- 07 de abril de 2019

Substituição etária, simplesmente!

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esperana_de_vida_em_2045Em marketing é possível afirmar que a nova realidade etária é simplesmente uma substituição etária, simplesmente! Alguns especialistas acham que o mercado para jovens é substancialmente mais atrativo e dinâmico do que o eventual novo mercado para idosos.

Não existe nenhuma razão lógica para essa “conclusão” preconceituosa. Talvez fosse mais aceitável o contrário: o mercado para idosos é muito mais volumoso e inovador.
Volumoso porque aumenta diariamente enquanto o de crianças e jovens diminui em proporções maiores. É mais volumoso ainda quando a análise se alonga no tempo: o de VIPPES será o maior mercado deste século XXI.

E por que o mercado dos VIPPES é mais inovador? Muito mais inovador que os demais? Por que há milhares de novas necessidades a serem atendidas em todos os campos da atividade humana.

Em toda a história da civilização até poucos anos atrás, as crianças e os jovens dominavam a demografia etária. Produtos e serviços para essa turma eram imprescindíveis e inadiáveis. Alimentos, roupas, brinquedos, serviços de saúde, educação, entretenimento e uma infinidade de novidades tiveram como alvo principal a infância e a juventude. O marketing, através da propaganda e publicidade, deu sustentação ao endeusamento da garotada, dos adolescentes e dos adultos jovens como os objetivos primeiros para a felicidade geral.

A sociedade compreendia e sempre aceitou a preferência pelas crianças e jovens como fator positivo de satisfação emocional. A racionalidade também justificava a seleção. Nenhuma nação se desenvolveria sem a formidável reserva populacional que crescia até exigir mecanismos de controle da natalidade para evitar a superpopulação, hipótese causadora de pesadelos e até de justificativa para a conquista do espaço sideral. Temia-se que o planeta não teria condições de abrigar mais gente!

E aí começa a acontecer de maneira muito rápida a mudança no comportamento geral da sociedade: a natalidade e a expansão populacional deixam de ser essenciais no planejamento pessoal e público. A qualidade de vida e o bem estar se tornam o sonho ideal. A explosão demográfica de Malthus falhou como acontece com rojão molhado.

E aí se inicia o novo ciclo da evolução populacional: o envelhecimento.
O palco etário vai sendo ocupado por pessoas mais velhas. E aqui se nota uma formidável transformação. Em menos de um século, a esperança de vida passa de 40 para 80 anos. No Brasil, no início da década de 1940, a esperança de vida era de 42 anos e em 2015 chega aos 75 anos e vai continuar a aumentar daí para frente.

Essa metamorfose é a alavanca que cria a nova sociedade de design e consumo. Os velhos de 42 anos não apresentam nenhuma similaridade com os VIPPES de 75 anos de hoje. Os centenários do século XXI não são os exemplares raríssimos do século passado. Hoje já estão deixando de ser apenas um traço nas estatísticas demográficas. Passam a constituir um grupo específico com características bem definidas e se tornam um nicho de mercado. Pessoal de 90 anos em diante que no Brasil em 2000 era composto por 284 mil pessoas, em 2015 chega a 539 mil pessoas.

Em termos de mercado, esse “fechado” grupo de VIPPES brasileiros de 90 anos em diante, é maior que o da população total de cada um de 32 países componentes da ONU (Organização das Nações Unidas), tais como Luxemburgo (486 mil), Suriname (476 mil), Maldivas (386 mil) e Islândia (304 mil).

E o que esse meio milhão de VIPPES precisa para continuar a viver com qualidade?

Precisa de tudo, desde alimentos e roupas até serviços de todas as naturezas. E aí é que reside o problema atual e que se tornará dramático nos próximos anos: não há nem produtos e nem serviços adequados em quantidade e qualidade.

Esse grupo depende de geriatras, não porque sejam doentes, mas sim porque a idade mais avançada depende de atenção mais específica para suas características. E o Brasil tem um déficit atual de geriatras estimado em mais de 9 mil profissionais. A insuficiência se registra em todas as atividades que prestam ou deveriam prestar atendimento a essa classe etária.

No campo de produtos e bens a disponibilidade é ainda pior. Equipamentos médicos, nutricionais, medicamentos, produtos para higiene, alimentos e o mais que se pensar não são produzidos para esses VIPPES. Excepcionalmente alguma coisa existe para 1% dessa população (pouco mais de 5 mil pessoas) de classe social A. Produtos importados em sua maioria.

É um mercado fabuloso. Em dez anos chegará a um milhão de pessoas e em 2060 superará 5 milhões. E nesse período todo, menor quantidade de crianças nascerá dentro do grupo etário abaixo dos 21 anos que estará murchando como nunca o mundo imaginara.

G. Hansen Jr.

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