- 07 de abril de 2019

Efeitos colaterais VIPPES

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Qualquer substância pode conter efeitos colaterais adversos. O oxigênio que se respira, o alimento que nutre ou o medicamento que cura. Tudo depende de quantidades e de circunstâncias.

medicamentos_sem toxicidadeSe houver preocupação da sociedade em evitar os efeitos adversos, todas as substâncias produzirão benefícios. Resultados inadequados podem ser evitados até facilmente.

O que ocorre, entretanto, é a busca do ganho econômico-financeiro e aí as consequências aparecem mesmo.

Fitoterápicos, vitaminas, sais minerais, nutrientes e grande variedade de medicamentos são encontrados no mercado médico e farmacêutico com a indicação de prevenir ou curar inúmeras doenças. Em muitos casos são destacados em publicações de extensa divulgação em todas as mídias. A maioria é autorizada pelos órgãos de controle de medicamentos e produtos correlatos.

As substâncias anunciadas são, geralmente, conhecidas do público devido a experiências obtidas na vida de relação. Um chá preparado pela titia, um leite fervido com mel e uma erva, um remédio “milagroso” vendido na feira do bairro, uma pílula sugerida pelo farmacêutico e assim por diante. Naturalmente quase todos esses produtos demonstram algum efeito positivo e sabendo-se que a fé e a confiança possuem papel importante em qualquer tratamento da saúde, é aceito ou tolerado esse sistema popular de cura.

O que complica tudo, porém, são as campanhas de promoção direcionadas para o público sem que haja qualquer possibilidade de acompanhamento dos resultados.

A mesma substância que favorece um usuário, poderá se tornar um veneno para outro. Na transmissão coloquial é comum a identificação do eventual paciente e as “instruções de uso” quase sempre são acompanhadas por “esclarecimentos” adicionais, tais como: “não pode estar resfriado”, “não pode tomar à noite”, “não pode misturar com remédio para o rim”, “precisa tomar com muita água”.

Também é normal a “informação sigilosa”: “o seu Mário tomou e foi para o hospital porque sofria do coração”, “a dona Lalá tomou três colheres em vez de uma e caiu o cabelo”, “o Luís misturou com cerveja e quase morreu”.

Já na propaganda massiva, os produtos são apresentados como excelentes e capazes de curar até casos complicados “que outros medicamentos não resolveram”. Na prática raramente se menciona qualquer preocupação com efeitos colaterais. Funciona como se as substâncias fossem “fadas do bem” exclusivamente.

O envelhecimento populacional aumenta o mercado consumidor de potenciais candidatos a todos os produtos que “curam tudo”, de unha encravada a cólicas renais devido a cálculos.

Todos os VIPPES querem viver sem doenças ou sem dor. Entretanto, a idade é sempre acompanhada por alguns problemas de saúde, alguns de pequena monta e outros, a minoria, mais sérios. Independentemente das causas, os sintomas similares acabam favorecendo a aceitação dos produtos divulgados como se fossem indicados para um caso específico.

Quer dizer que se o produto é propagado como “exterminador de dor de estômago”, poderá ser tomado por todas as pessoas que se queixam de “dor de estômago”. No geral há uma “advertência” ou “alerta” sugerindo que o médico seja consultado no caso de persistência dos sintomas.

Ou seja, a orientação essencial que deveria ter prioridade é a última: consultar o médico.

Se alguém toma um “remédio” para uma dor não identificada, dependendo da substância poderá ocorrer uma piora da situação. Há casos em que uma única dose de substância inadequada poderá desencadear reações perigosas para a própria vida. Até uma simples aspirina (ácido acetilsalicílico) pode provocar sangramento fatal em pessoa com baixa produção de plaquetas.

Vitaminas e minerais são apresentados e vendidos livremente como se fossem folhas para preparação de chás. Frascos e tubos com cem e até duzentas cápsulas ou comprimidos são comercializados como se fossem balas ou petiscos. Em excesso, são tão perigosos quanto o arsênico que em doses infinitesimais é poderoso medicamento. O cálcio, por exemplo, que é vendido livremente para prevenção de osteoporose, pode complicar seriamente quem tiver cálculos renais. Estes podem aumentar e impedir o funcionamento dos rins ou, no mínimo, provocar fortíssimas cólicas.

Exemplos encheriam capítulos inteiros de livros e compêndios médicos e farmacêuticos.

O que interessa é que o envelhecimento vai provocar incontáveis casos de automedicação inadequada, errada mesmo. Milhões de VIPPES e não mais algumas dezenas de milhares, vão acreditar nas mensagens comerciais e “passar mal”.

É conveniente repensar toda a legislação que regula o comércio de produtos farmacêuticos e similares antes que a questão se torne danosa à saúde pública. Novas medidas poderiam reduzir a venda desses produtos, entretanto, talvez até pudessem ser aumentadas desde que a sua indicação respeitasse alguns critérios mínimos de análise personalizada. Isto pode ser obtido com as modernas conquistas da tecnologia eletrônica.

Uma aspirina pode ser tomada para quem não tem plaquetas em menor quantidade que o normal. Um simples toque em uma tecla de um medidor eletrônico poderia liberar ou impedir o interessado na tomada da mesma.

Marilza M. Sanctis na pode ser tomada para quem não tem plaquetas em menor quantidade que o normal. Um simples toque em uma tecla de um medidor eletrônico poderia liberar ou impedir o interessado na tomada da mesma.

Marilza M. Sanctis

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