- 03 de abril de 2019

Cadê os novos planos de saúde?

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O Brasil tem cerca de 45 milhões de participantes nos planos privados de seguro ou assistência/saúde. Neste total está incluída a população de 50 anos em diante. Como está o atendimento?

cade_os_novos_planos_de_saudeA saúde é um dos estrangulamentos no sistema de atendimento às necessidades de toda a população. O atendimento estatal é insuficiente além de deficiente. As empresas da iniciativa particular já são responsáveis pelo atendimento de quase 25% da população atual e já demonstram dificuldades crescentes na prestação dos serviços. Demora no atendimento, nível inadequado de médicos e hospitais, mensalidades acima da qualidade de serviço prestada e outras deficiências acabam preocupando todos.

Imagine-se o que se pode esperar do atendimento dos planos de saúde/convênios médicos particulares nos próximos anos com o aumento acelerado da população de idosos se não houver melhora estrutural desde agora? Há diferenças gritantes entre potenciais pacientes idosos e aqueles com menos idade. Nestes, a maternidade e a pediatria refletem a maior procura e continuidade de atendimento. Nos idosos os maiores problemas ocorrem em função de doenças crônicas e das quedas e suas consequências. Em ambas as classes a hospitalização e as emergências criam problemas de custo e de logística.

Atualmente a grande maioria dos planos de saúde opera com uma carteira de clientes com forte participação da classe intermediária entre crianças e idosos e que apresenta um menor índice de utilização de serviços médicos e hospitalares. Parte considerável desses clientes mais “saudáveis” entra nos chamados sistemas de adesão onde paga mensalidades menores e que significa mais um seguro-saúde para casos inesperados.

Essa bolha que não estoura é utilizada como sustentação das demais classes que pagam valores maiores, mas ainda assim insuficientes para atender a realidade. Essa constatação contábil explica a dificuldade financeira quase crônica da maioria dos planos de saúde.

Aí está uma grande oportunidade para a realização de melhor atendimento e muitos negócios. É preciso mudar a maneira de estruturar a operacionalidade dos planos de saúde no Brasil.

Em primeiro lugar é fundamental que se estabeleça uma avaliação adequada das necessidades de cada classe de potenciais pacientes entre os clientes dos planos de saúde. Crianças precisam de um atendimento completamente diferente de pacientes adolescentes e jovens e mais ainda de pacientes idosos. O sexo masculino jovem e de meia-idade está menos sujeito a problemas de saúde que o sexo feminino por razões biológicas e não sociológicas.

Como o tema se refere aos idosos, estes necessitam muito mais de orientação preventiva para evitar ou para controlar mais adequadamente a instalação de problemas de saúde.

A quase totalidade dos homens terá problemas de próstata, mas a grande maioria não recebe e nem faz nenhuma prevenção e dirigem-se a médicos apenas quando já não conseguem aguentar mais os sintomas.

A osteoporose só acaba sendo percebida em homens, mas também em parte das mulheres, muito tempo depois das melhores possibilidades de reversão e tratamento.

O mesmo acontece com a hipertensão arterial, a diabetes, a degeneração cartilaginosa e óssea nos dois sexos.

Estabelecida a real necessidade da classe dos VIPPES, os planos de saúde poderiam e deveriam determinar metas de prevenção obrigatórias para os conveniados.

Essa obrigatoriedade poderia ser reforçada e estimulada através de flexibilidade positiva nos custos das mensalidades. Expliquemos:

Todo conveniado homem de 50 anos em diante teria que realizar exames preventivos de próstata e osteoporose, por exemplo. Se realizar, terá um desconto de x% na mensalidade; se não atender a exigência poderá ter um acréscimo legal em sua mensalidade (reajustes anuais para conveniados que fazem prevenção seriam sempre menores do que para aqueles que não fazem).

Essa obrigação da prevenção com incentivos financeiros proporcionaria um excelente retorno também financeiro porque permitiria economia na mensalidade e com certeza economia em procedimentos que não mais seriam necessários no futuro. Melhor ainda que o lucro econômico/financeiro será o ganho em qualidade de vida porque com a prevenção, muitas dificuldades patológicas serão evitadas e isso significará mais tempo produtivo e  maior longevidade.

Os convênios e planos de saúde que quiserem se tornar referência nos próximos anos podem começar já a planejar o marketing da transição etária. Vai render muito para todos os envolvidos.

Germano Hansen Jr.

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