- 07 de abril de 2019

Sabe como pensam os VIPPES?

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Muita gente foi criada com a impressão de que as pessoas de 50 anos em diante não se interessam mais pela alegria de viver. E muitos agentes ativos da sociedade ainda seguem essa besteira.

sabe_como_pensam_os_vippesCircula na Internet um texto atribuído à notável e inteligente celebridade Maité Proença. Pela qualidade do texto, pela beleza e sensibilidade do conteúdo, pela finura e classe da ironia e do sarcasmo formidável, vale a pena transcrever. Nenhum comentário adicional se torna necessário ou conveniente.

A mensagem é endereçada a todos que querem se atualizar na questão etária, mas não apenas nos números, nas estatísticas, mas, principalmente, no espírito que deve nortear o comportamento social deste século: a valorização da idade.

De Maité Proença:

“Somos queijo Gorgonzola”

Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.

O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta. Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre. É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique. Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.

Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.”

Germano Hansen Jr.

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