- 04 de abril de 2019

Prevenção aos 50 ou 40 anos?

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Essa é uma questão que divide a classe médica e os profissionais de saúde em geral. Todos apresentam argumentos aceitáveis para justificar posições. Afinal, há como definir a idade mais adequada para a prevenção?

prevenção aos 50 anos

Se um investidor desejar colocar dinheiro em serviços ou produtos indicados para a prevenção da saúde de VIPPES e saber o volume de potenciais clientes, uma das primeiras perguntas que fará é sobre a idade em que deve se iniciar a prevenção.

Não é conveniente tentar resolver em um único artigo uma questão que tem ocupado anos de debates e estudos em todos os campos onde trabalham profissionais de saúde e de outras especialidades.

A literatura científica e técnica a respeito é vasta e boa parte dela apresenta considerações que fazem da questão um extraordinário terreno para o desenvolvimento de novas interpretações.

Para efeito prático, a sociedade em processo de rápido envelhecimento populacional necessita de alguns parâmetros para poder providenciar medidas que minimizem dificuldades que, com certeza, são inevitáveis.

Em um interessante e esclarecedor estudo publicado por um grupo de trabalho coordenado por Rachel Rodrigues Kerbauy -USP (Universidade de São Paulo), de 1992, encontramos uma excelente informação sobre o tema Prevenção.  Em razão do caráter educativo que nos move, transcrevemos o trecho comentado:

“Ainda nessa conceituação da área é importante destacar o papel da prevenção. Há uma conceituação descrita e atualizada de Leavell e Clark (1976) sobre três modalidades de atenção à saúde, envolvendo prevenção primária, secundária e terciária.

    – A prevenção primária atua através de ações que favorecem melhores condições de vida. Diminui os riscos na população por interferir em fatores patogênicos e biopsicossociais, antes do aparecimento das patogenias.
    – A prevenção secundária refere-se mais ao diagnóstico precoce que propicie intervenção para impedir ou reverter a condição já instalada. Nesse sentido, além de proteger o indivíduo por procurar estacionar o processo de evolução da patogenia, procuraria, ainda, impedir a transmissão da doença.
    – A prevenção em nível terciário refere-se a procedimentos de reabilitação a serem implantados quando a doença já está instalada, promovendo ajustamento ante condições irremediáveis, ajudando na manutenção da qualidade de vida, atuando, especialmente para evitar maior agravamento do quadro.

Colocada dessa forma a prevenção pareceria funcionar somente em casos de doenças. No entanto, mais do que impedir o processo da doença ela se volta para a promoção da saúde. O conceito de promoção da saúde envolve um esforço para minimizar fatores causais, gerais ou específicos e concentrar-se em programas viáveis do ponto de vista científico e administrativo.”

Esse esclarecimento indica a dificuldade em responder a questão que dá título à matéria. Ainda que o conceito ficasse restrito apenas à área de doenças, também haveria complicações.

Algumas doenças começam na infância e evoluem ininterruptamente até o momento do diagnóstico.

Se a criança ou o jovem portador fossem avaliados com o propósito de identificar precocemente qualquer doença, então já no nascimento ou mesmo antes, a prevenção seria indicada.

Entretanto, não haveria possibilidade econômico-administrativa que suportasse tal providência.  Caso o critério fosse circunscrever a prevenção às doenças crônicas exacerbadas pela idade avançada, já haveria um balizamento favorável à realização de programas bem planejados e com suporte para os custos sempre muito elevados.

Então é preciso encontrar uma providência que atenda a maioria da população e que proporcione melhores possibilidades de evitar as mais desconfortáveis, caras e deprimentes complicações de doenças não diagnosticadas precocemente. Aí sim podemos fazer uma tentativa de escolher 50 ou 40 anos como idade adequada para iniciar a prevenção da saúde, especificamente. Deixamos de lado totalmente os fatores causais, gerais ou específicos.

Parte da classe médica considera 40 anos como idade ideal para o início de um programa tranquilo, confortável e de custo razoável. Para os dois sexos. A justificativa é o início de alterações nos processos metabólicos e hormonais aliados a mudanças significativas de comportamento em função da perspectiva do futuro e da aceitação da “perda” da juventude. Há trabalhos que suportam essas posições.

Outra parte da classe médica, entretanto, pensa que problemas consistentes só aparecem efetivamente por volta dos cinquenta anos, coincidindo com mudanças biológicas importantes tais como a menopausa na mulher e a mais difícil aceitação da maturidade pelo homem.

Também não há dúvidas quanto às alterações biológicas a partir dos 50 anos. Uma conclusão relativa e que permite uma resposta de bom senso sobre a idade adequada para prevenção da saúde, é considerar 50 anos como a idade máxima obrigatória para o início do programa e 40 anos como aconselhável para aqueles que sempre tiveram problemas ou maior preocupação com a saúde.

Quarenta anos são convenientes e quase obrigatórios para quem teve ou têm parentes ou ascendentes com comprovados problemas de saúde, porque a hereditariedade ainda é fator de risco. Também para quem sofreu traumas incomuns, cirurgias de emergência ou longos tratamentos, a prevenção aos 40 anos é recomendável.

Para quem nunca ou raramente atravessou dificuldades com a saúde, 50 anos é a idade certa para iniciar uma avaliação, mesmo que seja para confirmar a boa saúde. O capitalista saberá como investir na prevenção da saúde para VIPPES de 40 anos em diante.

Wolfgang K. L.

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