- 05 de abril de 2019

Longevos pobres?

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Após o estouro da crise econômica nos EUA e Europa, governantes afirmam que a longevidade nem sempre significa qualidade de vida para os VIPPES. Será? Isso não pode se transformar em realidade.

longevospobres01As nações ricas tiveram mais tempo para planejar a longevidade de seus cidadãos. Na França, o aumento do número de Vippes com mais de 65 anos em relação à população total levou mais de 100 anos para passar de 7% para o patamar atual, de 17%. Os países em desenvolvimento terão de se preparar num prazo muito mais curto para o tsunami que está se aproximando.

Além do aumento substancial no número de Vippes, vários países emergentes, como China e Brasil, vão enfrentar índices de natalidade cada vez mais baixos, segundo o Centro de Pesquisas para Aposentadoria da Universidade de Boston. Nesse sentido, não há muito espaço para otimismo: se os Vippes estão sofrendo nos países ricos, é de imaginar o quanto difícil será a vida deles nos países mais pobres. As empresas, as indústrias, enfim, o mercado de trabalho precisa acordar. Vippes sabem que o ócio é a oficina do diabo.

Assim, para escapar desta situação, a humanidade terá de voltar no tempo. Há um século, 75% dos Vippes nos Estados Unidos e na Europa trabalhavam. O desafio de países em diferentes estágios de desenvolvimento hoje é elevar a idade de aposentadoria sem que isso queira dizer trabalhar até o fim da vida ou exercer atividades não indicadas para Vippes. Do ponto de vista das contas públicas e das finanças pessoais, essa é a melhor receita para um final feliz. Mas, sempre é bom lembrar: quando se fica muito tempo sem trabalhar e sem produzir, no final acaba enfrentando uma luta feroz com a vida.

Diante dessa situação, Taro Aso, ministro das Finanças do Japão, e François Hollande, presidente da França, escolheram caminhos tortos e irresponsáveis. Em janeiro deste ano, o japonês teve a coragem de sugerir que o governo “desse condições para que os Vippes morram rapidamente”, como uma forma de diminuir a pressão fiscal do sistema de saúde. Já, o político francês logo, após assumir a Presidência, reduziu a idade mínima de aposentadoria de 62 anos para 60 anos.

“Estamos no século 21 tentando resolver os problemas sociais com armas do século 19, quando o alemão Otto von Bismarck criou o primeiro sistema de previdência”, diz Alexandre Kalache (maior autoridade em política do envelhecimento no mundo), ex-diretor do Programa de Envelhecimento e Ciclo de Vida da Organização Mundial da Saúde, e atual¬ presidente do Centro Internacional da Longevidade, no Brasil.

A decisão de Hollande foi saudada por seus eleitores, mas o próprio governo reconhece que o déficit da previdência cresce… em cinco anos, deverá pular de 14 bilhões de euros para quase 19 bilhões. O gasto médio com previdência na União Europeia é de 10% do PIB.  Existem casos como o da França e o da Itália em que o gasto chega a 14%.

Trabalho, trabalho e mais trabalho

Alguns países da Europa, onde a cada ano dois milhões de pessoas ultrapassam a barreira dos 60 anos, já acordaram para o problema. A Holanda anunciou recentemente que a partir de 2023 só poderão se aposentar cidadãos com mais de 67 anos, mesma idade adotada na Alemanha, que tenta agora elevar a linha de corte para 69 anos.

Além de aumentar a idade mínima, vários governos estudam formas de incentivar as empresas a abandonar as aposentadorias compulsórias e contratar Vippes. Até recentemente, para cada dez pessoas que entravam no mercado de trabalho mundial, uma se aposentava. Nos próximos 40 anos, se as leis não forem alteradas substancialmente, a proporção será de um para um.

A parcela de Vippes da população mundial, um grupo de cerca de 500 milhões de pessoas hoje, deve chegar a 1,5 bilhão em 2050. Nos países ricos, a expectativa de vida vem crescendo desde 1840 a uma taxa constante de cerca de dois anos e meio a cada década.

Na maioria dos países em desenvolvimento, a expectativa de vida está aumentando, nas últimas décadas, numa velocidade ainda maior, aproximando-se da média dos países desenvolvidos. Mas há uma grande diferença.

As nações ricas tiveram mais tempo para planejar a velhice de seus cidadãos. Na França, o aumento do número de Vippes com mais de 65 anos em relação à população total levou mais de 100 anos para passar de 7% para o patamar atual, de 17%.

Lembrando que, os Vippes têm pressa, muita pressa… os países em desenvolvimento terão de se preparar num prazo muito mais curto para, claro, aceitar e valorizar a enorme contribuição dos longevos em toda abrangência do mercado.

Mona Cury

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