- 07 de abril de 2019

Mercados em mutação

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Quando um determinado segmento de mercado entra em crise ou redução, a solução é procurar alternativas em nichos ou em outros segmentos. O mais promissor atualmente é o da transição etária.

mercado_em_mutacao1Os especialistas de mercado costumam afirmar que nenhum mercado é estruturalmente fixo, mesmo aqueles que parecem congelados. Com efeito, o que indica a estabilidade de qualquer mercado, é a manutenção dos fatores que determinam a sua sustentação. Uma simples mudança em um dos fatores pode provocar sensíveis alterações no comportamento até então estável.

Parte das alterações pode ser transitória caso o fator causador seja complementar; outra parte muda definitivamente se o fator causador seja de base mesmo que, em curto prazo, ele seja neutralizado. Isso porque qualquer instabilidade no fator de base cria insegurança e nenhum mercado se sustenta em fatores de base não estáveis.

A idade é um fator de base. A maioria dos mercados tem na idade um dos fatores de base mais estáveis na determinação de projetos e ações comerciais da mesma forma como o fator gênero –masculino, feminino – ou localização.

Na ocorrência de uma transição etária como a que se observa no País é inevitável que a sociedade procure buscar soluções para retornar à estabilidade. A adequação do mercado a uma nova demografia etária é garantia do equilíbrio social.

O quadro abaixo ilustra com absoluta precisão a situação descrita acima:
(Segundo dados do IBGE em: “Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade – 1980/2050 – revisão 2008).

ano

População

0 a 14 anos

% sobre

total

População

55 anos em diante

% sobre

total

1980

45.339.850

38,2

10.330.774

8,7

1990

51.789.936

35,3

14.046.545

9,6

2000

51.002.937

29,8

19.337.376

11,3

2010

49.439.452

25,6

27.256.417

14,1

2020

41.571.334

20,1

39.848.822

19,2

2030

36.761.006

17,0

53.238.287

24,6

2050

28.306.952

13,1

79.073.987

36,7

Observa-se que a população infantil de 0 a 14 anos apresenta grande redução na década atual que continua com menos intensidade de 2020 em diante.

Pelo contrário, constata-se uma contínua progressão do volume da população acima de 55 anos que atinge níveis recordes nas décadas de 2030 a 2050.

Como o fator idade é de base para a definição de mercados, todos os agentes ativos da sociedade brasileira precisam levá-lo em conta para ajustes em todas as áreas de atendimento à população.

A população infantil vai provocar mudanças em milhares de áreas que a atendiam com produtos e serviços. A indústria de brinquedos, por exemplo, já sentiu a estagnação de mercado na década passada e algum aumento de faturamento foi devido exclusivamente ao crescimento do poder de compra da classe C e alterações em algumas linhas de produtos de maior valor agregado. Mas, nesta década, a diminuição da quantidade de crianças é vigorosa – 16%  a menos. O mesmo se aplica para a indústria e o comércio de roupas infantis e demais produtos. Não adianta querer aumentar as vendas de bens e serviços per capita porque o nível de poder de compra já se esgotou e a ascensão social também não demonstra mais fôlego.

O que fazer?

Nenhum setor de atividade aceita redução de atividade ou de faturamento. Não é saudável para a economia. A solução está na parte esquerda do quadro acima onde se percebe, sem nenhuma dúvida, a notável expansão do mercado de pessoas de 55 anos em diante. Essa classe que era apenas 22,3% do total de crianças em 1980, já está hoje representando 62% do total de crianças e, em menos de 9 anos (2022), irá ultrapassá-lo.

Assim, organizações comerciais como as famosas “Casas Alô Bebê” poderão criar filiais ou seções como “Casas Alô Vovó”; a “Brinquedos Estrela” já expande a sua série de jogos para adultos e a indústria alimentícia e nutricional já começa a criar produtos voltados para os seniores, como o caso da Nestlé (Nutren sênior) e Abbott (Ensure).

É a sociedade fazendo a transição etária acontecer de forma produtiva, positiva e otimista.

Germano Hansen Jr.

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