente trabalho procurou-se evidenciar que as academias de ginástica constituem um fenômeno social da realidade brasileira atual. Ao mesmo tempo em que atendem ao apelo do desenvolvimento da boa forma física, crescem as aplicações de natureza médica, associando-se às recomendações de ordem terapêutica, com ênfase na fisioterapia”.

Também lemos outro bem elaborado estudo:

“RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR ENTRE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FISIOTERAPEUTAS EM ACADEMIAS DE GINÁSTICA

Ana Carolina Araújo Vaz, Luciana Morais Signorini, Anderson Aurélio da Silva

Resumo: Contextualização – Educador físico e fisioterapeuta compartilham o ambiente de trabalho em academias, supostamente, estão em situação propícia para o trabalho interdisciplinar. Objetivo – analisar a existência de relação interdisciplinar entre esses profissionais em academias de Belo Horizonte e detectar as características dessa relação. Métodos – Foi realizado estudo transversal, baseado na aplicação de questionários aos fisioterapeutas e educadores físicos de 29 academias de Belo Horizonte. Resultados – Identificaram-se fatores que podem ser responsáveis pela falha na relação interdisciplinar entre esses dois profissionais nas academias, tais como desconhecimento sobre as funções do colega de trabalho, sendo que fisioterapeutas estão realizando avaliações físicas enquanto programas de treinamento estão sendo elaborados de forma isolada pelo educador físico. Quanto ao perfil da amostra, os fatores que podem ter influenciado são a diferença estatisticamente significativa entre os sexos (p=0,001), sendo que 65,5% dos fisioterapeutas eram do sexo feminino e 79,3% dos educadores físicos eram do sexo masculino; tempo de trabalho na empresa (p=0,07), no qual a média dos fisioterapeutas era de 2,6 anos enquanto a dos educadores físicos era de 4,5 anos e vínculo empregatício, sendo que 86,2% dos educadores físicos possuíam carteira assinada enquanto 82,8% dos fisioterapeutas não possuíam vínculo formal com a empresa (p=0,01). Encontraram-se ainda déficits no conceito teórico de interdisciplinaridade, no qual poucos profissionais pensavam no aprendizado e enriquecimento profissional de ambos. Conclusão – A relação que ocorre entre estes dois profissionais está em desenvolvimento, com tendência de ainda se apresentar desarticulada”.

Conforme se constata, há problemas de estrutura humana nas academias e os usuários não são atendidos de maneira adequada. Quando médicos orientam pacientes a procurarem uma academia, certamente contam com um serviço de alto nível.

Daqui para frente, as academias terão que se aperfeiçoar para se tornarem muito mais que salões de ginástica para embelezar corpos e sim sensacionais centros de mobilidade para os milhões de VIPPES ativos, porém, com algumas dificuldades, parcial ou totalmente sanáveis.

Marilza M. Sanctis

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