- 07 de abril de 2019

A Hora de Morrer

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Uma das grandes polêmicas neste século é a liberdade de decisão com respeito à hora de morrer quando as condições de vida se tornam pouco humanas e ainda menos dignas. E os casos crescerão em volume nunca imaginado.

a_hora_de_morrerSe no século XX, a prática indicava que a partir dos 60 anos a esperança de vida era substituída pela espera da morte, agora é a vida que se estende em direção rápida para os 100 anos e já não se afasta como ficção, a imortalidade.

Também é certo que a maioria dos VIPPES estará em condições de viver bem e com a saúde relativamente adequada e adaptada a novos padrões tecnológicos de apoio e tratamento.

Mas sempre haverá aqueles que não terão a mesma sorte, seja por doenças, acidentes ou  circunstâncias não administráveis inteiramente.

Um jovem que se acidentou e permanece com a vida sustentada por aparelhos se transforma em um pesadelo para a família e para os amigos. À medida que o tempo passa e o jovem não retorna à normalidade, quase todos retornam às suas atividades normais e seguem acompanhando cada vez de mais longe o drama interminável.

É a juventude da vítima que ainda mantém um fio de esperança na mudança da situação.

Quando o problema acontece com VIPPES que já não apresentam a mesma capacidade regeneradora orgânica, o resultado final é a morte de forma quase inexorável.

Boa parte dos VIPPES são conscientes das suas perspectivas de vida  e dos problemas pelos quais terão de passar.

Muitos não querem viver nas condições de vegetais dependentes apenas de sofisticados dispositivos técnicos sem alma e sem sentimentos.

Muitos não desejam sofrer as humilhações que evitaram a vida inteira, isto sem falar nas dores inobserváveis pelos que assistem a sofrimentos inenarráveis e inimagináveis.

Às vezes nas melhores das intenções e às vezes por egoísmo e ausência da noção de realidade, decide-se pela manutenção da vida contra a lógica e contra o bom senso.

E muitos VIPPES que não podem comunicar a sua vontade, quando conscientes desejam apenas que a energia acabe para que alcancem a paz quando os aparelhos deixarem de funcionar.

Não deveríamos admitir que, no limiar da transição etária que vai aumentar extraordinariamente a participação dos VIPPES na nova sociedade, se institua na Constituição um artigo que permita aos VIPPES a decisão antecipada de não autorizar a utilização de equipamentos para manter a vida?

G. Hansen Jr.

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