É um placar que registra uma vitória espetacular para o sexo “frágil” ou derrota acachapante para os “poderosos” homens. Se ele fosse resultado no futebol, o desastre seria vergonhoso para sempre.
Pior do que no futebol, o resultado é muito preocupante para os homens.
Os últimos dados (setembro de 2013) referentes à população japonesa apresentam exatamente 54.397 VIPPES de cem anos em diante.
Esse volume de VIPPES indica perto de meio por cento (0,043%) do total da população do País do Sol Nascente e este índice é o mais elevado do mundo. (No Brasil estamos com os centenários representando 0,012% ainda).
Quando se desdobra em sexo, a situação assusta:
População centenária |
% |
|
Mulheres |
47.615 |
87,5% |
Homens |
6.782 |
12,5% |
Como as mulheres conseguem passar dos cem anos em volume tão superior ao dos homens?
No passado algumas hipóteses indicavam motivos que se deviam à natureza da atividade masculina de maior risco em relação à feminina. Participação maciça dos homens em guerras e cargos que envolviam segurança de modo geral com consequências fatais em longo prazo.
Trabalho em setores com elevado risco à saúde e condições inadequadas como minas de carvão, siderúrgicas, indústrias de produtos químicos, indústria da construção civil e outras nitidamente preenchidas por trabalhadores masculinos.
Outro aspecto que também foi considerado durante muito tempo como barreira à longevidade foi o alcoolismo.
Posteriormente verificou-se que os homens sempre foram “arredios” a tratamentos e cuidados especiais com a saúde e aqueles que escaparam da morte em razão das atividades “perigosas” não resistiam às doenças diagnosticadas tardiamente.
Como conseguir que o sexo masculino melhore a contagem no placar da sobrevivência?
É certo que mudanças não ocorrerão em curto prazo e será preciso um trabalho de vulto para que haja resultados ainda neste século.
Com certeza uma parte do problema é de conteúdo conceitual. O homem se acha capaz de vencer as doenças e as considera como próprias do sexo feminino.
Essa noção tem que ser combatida com veemência. Os meninos devem ser orientados a conhecer suas limitações físicas e saber que não há diferenças entre os sexos no que diz respeito á saúde.
Todos os especialistas em sociologia, psicologia e pedagogia, suportados por empresas e instituições públicas e publicitários, precisam criar uma campanha permanente para mudança comportamental. Talvez seja necessário usar os próprios sentimentos masculinos de “machismo” e supremacia sexual para conseguir que procurem a medicina preventiva como “confirmação” de seu “poderio”.
É conveniente que se estabeleça um programa de acompanhamento da situação etária no Japão para verificar como estão administrando a questão. É lá que o “jogo” está mais adiantado e o placar preocupante. O Brasil com quase o dobro da população japonesa enfrentará desafios ainda maiores se não tomar providências agora.
Para efeito de previsão do novo Brasil do envelhecimento populacional, seguem os números do IBGE para o pessoal de 90 anos em diante por sexo. (IBGE – Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade – 2000/2060 – Revisão 2013)
Brasil – Projeção da população de homens e mulheres de 90 anos e mais
|
Homens de 90 anos e mais |
% s/ total homens |
Mulheres de 90 anos e mais |
% s/ total mulheres |
2000 |
103.543 |
0,012 |
180.924 |
0,021 |
2014 |
163.055 |
0,016 |
341.555 |
0,033 |
2020 |
237.432 |
0,023 |
505.777 |
0,047 |
2040 |
676.300 |
0,610 |
1.458.407 |
1,253 |
2050 |
1.139.689 |
1,032 |
2.423.262 |
2,091 |
2060 |
1.607.811 |
1,515 |
3.416.262 |
3,048 |
Tanto em números absolutos quanto nos relativos, o envelhecimento é intenso e o sexo feminino sempre estará ganhando por 2 x 1.
Wolfgang K.L.