- 05 de abril de 2019

Vestuário para VIPPES

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O amplo mercado da moda feminina compreende centenas de produtos e serviços diversificados como calçados, vestuário, acessórios (bolsas, cintos, lenços), modelos, alfaiates, eventos.

vestuario_para_vippesSe destacarmos o vestuário como um dos segmentos mais volumoso no mercado da moda, podemos tecer algumas expectativas do que deverá ser esse setor com o envelhecimento populacional.

A questão que atualmente ainda surge como barreira é o volume do mercado para crianças e jovens em relação a pouca expressão do mercado para VIPPES.

Para efeito didático vamos analisar o mercado de vestuário feminino.

As meninas até os dez anos vestem roupas de acordo com a vontade das mães, irmãs, tias e avós. Como estão em fase de crescimento as roupas são trocadas muito rapidamente e, de certa forma, acompanham muito rapidamente a moda porque a roupa de um ano geralmente não serve mais e se acaba em cerca de seis meses. Nas classes de menor poder aquisitivo as roupas descartadas pelas meninas mais velhas são utilizadas pelas mais novas da mesma família ou de parentes.

O mesmo ocorre com as garotas de dez aos quatorze anos que também se desenvolvem fisicamente de forma muito rápida. Porém, nessa fase parte delas já participa ativamente nos processos decisórios de compra.Dos quinze aos vinte e quatro as jovens querem andar na última moda e procuram seguir as modelos, artistas e celebridades. A moda é instável já que as estrelas do cinema, televisão, esportes e sociedade apresentam variação constante e procuram se destacar com mudanças radicais em muitos casos.

De vinte e cinco a quarenta define-se melhor a mulher com o casamento, a carreira profissional, o trabalho possível, além das possibilidades financeiras e, dessa forma, o vestuário se torna um fator de seleção pessoal e eventual acompanhamento da moda nas classes sociais de maior poder aquisitivo.

Nas mulheres de quarenta a cinquenta anos o vestuário já apresenta dificuldades para aquisição. As grifes e estilistas não ousam apresentar coleções para a meia-idade e ainda é arraigado o conceito de que as mulheres fora da elite social não apresentam mais motivação, porte, elegância e disposição para a vida. A indústria e o comércio do vestuário, com raras exceções, praticamente negligencia as mulheres a partir dos cinquenta anos.

São muitos os depoimentos de mulheres brasileiras VIPPES de todas as idades que se queixam do tratamento que recebem em lojas de roupas femininas e até são olhadas com desprezo pelas atendentes e alegam “não terem em estoque roupas para pessoas de mais idade”.  Em parte as atendentes estão corretas porque as indústrias não consideram importante o mercado feminino de VIPPES. Há enorme falta de opções de modelos e medidas. Muitas mulheres deixam de comprar roupas novas exclusivamente porque não as encontram e saem frustradas.

O que seria compreensível (mas não justificado) até o final do século passado, agora não pode mais continuar como padrão de mercado. A situação é completamente diferente.

A tabela seguinte mostra dados do IBGE – Projeção da População Brasileira 2000/2060 – revisão 2013 com ênfase em alguns grupos etários femininos. (em milhares)

Idade/Ano

2000

2013

2020

2030

2040

2060

15 a 24

17.016

16.894

16.676

14.859

13.093

10.652

25 a 39

20.244

24.923

25.702

24.951

22.974

18.056

40 a 49

10.035

13.244

14.900

17.055

16.524

13.672

50 a 79

13.312

20.987

26.010

33.390

39.985

36.689

80 e mais

1.074

1.889

2.583

4.068

6.555

11.726

total

61.681

77.937

85.871

94.323

99.131

90.795

Os números são inquestionáveis e verifica-se que:

  1. No ano 2000, as mulheres VIPPES já participavam com 23,3% nos grupos etários femininos de consumidores com poder de decisão (a partir de 15 anos);
  2. Apenas 13 anos depois (2013) a participação das mulheres VIPPES crescia para 29,4%, com uma média de crescimento de 8,7% ao ano contra a média de 2% de todos os grupos;
  3. Em 2020 (apenas 7 anos para frente) essa participação cresce para 33,3% (um terço) de todo o conjunto etário de consumidores femininos com poder de decisão;
  4. 2030 registra a participação das VIPPES mulheres praticamente em 40% (39,7%) no total;
  5. Com o penúltimo ano de crescimento populacional (2040) a participação das VIPPES mulheres sobe para 46,9% já delineando um volume de mercado potencial dominante para a segunda metade do século XXI;
  6. Em 2060, em plena fase de redução populacional que se iniciou em 2042, consolida-se a liderança das VIPPES com 53,3% no volume absoluto das potenciais consumidoras com poder de decisão no século XXI.

Nenhum planejamento estratégico coerente deixará de usar os números acima, mas já há um problema de mercado imediato, diário: 2 mil mulheres se tornam VIPPES. São mais de 700 mil anualmente. Quem vai criar modelos próprios para elas? Quem vai estudar e pensar em como valorizá-las e fazer com que se sintam efetivamente protagonistas de uma nova sociedade?

Germano Hansen Jr.

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