O País apresenta problemas graves em muitas áreas de atividade. É difícil definir prioridades. O presente exige medidas rápidas. Mas o que fazer com o futuro?
Há perfeita sincronia entre os três níveis na correta aplicação das verbas originadas pelos vários impostos e taxas?
A resposta é óbvia: ausência de sintonia entre os vários poderes executivos e legislativos. Mesmo as grandes cidades brasileiras não apresentam planejamentos consolidados com os demais governos. A diversidade do País justifica diferença de problemas entre regiões, estados e cidades. Seja em razão da formação geopolítica, seja em razão das características sociais originadas pelo povoamento, socialmente há um desnível significativo em determinados aspectos.
O Sudeste demonstra nível de desenvolvimento competitivo com regiões desenvolvidas do planeta enquanto o Norte e o Nordeste tentam reduzir a desvantagem. Agora com o envelhecimento populacional que toma conta do País inteiro, as disparidades poderão se acentuar. É preciso um consenso nacional político, para que as políticas públicas de municípios, estados e governo federal sejam consolidadas em um esforço comum.
Em outubro haverá eleições para cargos majoritários (presidente, governadores, senadores (parte), deputados federais e deputados estaduais). Tudo indica que os cargos serão divididos em candidatos de vários partidos. Essa “diversidade” não é favorável para enfrentar a transição etária. No Brasil, é ilusão imaginar que partidos políticos de tendências diversas consigam se entender adequadamente para beneficiar o País.
Antes tarde do que nunca. Talvez a consciência coletiva possa favorecer uma catarse que faça fervilhar a alma e os pensamentos dos políticos, que também farão parte do futuro, e eles percebam a oportunidade de uma redenção. Os VIPPES não poderão esperar pelo novo século. As dificuldades e os desafios da transição etária têm de ser enfrentados agora.
Cabe a todos que se preocupam com o fenômeno em curso, atuarem decisivamente para conseguir dos candidatos o compromisso de estudarem o assunto em toda a sua complexidade. Independentemente das agremiações políticas a que pertençam, candidatos e eleitores não podem esperar a vitória e o poder para começar a se preocupar. O envelhecimento populacional é a alavanca de um novo País, de uma nova sociedade e ela será produtiva na medida em que a reconhecermos como aglutinadora de objetivos sócio-econômicos.
Os programas de governo que os candidatos apresentam através dos meios de comunicação deveriam conter o pensamento e os projetos para a adequação da sociedade à nova configuração etária. Nenhum candidato deveria deixar de lado o tema porque quatro anos é um tempo muito longo sem medidas reais para acolher os novos VIPPES. Os candidatos que forem eleitos em outubro assumirão os novos cargos em 2015 e ficarão até 2018 (se não houver mudanças constitucionais).
A tabela abaixo mostra a demografia etária atual (2014) e a de 2018, para alguns grupos etários. (Fonte IBGE – Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013 – data base 1º julho)
Classes etárias |
2014 |
2018 |
diferença |
Crianças de 0 a 4 anos |
14.938.133 |
14.182.966 |
-755.167 |
Crianças de 5 a 9 anos |
16.009.509 |
15.114.823 |
-894.686 |
Crianças e jovens de 0 a 24 anos |
82.207.607 |
78.642.678 |
-3.564.929 |
VIPPES de 50 a 59 anos |
20.927.345 |
22.957.419 |
2.030.074 |
VIPPES de 60 a 79 anos |
19.818.941 |
23.244.596 |
3.425.655 |
VIPPES de 80 anos em diante |
3.169.677 |
3.789.567 |
619.890 |
Total de VIPPES |
43.915.963 |
49.991.582 |
6.075.619 |
Total de NÃO VIPPES |
158.852.599 |
159.195.220 |
342.621 |
Total da população |
202.768.562 |
209.186.802 |
6.418.240 |
No período de 4 anos, correspondendo a apenas um mandato dos novos eleitos, o aumento da população geral no Brasil alcançará 6,4 milhões de pessoas, sendo 6,075 milhões de VIPPES e apenas 342 mil pessoas com menos de 50 anos.
Com certeza, o bom senso determina ser necessário pensar mais nos seis milhões de novos membros VIPPES do que em 342 mil não VIPPES. A razão é que a logística da estrutura atual da sociedade, em todos os aspectos, está sobrando para os últimos, mas a deficiência é considerável para os VIPPES.
Os governadores, senadores, governadores e prefeitos e vereadores de todos os municípios brasileiros precisam conviver diariamente com essas estatísticas para que, além das providências do presente, possam salvar o futuro.
G. Hansen Jr.