- 04 de abril de 2019

Aumenta o número de VIPPES com AIDS

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Crescente número de VIPPES contagiados pelo HIV-Vírus da Imunodeficiência Humana causa preocupação aos médicos e ao governo. Em pouco mais de 10 anos a quantidade de doentes contaminados por esse vírus mais que dobrou.

Waldemar Tero Sato*o_sexo_dos_vippesDe acordo com o infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas dr. Jean Gorinchteyn “o homem está se contaminando lá fora e sequer respeita a mulher dentro de casa com a preocupação de protegê-la dos riscos de contaminação. O problema é que hoje temos as drogas corretoras da disfunção erétil que fazem com que as pessoas aumentem o número de relações sexuais.” Informa ainda, o médico, que “por estarem desprotegidas, aumentam assim, o risco de se contaminarem”.

Em uma pesquisa realizada pelo próprio instituto, entre os pacientes VIPPES soro-positivos e que usavam preservativos nas relações sexuais, foi constatado, segundo o dr. Jean, que “80% deles cometeram algum erro. Isso demonstra que não é só o uso de preservativo é que previne a doença sexualmente transmissíveis, mas o seu uso correto.”

“VIPPES representam toda a moral, o respeito, a ética para os outros integrantes da família. Mas, no primeiro momento, quando chega a notícia desse tipo de contágio, todos esses adjetivos caem por terra. Então, a vergonha e a sensação de culpa tomam conta desses doentes”, diz o médico.

Por essas razões, é preciso compreender que avôs e avós também fazem sexo. Desmistificar que a prática sexual não é característica apenas de uma determinada faixa etária. Nem se tem a intenção de fazer apologia ao sexo. É necessário informá-los, orientá-los, ter o apoio da família e da sociedade nesse sentido. É preciso enxergar a realidade diante dos olhos visto que os VIPPES estão atualmente mais saudáveis e dispostos do que as gerações anteriores às suas. Além disso, houve um aumento de longevidade, e acima de tudo, eles levam a vida com mais qualidade.

É importante esclarecer também que os sintomas da AIDS nos VIPPES se assemelham aos das pessoas adultas. Entretanto, é difícil fazer ainda um diagnóstico seguro por ser confundido com outros tipos de doenças características dessa idade. Muitas vezes ela é confundida com o mal de Alzheimer e a esclerose. Em outras situações, as pessoas passam a acreditar que estão apenas envelhecendo, mas que, na verdade, são manifestações da AIDS.

Um breve retorno ao passado

Na década de 1980, o mundo foi tomado por uma notícia assustadora sobre uma doença incurável, contagiosa e causadora de muito sofrimento físico na vítima. O doente em poucos meses perdia o vigor físico, transformando-se num corpo esquelético e provido de dores insuportáveis. Apesar de os médicos aplicarem fortes doses de remédios a doença era mais forte e o óbito, o conforto final ao paciente. Foi denominada de AIDS-Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, considerada como uma epidemia. Suas causas e origem ainda eram desconhecidas. Sabia-se apenas que ela ocorria em determinados grupos sociais como os homossexuais, prostitutas e usuários de drogas injetáveis.

Três anos se passaram. Descobriu-se que era causada por vírus, o HIV, e que o contágio e a disseminação da doença ocorriam por meio de relações sexuais. Havia um teste que possibilitava a identificação do portador. No entanto, mesmo com essas descobertas, uma vez instalada a doença, o sofrimento e a morte eram inevitáveis.

Em 1995, surgiu o coquetel de medicamentos, bastante eficaz no combate ao HIV. A partir daí, a realidade para a sociedade tornou-se outra. O alívio foi geral, principalmente, para os contaminados que passaram a seguir uma vida quase normal, mas sem deficiências ou dores. Embora tenha ocorrido avanço na medicina, com desenvolvimento de medicamentos mais eficazes, não foi descoberta ainda uma vacina para o combater a doença. Continua não tendo cura. É considerada controlável, mas grave. Portanto, os doentes adquiriram maior longevidade e uma melhora significativa de sua qualidade de vida. Esse fato faz com que a sociedade brasileira não se importe tanto com essa doença como foi temerosa num passado bem recente. A impressão que permanece é a de que esse problema só acontece com outras pessoas, tornando-o de pouca importância.

A nova geração não testemunhou os horrores dos primeiros pacientes e nem sentiu o medo de contágio de algo desconhecido. Não a vê como uma doença grave e fatal, mas como um diabete ou uma hipertensão. Têm consciência do perigo, possuem informações suficientes para evitá-la e fazem uso constante de preservativo nas suas relações sexuais. Evidentemente, nem tudo é perfeito. Nos momentos de euforia durante as aventuras ou quando a empolgação supera a responsabilidade, acabam se contaminando.

Segundo o Ministério da Saúde, o aumento do número de casos estagnou, mas cerca de 35 mil brasileiros ainda se infectam todos os anos apesar das campanhas realizadas e os alertas emitidos nos veículos de comunicação.

*Gerente na Editora Banas Ltda.

 

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