- 07 de abril de 2019

Mercado: osteoporose masculina

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O autor do artigo testemunhou a estranheza da classe médica em diagnosticar osteoporose no sexo masculino. A maioria dos estudos e pesquisas é realizada com mulheres. Até com os novos medicamentos.

osteoporose masculinaIncrível como o marketing de produtos farmacêuticos coloca de lado o tratamento da osteoporose em homens. Alguém poderia discordar e sugerir que a falha é dos pesquisadores. Acontece que a maioria das pesquisas é direcionada pelo marketing. Para que fazer pesquisas no sexo masculino se a osteoporose é mais comum no sexo feminino?

Se o marketing não solicita pesquisas sobre a osteoporose em homens os pesquisadores não vão “perder” tempo fazendo pesquisas de alto custo. Se não há pesquisa não há resultados. Se não há resultados não há pesquisas. É a mesma questão de “quem nasce primeiro, o ovo ou a galinha?”

Artigos são publicados em centenas de revistas sobre tratamentos da doença que se revela mais comum em mulheres. Será?

O autor considera que realmente a osteoporose é mais observada e estudada nas mulheres, mas sem uma avaliação adequada do mesmo problema no homem. As razões são muitas e algumas poderiam ser enunciadas:

– o homem não procura médicos na mesma proporção que as mulheres.
– os médicos “esquecem” de solicitar aos homens que façam um simples exame de densitometria óssea. Esse exame é sempre solicitado para mulheres a partir dos 50 anos e para homens não.
– as mulheres sobrevivem mais que os homens e a osteoporose é mais frequente na idade mais avançada. Como há mais mulheres que homens, automaticamente o número de casos femininos é realmente maior.
– a doença mais comum diagnosticada e acompanhada no sexo masculino é a hiperplasia benigna da próstata além da disfunção erétil. Os demais eventuais problemas de saúde não são acompanhados por não serem considerados tão importantes como os mencionados. A osteoporose ficaria nos últimos lugares em questão de prioridade.
– a redução de hormônios femininos é acompanhada pela possibilidade maior de osteoporose. Como o homem apresenta sempre baixa dosagem de hormônios femininos, então “não terá osteoporose” de maneira geral. Essa é uma noção muito fixada na sociedade, na classe médica e em todos os profissionais de saúde.

Entretanto, a redução dos níveis de testosterona no homem de mais idade também é uma das causas de osteoporose.

Assim, na opinião do autor, a osteoporose é mal estudada no homem. Com o envelhecimento populacional e com a longevidade aumentando, a esperança de vida no sexo masculino também vai subindo e aí a osteoporose vai aparecer com mais frequência (mas exames precisam ser realizados para a formalização diagnóstica).

Por outro lado, a racionalidade indica a necessidade de se criar um amplo programa de divulgação da existência da osteoporose no sexo masculino.

Uma fratura patológica (ocorre sem acidente em razão da rarefação óssea) no homem é mais destrutiva que na mulher. O homem é menos paciente e menos assertivo que a mulher no tratamento de qualquer doença. Uma fratura de fêmur é um dos maiores motivos de morte na idade avançada porque a recuperação física é complicada já que a longa imobilização provoca outros problemas de saúde.

No homem a dificuldade no tratamento aumentaria até por razões sociológicas como a resistência do homem à dependência de terceiros e a sua falta de experiência com doenças quase sempre deixadas ao cuidado feminino.

Alguns novos medicamentos para o tratamento e controle da osteoporose já estão no mercado. Raríssimos os casos de indicação para o sexo masculino.

O autor foi testemunha de uma prescrição médica de um desses novos fármacos para um homem de 70 anos com diagnóstico de osteoporose comprovado por densitometria óssea que fora solicitada para dores na coluna.

O medicamento injetável é aplicado apenas por via endovenosa, com tempo determinado e em ambiente hospitalar. A leitura da bula informa a realização de resultados obtidos com pacientes do sexo feminino em vários ensaios clínicos. Nenhuma referência a ensaios clínicos com homens.

O paciente foi encaminhado para um dos maiores hospitais da cidade de São Paulo com comprovada utilização e aplicação do novo medicamento (mais de um ano) em significativo número de doentes.

O autor testemunhou a curiosidade de médicos, enfermeiras e atendentes no atendimento, pois se tratava da primeira vez desde que o medicamento passou a ser ministrado no hospital em que um homem era o paciente.

O autor percebeu inclusive a preocupação de alguns dos profissionais de saúde uma vez que a divulgação médica não faz referência ao uso no sexo masculino.

O Portal VIPPES Negócios sugere que o marketing dos novos medicamentos para osteoporose não deixe de lado o sexo masculino porque o que poderia ser considerado um nicho inexpressivo estará se tornando um mercado de boa fatia daqui em diante. E será sempre melhor ver um homem se movimentando do que ficar quebrado em uma cama: ninguém aguenta.

Germano Hansen Jr.

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