- 03 de abril de 2019

Crise de inteligência

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O escritor Alan Weisman fez algumas declarações próprias de filósofos sobre a questão da expansão da população do planeta. Eivada de contradições, mas sempre interessante como opinião.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA entrevista foi realizada no dia 18 de novembro de 2013 e publicada pela Folha de São Paulo (Reinaldo José Lopes como colaboração para a Folha) sob o título:

 “É preciso limitar o número de pessoas nas futuras gerações”, diz escritor Alan Weisman

Essa opinião partida de um escritor é extremamente fora de propósito porque a solução sugerida é uma prova da ausência de inteligência para solucionar os problemas da civilização.

Limitar o número de pessoas nas futuras gerações é uma arbitrariedade sem limites. Quando se fala em “conscientizar” pessoas para que compreendam os eventuais problemas causados por um aumento ilimitado da população, estamos proporcionando a todos os seres humanos a oportunidade de tomarem decisões adequadas.

O processo de conscientizar envolve a capacidade de demonstrar e persuadir a sociedade a tomar providências para que ela seja beneficiada ou menos prejudicada com determinadas formas de proceder.

Não é tarefa fácil e simples.

Há necessidade de uma análise criteriosa do comportamento de toda a sociedade e de cada indivíduo em particular. Então se elabora um planejamento complexo, mas eficiente para a divulgação, conscientização e persuasão das pessoas. Os resultados serão a melhor prova da inteligência humana em todas as fases da grande empreitada social. Aí sim haverá valor nos fatos consequentes dessa forma de enfrentar os desafios do futuro.

Alguém pode alegar que Weisman apenas apresentou o resultado de suas observações e que talvez tenha constatado que a limitação é a solução e que a conscientização deveria ser a do aceite dessa solução, pois não haveria alternativas mais objetivas. Se assim fosse então teríamos que considerar como efetiva limitação a da inteligência humana. Abdicar de qualquer outra possibilidade para a opção mais drástica e atentatória à dignidade do Homem é efetivamente um fracasso universal.

Alan Weisman afirma que o controle da natalidade através dos contraceptivos é o melhor e mais indicado modo de estabelecer um limite para o aumento populacional.

Esclarece que é uma tecnologia barata e que a disponibilização dela para todas as pessoas (sic) do planeta precisaria de apenas (sic) US$ 8 bilhões por ano, valor que os Estados Unidos gastavam por mês no Iraque e Afeganistão anos atrás.

Para Weisman não pode existir influência da religião e de interesses nacionais.

Uma de suas enormes contradições é quando revela: “Estou mais otimista do que me sentia quando comecei a escrever o livro. É difícil para as pessoas aceitarem que a população precisa começar a diminuir porque nós passamos por um século inteiro no qual a população humana quadruplicou.” É curioso que alguém queira determinar como a sociedade deve se comportar e inicia um livro com uma atitude e termina com outra, talvez embevecido com as próprias conclusões.

Na entrevista aqui comentada há algumas considerações difíceis de serem compreendidas porque contém enganos e omissões fundamentais. Acompanhem:

“Por muitos anos, alguns economistas eram grandes fãs do crescimento populacional, simplesmente porque, com mais gente no mercado de trabalho, mais barata é a mão de obra. Todo mundo se diz preocupado com o que vai acontecer com o Japão, com esse monte de gente idosa e tão pouca gente jovem para sustentar a aposentadoria deles. O que poucos percebem é que o processo é gradual e, ao longo de no máximo uma geração, conforme os mais idosos morrerem e os filhos dos jovens de hoje crescerem, você vai ter é um equilíbrio demográfico entre as duas parcelas da população de novo. Com isso, você consegue fazer duas coisas: manter pessoas mais velhas na força de trabalho por mais tempo, e trazer mais mulheres com bom nível educacional para a força de trabalho (sic)”.

Só nesses quatro parágrafos ele já destrói economistas que eram adeptos do crescimento populacional por muitas razões desconhecidas pelo Weisman. Quanto ao Japão, não é em uma única geração que se pode atingir o equilíbrio demográfico – ele ainda ressalta “ao longo de no máximo uma geração”. Por outro lado não basta querer que os filhos dos jovens cresçam.

É preciso e foi preciso uma mudança no comportamento da sociedade com incentivos aos casais para o aumento da natalidade.

A expressão “com esse monte de gente idosa e tão pouca gente jovem para sustentar a aposentadoria deles” é no mínimo uma visão mesquinha de alguém que se considera competente para dar sugestões à civilização.

Desnecessário continuar a análise. Mas sempre vale a pena tomar conhecimento de tudo, pois é dessa forma que podemos evoluir sempre.

G. Hansen Jr.

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