- 07 de abril de 2019

Vestuário tecnológico

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 A tecnologia que permite a existência de produtos quase inacreditáveis ainda é mais artesanal e criativa nas escolas de samba do que nas grifes de moda e indústria do vestuário.

No tempo das cavernas, o troglodita resolveu usar a pele felpuda de animais para vencer as intempéries. A sobrevivência ditou a moda.

Na Idade Média, as armaduras se tornaram também equipamento imprescindível para tentar manter a vida nas batalhas ininterruptas e a criatividade lançava novidades a cada novo conflito. Nas mulheres foram notáveis as invenções de cintos de castidade mecânicos e impeditivos de “traições sexuais vaginais”.

Na corte elegante das coroas européias, rainhas e princesas usavam todos os tipos possíveis de perucas, cosméticos e acessórios para a competição estética. Equipamento em estrutura de aço laminado armava vestidos.

A moda adquiriu contornos globais no século XX e tornou-se uma das grandes alavancas da economia mundial.

E agora com o envelhecimento populacional? Onde está a moda?

Não se trata apenas de criar uma nova cor para os VIPPES. Nem se deve imaginar apenas um desenho mais comportado no vestuário masculino e feminino.

Tudo tem que ser repensado. TUDO!

Que significa esse tudo?

Os VIPPES apresentam (sempre haverá exceções, naturalmente) algumas dificuldades únicas ou não. Artrose, diabetes, próstata, acidentes, tombos, visão e outras doenças podem limitar mobilidade, movimentos e alterar funções digestivas e urinárias.

Como os VIPPES rapidamente estarão se tornando um grupo etário de formidável participação na composição da população, eles precisarão estar preparados para o dia a dia produtivo e satisfatório em todos os aspectos.

Um acessório que solucione “adequadamente” a incontinência urinária precisa atender alguns aspectos que o tornariam “desejável”:

                – facilidade de uso
                – tempo prolongado
                – confortável
                – eficaz
                – preço acessível
                – discreto

Alguns dos requisitos são menos complexos para atender do que o envio de robôs para Marte ou Saturno.

Já existem alguns produtos novos que atendem em parte os requisitos, mas não são completos e ainda causam embaraços para os usuários.

Calçados devem fazer parte desse novo universo dos VIPPES que precisam contar com a tecnologia para pisarem melhor, andarem com mais segurança. Os calçados poderiam ter dispositivos para aplicação de medicamentos em horários programados, por exemplo. O mesmo poderia ser realizado em meias que passariam a serem meias terapêuticas.

As atuais meias elásticas são necessárias para muitos VIPPES com doenças vasculares superficiais ou profundas nos membros inferiores. Parte significativa dos usuários tem dificuldade quase insuperável em calçá-las. O acessório mais atual, o apelidado de “mordomo”, é de utilização limitada porque VIPPES com problemas de coluna, de artrose ou artrite e outras dificuldades ortopédicas sofrem na tentativa de se prepararem para um dia normal de atividades.

Uma junção da tecnologia com a moda pode tornar a vida em sociedade melhor para os novos milhões de VIPPES.

Sapatilhas, chinelos, sandálias, botas, sapatos podem se tornar produtos de desejo de VIPPES que querem andar, praticar esportes, trabalhar e não contam com produtos adequados.

Quando contarem, serão consumidores de centenas de produtos que ainda não podem usar.

É preciso imaginar uma nova sociedade de VIPPES e o que eles precisam para fazer dessa sociedade um centro de convivência ativo. Não se pode mais pensar em VIPPES como velhos de bengala, alquebrados e sentados em bancos de praças esperando a morte chegar, sorrateira e silenciosa.

A Humanidade precisou de cinco mil anos para alcançar a tecnologia que pode fazer da longevidade a melhor fase da vida. É o momento de justificá-la.

Torquato Morelli                                                  

 

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