Sempre aparece alguém com tais frases já perdidas pelos anos: “no meu tempo era melhor”; “antigamente era bom”; “não se fazia dessa maneira”; “os bons tempos que não voltam”. VIPPES pensam para a frente, para o futuro.
Vale a pena ler uma recomendação de Vera Rôças, autora do livro “A Mais de Sessenta” (Editora Civilização Brasileira), que transcrevemos a seguir:
“Uma das primeiras regras para se enfrentar bem a virada dos sessenta é nunca pensar no que passou como se tivesse sido algo melhor do que aquilo que existe no momento presente.
Mesmo que no fundo de você mesma você ache isso, não o diga. No meu tempo, Antigamente, Quando eu era moça… são expressões proibidas para quem quer caminhar através dos sessenta – e daí pra diante – com menos problemas.
Veja bem, amiga, que empreguei as palavras “menos problemas” ao invés de “sem problemas”, porque a segunda alternativa praticamente não existe. Acredite, ela não existe em idade alguma. No caminhar pelos sessenta então…
O que acontece conosco quando nós nos vemos no passado e achamos que ele era melhor, é que no passado éramos mais moças. Quanto mais moças, mais ilusões, mais sonhos, mais saúde, mais disposição, mas, ao mesmo tempo, mais angústias, mais anseios, mais inquietude, menos certezas. Se você, minha amiga, fizer uma análise fria do tempo passado, tentando com honestidade dissociá-lo de você mesma, como você é agora, você verá que não era tão bom assim como suas lembranças o fazem parecer a você. Uma espécie de cortina de fumaça encobre todas as desvantagens do tempo que se foi, deixando como lastro a ilusão de uma infinidade de coisas boas que, na verdade, estão, muitas delas, baseadas num fato apenas: era-se mais jovem.”
Vera Rôças continua a sua análise fazendo uma comparação entre o que existia no passado em várias áreas e o que existe hoje e os benefícios aos quais nos acostumamos como se sempre houvessem existido.
E ela termina o capítulo com a seguinte observação:
“Então, se você já é tão moderna a ponto de adotar tantas das vantagens, dos modismos dos tempos de hoje, por que não adotá-los todos? Por que continuar em grande parte ainda presa ao passado? Acredite em mim, amiga, os velhos tempos não eram melhores, eram diferentes, eram os velhos tempos, tempos nos quais você era mais moça, só isso”.
Germano Hansen Jr.
