- 07 de abril de 2019

Velhice é para babacas

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Mudar comportamento é sempre difícil e em casos extremos quase impossível.  Em cada dez artigos ou reportagens sobre a velhice, nove a apresentam da mesma forma que há cinco décadas.

Não é preciso realizar levantamentos demorados e custosos para concluir que há uma crise impressionante de “babaquice” de articulistas e de pessoas que continuam a enxergar o mundo como se nada tivesse alterado profundamente as relações pessoais.

Não adianta querer congelar o que parecia ser bom, bonito e maravilhoso na fase do domínio da juventude na composição social. Mas isso mudou. Basta olhar a tabela abaixo.

Projeção da População Brasileira por Sexo e Idade 2000/2060 –IBGE revisão 2013

A Tabela abaixo mostra o volume da população em milhões de pessoas separadas pelo grupo da juventude – de 0 a 24 anos e o grupo adultos de 25 anos em diante.

idade/ano

2000

2010

2020

2030

2040

2050

2060

0 a 14

52,1

49,9

44,3

39,3

35,4

31,9

28,3

15 a 24

34,4

34,5

33,9

30,3

26,7

24,1

21,8

total

86,5

84,4

78,2

69,6

62,1

56,0

50,1

Adultos de 25 +

86,9

111,1

133,9

153,5

166,0

170,3

168,1

173,4

195,5

212,1

223,1

228,1

226,3

218,2

Verifica-se que na virada do século acabou o domínio da juventude no Brasil. Não há como negar os números. A matemática é um instrumento de precisão.

A história da humanidade é um meio de acompanhar a evolução do pensamento e da vida prática.

A civilização é dinâmica e quando parou na Idade Negra, ficou mil anos contando os mortos.

A partir do Renascimento tudo começou a acontecer e não parou mais. A Idade moderna trouxe a indústria e depois a tecnologia se encarregou de acabar definitivamente com o imobilismo em tudo.

Atualmente ainda encontramos nichos de conservação em atividades menos importantes, em entidades geralmente asquerosas, em mentalidades insanas e incapazes de viver na realidade.candidados_vippesVIPPES são a nova onda que chega modificando totalmente a sociedade. Quem não entender e não perceber isso vai acabar em um nicho social do século passado.

Não se trata de uma afirmação emocional isenta de racionalidade e comprovação pragmática.

É preciso ir atrás dos indicadores sociais, das observações diretas do que se enxerga nas ruas, nas empresas, na vida em comum.

É necessário buscar dados, informações, análises e pesquisas que mostrem a nova realidade. Entretanto, é fundamental e talvez se concretize como o fator mais importante para a percepção plena da nova situação criada pelo envelhecimento populacional, a destruição dos mitos, dos preconceitos e dos receios que ainda envolvem a idade avançada.

No Brasil, mais do que na maioria das nações, a velhice é considerada um fator negativo, uma preocupação desconfortável, um constrangimento desagradável.

Mas isso tem que mudar urgentemente. Ou mudamos essa conceituação ou então iremos vivenciar uma crise social sem precedentes.

Passeatas, depredações, movimentos sociais dos sem-terra, dos sem-teto, dos gays, dos negros e de todos aqueles que se sentiam ou se sentem marginalizados de alguma maneira serão “fichinha” perto das implicações sociais da supremacia dos VIPPES no conjunto social se não houver um novo entendimento do que eles realmente são.

A questão se divide em dois vértices: um é a questão logística e outro a questão social.

Não se pode dizer que um é mais importante que o outro porque se não houver adequações os dois vértices conduzirão à sociedade a um caos nunca imaginado.

A Constituição Federal será um folheto inútil e o País acabará necessitando de implantar novos sistemas políticos que forcem a execução de medidas arbitrárias, mas imprescindíveis para evitar o desmoronamento nacional inclusive das fronteiras geográficas.

Não é uma visão doentia e pessimista do futuro, mas uma projeção realista do que acontecerá se não forem tomadas medidas imediatas para aproveitar o envelhecimento populacional inexorável que já está em pleno processo veloz e recordista mundial.

A aceitação da participação dos VIPPES na condução da sociedade é a primeira condição para que essa sociedade se aprimore.

A mídia vai exercer um papel de importância como nunca no processo de reforma da mentalidade social. Ela tem que ter consciência dessa missão. Agora!

G. Hansen Jr.

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