O Marketing sempre se baseia no “novo” como alavanca para aumento de negócios. Tudo que é inédito parece exercer atração especial nos potenciais consumidores, sejam produtos ou serviços.
O novo mercado consumidor que está sendo criado pelo envelhecimento populacional ainda não foi reconhecido pela maioria das organizações comerciais e institucionais.
Naturalmente, não há como medir com pesquisas de mercado tradicionais um mercado que ainda não existe em pujança inquestionável. É concreta, porém, a já expressiva população de idosos com data de nascimento anotada nas cédulas de identidade ou de identificação pessoal de qualquer natureza.
Os números reais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: (www.ibge.gov.br) apontavam no ano de 2012 uma população de 19.282.049 pessoas de 60 anos em diante. Essas pessoas estavam vivas, comendo, bebendo, vivendo enfim! Não se tratava de uma fantasia criada por fértil imaginação, mas uma realidade impossível de desaparecer fosse qual fosse a mágica utilizada.
Assim, independentemente de qualquer crescimento veloz da participação dos idosos na dimensão demográfica do País, a atualidade já é um mercado de porte irrecusável.
Quais aspectos conhecer desses VIPPES que estão vivos há mais de 60 anos? Uma pesquisa realizada pelo SESC (www.sescsp.org.br) e Fundação Perseu Abramo (novo.fpabramo.org.br) em 2006, portanto, quatro anos antes do levantamento pontual do IBGE, pode servir com confiabilidade para ajudar a entender o perfil dessa turma experiente.
Vamos a alguns dados:
– Questionados sobre a ascendência de nacionalidade, os idosos responderam como segue:
Ascendência de Nacionalidade
| Nacionalidade | % de respondentes | Projeção livre para os
19.282.049 idosos |
| Sempre brasileira | 76 | 14.654.357 |
| Italiana | 8 | 1.542.560 |
| Portuguesa | 7 | 1.349.740 |
| Espanhola | 3 | 478.460 |
| Alemã | 2 | 385.640 |
| Africana | 1 | 192.820 |
| Japonesa | 1 | 192.820 |
| Outras nacionalids. | 3 | 478.460 |
Observação: a projeção não obedece a aspectos matemáticos com correção em função dos parâmetros da amostra, mas é representativa do universo considerado.
Que importância pode ter essa informação para políticas públicas e para o interesse de organizações comerciais? Evidentemente, é o conjunto de informações que estabelecerá oportunidades de mercado. Saber, por exemplo, que quase meio milhão de idosos de 60 anos em diante considera-se de ascendência espanhola, indica a possibilidade de algumas áreas de negócios:
– restaurantes e bares ao estilo espanhol,
– programas e viagens turísticas com destino à Espanha,
– eventos artísticos (música, teatro, mostras de arte…),
– alimentos com conotação da península ibérica,
– criação de sites, jornais, revistas com “toque” espanhol,
– programas nacionais de visitas a locais, monumentos e outros aspectos da
presença espanhola no Brasil.
Os números reais que poderiam ser utilizados para elaboração de projetos empresariais podem ser obtidos com a aplicação de fatores complementares muitos dos quais fazem parte da pesquisa básica (renda, escolaridade, família, profissão, emprego, etc.).
Apenas como referência, se 20% dos idosos, com descendência espanhola, apresentassem os mínimos requisitos básicos de interesse mercadológico, já seriam quase cem mil pessoas. Se esses cem mil potenciais consumidores gastassem anualmente mil reais para gastos pessoais nas áreas mencionadas acima, o movimento alcançaria cem milhões de reais. E, se trocássemos os descendentes de espanhóis pelos de italianos, usando os mesmos critérios teríamos trezentas mil pessoas movimentando R$300 milhões.
Mas onde estão os produtos e serviços? Onde se encontram as organizações dispostas a inventar novos produtos e serviços para esses potenciais e ávidos consumidores? É possível também projetar novos números para os anos futuros em que o volume de VIPPES crescerá substancialmente. Ocorrerão algumas mudanças na ascendência com aumento da asiática (coreanos, taiwaneses, chineses).
De qualquer forma as oportunidades se expandem e muitos vão pegá-las antes. Alguns perderão o bonde da história.
Germano Hansen Jr.
