- 06 de abril de 2019

Cidades novas para VIPPES

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Criar uma cidade para nela circularem 6% de VIPPES de 60 anos em diante é uma coisa, para 30% é outra coisa bem diversa. Na primeira,  são seis pessoas em 100,  e na segunda, são 30 pessoas em 100.

a_hora_de_morrerO processo de envelhecimento da população não é muito simples de ser imaginado porque estamos profundamente habituados com um mundo onde predominou a infância e a juventude. Tentar prever um mundo de pessoas mais velhas protagonizando a vida torna-se um exercício complicado, mas imprescindível.

Como deveria ser uma cidade preparada para conviver com grande participação de VIPPES de 60 anos em diante? Quais as características diferentes das cidades atuais?

Como seriam as construções residenciais? E as comerciais e industriais? Deveria haver alguma modificação no planejamento e criação de praças, avenidas e ruas? Na iluminação pública? Nos serviços de água, eletricidade, gás e segurança? É óbvio que sim!

Sem esquecer o planejamento urbano e a necessidade de revisão de todos os planos diretores das grandes e médias cidades que o Portal VIPPES Negócios tratará nesta categoria, podemos colocar uma lente inicial na parte imobiliária. Os projetos imobiliários para todas as finalidades de uso terão que atender à nova composição demográfica. Parte obrigatória significativa dos trabalhadores ativos serão VIPPES e eles terão que encontrar cidades adequadas para viverem, se locomoverem, trabalharem, se cuidarem, enfim, viverem.

Não há dúvida que os milhões de VIPPES estarão distribuídos em condições socioeconômicas diversas e, portanto, soluções individuais serão encontradas para atender apenas uma mínima parcela. A aliança Governo/Iniciativa Privada terá que efetivar o desenho das novas cidades para que os centros urbanos não se tornem assustadores asilos ou prisões de VIPPES incapacitados.

Grandes conjuntos residenciais não poderão deixar de contar com facilidades de acesso para todos os VIPPES, desde aqueles que dependem de ajuda de terceiros até os que possuem autonomia mesmo limitada. Rampas, elevadores, corredores largos, portas e janelas de fácil utilização deverão se tornar padrões de construção. Pisos antiderrapantes, alças de apoio, peças sanitárias mais funcionais e seguras serão a garantia para a manutenção de mais longa vida ativa.

Essas providências proporcionarão um volume de despesas com saúde muitas vezes menor que os atuais gastos com população de VIPPES bem inferior à das próximas décadas. Acidentes domésticos são hoje os responsáveis pela maior parte das internações hospitalares, tratamentos fisioterapêuticos, graves deficiências físicas vitalícias e potencial motivo para estouro das contas previdenciárias e de todos os sistemas públicos e particulares de saúde.

Também os Cingapuras e similares existentes nas cidades precisarão passar por reformas estruturais para que não se transformem em centros degradados de VIPPES. VIPPES prisioneiros em edifícios construídos apressadamente para acabar com as centenas de favelas urbanas. Os prédios de três ou quatro andares, sem rampas e sem elevadores, atendiam famílias pobres com muitos filhos menores que viviam em condições sub-humanas. Os casais que adquiriram essas primeiras moradias nas décadas de 1970 já se tornaram VIPPES na atualidade e serão centenas de milhares nos próximos anos.

Estarão, portanto, sofrendo de doenças incapacitantes, terão enorme dificuldade para descer e subir escadas, não conseguirão desfrutar da liberdade civil de sair para tomar sol. Grandes, médias e pequenas empresas poderão encontrar soluções alternativas para reciclarem esses conjuntos numerosos permitindo que seus moradores não se sintam condenados pelo “crime” da pobreza.

As novas cidades serão diferentes e mais agradáveis para viver porque todos se tornarão parte da maioria VIPPES na metade deste século.

Germano Hansen Jr.

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