- 07 de abril de 2019

Beleza eterna

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Em 2013 a renda direta da população de 60 anos em diante foi de 40 bilhões de dólares, valor que é maior que o PIB de 98 países associados ao FMI. Maior que o PIB da Sérvia, por exemplo.

beleza_eternaÉ um mercado formidável e a parte feminina dele que é a maior entre todos os grupos etários é ávida por produtos e serviços cosméticos. Nada mais natural, porque as VIPPES querem se sentir bem com suas próprias aparências e, portanto, as necessidades cosméticas se acentuam.

Tudo seria uma maravilha se as VIPPES encontrassem tudo o que desejam, mas não é o caso.

Evidentemente existem recursos maiores para as VIPPES das classes mais elevadas economicamente e muitos tratamentos personalizados, tanto no Brasil quanto no Exterior, são contratados por valores consideráveis.

A grande maioria, entretanto, não encontra produtos adequados nas lojas de cosméticos e muito menos nas prateleiras de supermercados. Raras empresas operam com linhas especiais para VIPPES – Natura, Maturi e, ocasionalmente, algumas que lançam um ou outro produto “indicado” para maiores de sessenta anos.

O que essas mulheres VIPPES gostariam de ter é uma gama de produtos para ocasiões diversas e para a diversidade anatômica e biológica criada pelo envelhecimento. Cremes hidratantes, tinturas para cabelo, desodorantes corporais, xampus, batons, bases e os demais recursos que compõem a lista essencial de produtos de beleza.

Não basta divulgar que os artigos são para o público VIPPES. É preciso que os artigos tenham sido devidamente testados. Nesse aspecto reside o maior problema da indústria cosmética.

Vejamos.

A população de mais idade nunca foi alvo do interesse de mercado dos fabricantes de cosméticos porque o mercado era pequeno e a sociedade não via com bons olhos “velhas” tentando disfarçar a idade.

As pesquisas com novas substâncias eram totalmente voltadas para o uso final em jovens e adultos até cinquenta anos, quando muito. Dessa idade para frente “coroas” poderiam se utilizar das linhas existentes.

Quanto à divulgação, a situação era ainda pior. Beleza era privativa da juventude e a maturidade era motivo para preocupações de outra natureza. Modelos raramente passavam dos trinta e excepcionalmente quarenta anos.

Estilistas, designers, esteticistas e o mundo da moda e da beleza debatiam e viviam o mundo em evidência da sociedade em expansão volumétrica.

Onde estão as pesquisas de substâncias para uso em VIPPES?

Sabem os químicos, farmacêuticos e cosmetólogos que todas as substâncias usadas no corpo humano podem provocar reações adversas no decorrer do tempo. Não são muitos os produtos que existem no mercado que resistiram a décadas de consumo sem a ocorrência de efeitos colaterais indesejados.

As pesquisas em seres humanos que ocorrem após as fases das pesquisas “in vitro”, depois em animais, ainda apresentam a “fase pré-lançamento” em pessoas selecionadas que mesmo sem saber participam de avaliações técnicas de uso. Tudo correndo bem como previsto, o produto é colocado no mercado com o máximo de propaganda e promoção possíveis.

Modelos de fama planetária servem como avalistas.

Ninguém e nenhuma empresa estão isentas de um acidente monumental, mas não se conhece casos realmente graves que atingiram produtos cosméticos em grande escala. A maioria dos problemas acabou na justiça em processos complexos e longos.

Como as novas VIPPES crescem em números explosivos e pertencem a uma geração que não aceita limitações para a manutenção da beleza possível, elas precisarão de opções.

Caso comecem já as pesquisas de novas fórmulas para VIPPES, muitos anos se passarão antes que os produtos tenham a mesma garantia de sucesso e segurança que as linhas comercializadas até agora. As exceções existem e provavelmente ganharão uma formidável posição de mercado.

Se as empresas se dedicarem a atender essa faixa etária com todo o empenho, ela será competente para aumentar o faturamento do mercado cosmético que alcança 1,8% do PIB brasileiro em 0,01% em média a cada ano nos próximos cinquenta anos.

Torquato Morelli

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