- 07 de abril de 2019

Trocando o carro pela bike

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Mais que um veículo de lazer, a magrela pode ser o meio de transporte que leva o VIPPES ao trabalho, à farmácia, ao cinema. Se ao ler o título desta matéria pensou logo num: “No Brasil é impossível”,compreende-se o ceticismo.

trocar_o_carro_pela_bikeDe cara, aí vai uma informação que pode rever a opinião: a bicicleta é o veículo individual mais usado no País. A conta é fácil: a magrela é o meio de transporte próprio mais popular nos pequenos centros urbanos (municípios com menos de 50 mil habitantes), que representam mais de 90% das cidades brasileiras (traz à memória a cena típica do trabalhador rural pedalando pela estrada).

Surpreendente mesmo. Quem sabe não vale a pena seguir adiante e descobrir que é possível desmontar outros mitos – e também reafirmar verdades? É fato que aquilo que se vê pela janela do carro não é convidativo e pode-se levar a desistir de ler esta matéria agora mesmo. O trânsito nas grandes cidades do País está um caos, como diz o chavão. Mas não seria justamente esse um bom motivo para se aposentar o carro? É o que muitas pessoas têm feito.

Em São Paulo, faça sol ou faça chuva, uma sexta-feira por mês, enquanto os carros mal se movem pelas ruas, ciclistas se encontram na altura do número 2440 da avenida Paulista. Dali, saem numa espécie de carreata – mas, claro, de bicicleta – para divulgar a bike como meio de transporte. Eles param o trânsito e chamam a atenção dos motoristas para essa opção de transporte menos poluente e, muitas vezes, mais rápida. Num engarrafamento na capital paulista, os automóveis andam de 5 a 8 quilômetros por hora, enquanto a bicicleta chega a 15. Assim é a Bicicletada, versão brasileira de um movimento que surgiu em São Francisco, Califórnia: o Critical Mass, hoje em 300 países.

Já na Dinamarca, as bicicletas são tão usadas quanto carros e que caso interessante vem de lá: habitante de Copenhague, Ole Kassow leva VIPPES para passear em magrelas adaptadas. E o projeto é o maior sucesso!

Como todo bom dinamarquês, Ole Kassow tem uma paixão por bicicletas. Em Copenhague, capital do país, elas são mais usadas do que os carros. Para Kassow foi mais uma grande “clic”  de empreendedor: alugou um rickshaw – uma espécie de bike-táxi – e foi até um asilo local ver se alguém dali queria dar uma volta.

Segundo ele, foi uma ideia meio maluca. Achou que seria “chutado” de lá, mas em meia hora estava com uma simpática VIPPES e seu cuidador  pedalando pelos parques, conta. A iniciativa fez o maior sucesso e, então, o Conselho da Cidade decidiu seguir com a ideia, comprou alguns rickshaws e distribuiu pelos asilos.

Hoje, por meio de uma página no Facebook, o projeto recruta voluntários pedalistas que saem em comboio com os idosos. “Eles pedalaram a vida toda e tiveram de parar com a idade avançando, o que é uma pena. O maior ganho do projeto é botar essas pessoas de volta ao prazer de pedalar e criar um laço entre a comunidade e os asilos”, diz ele.

Enfim, tirar a bicicleta do fundo da garagem pode ser uma boa ideia para a saúde. Além de ser uma prática vantajosa para o meio ambiente, pedalar melhora o sistema cardiorrespiratório, alivia o estresse mental, queima calorias e fortalece os músculos e as articulações dos VIPPES.

Então, o que é preciso para que essa mudança se concretize e os VIPPES possam fazer parte cada vez maior das bicicletadas é adequar as cidades e a logística para que eles possam ser atendidos. Criar uma estrutura de suporte com médicos, enfermeiros e socorristas. Instalar empresas que ofereçam os recursos em roupas, acessórios, capacetes especiais. Quem sabe o Brasil aperfeiçoe o “rickshaw”. Logo teremos cuidadores diplomados em condução de “rickshaw” para VIPPES. A criatividade empreendedora ganha um campo enorme para estudo e investimento no mercado que não vai parar de crescer nos próximos cinquenta anos.

Mona C. Cury

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