- 05 de abril de 2019

A “Bengala” dos novos VIPPES

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A complexidade do tema envelhecimento populacional pode trazer novos produtos até então apenas existentes na imaginação de visionários de carteirinha. Onde já se viu falar de bengalas para VIPPES?

bengala1Bengala é um instrumento ou ferramenta acessória muito interessante. Derivada dos antigos cajados do início da civilização virou cetro nas cortes imperiais e acessório imprescindível para a demonstração de poder temporal e divino nas mãos de papas e cardeais.

Serviu como arma na Inglaterra do século XVIII onde se exigia licença para seu porte. Também é desse período a introdução da bengala como acessório de moda. Fabricada com as madeiras mais nobres e cravejadas de pedras preciosas tornou-se símbolo de riqueza e autoridade social.

A utilização como instrumento imprescindível para a circulação de deficientes visuais aconteceu no século XIX. Já em 1930 nos Estados Unidos foi apresentada a proposta para a aprovação da Lei da Bengala Branca que dava prioridade no trânsito para os cegos que a portassem (Lei que passou a vigorar em 1931 com a instituição do dia 15 de outubro como Dia Mundial da Bengala Branca).

A bengala mais tecnicamente preparada para a movimentação de deficientes surgiu em 1945 graças a um tenente oftalmologista do exército americano que precisou melhorar as condições de vida útil do elevado número de soldados cegos em combate. A sua invenção tornava a ponta da bengala em um sensor tátil que facilitava a identificação da superfície e dos arredores em que o portador sem visão se locomovia.

Essa bengala saiu do uso militar para a sociedade civil em 1948.

Atualmente a bengala não é mais um modismo mas o seu uso foi ampliado para todas as pessoas que apresentem algum tipo de dificuldade de movimentação, principalmente as pessoas de mais idade e com comprometimentos visuais e locomotores dos membros inferiores ou da coluna. Em alguns casos a bengala foi acrescentada de pés e há vários tipos dos chamados andadores, inclusive com modelos de rodinhas e freios.

Mas é ainda a bengala o melhor instrumento para dar segurança às pessoas com dificuldades de locomoção mas ainda sem a exigência de uma cadeira de rodas.
Com a expansão acelerada da participação dos VIPPES (50 anos em diante) na sociedade atual, milhões deles precisarão de bengalas, pois não haverá braços suficientes para apoio de todos aqueles que quiserem exercer o direito de ir e vir a pé.

O problema é que os modelos oferecidos hoje ao mercado são totalmente insuficientes e pouco tecnológicos. Guarda-chuvas atuais são mais tecnológicos que as bengalas.

Bengalas devem ser oferecidas em muitos modelos diferenciados para homens e mulheres.

Bengalas devem ser desenhadas e projetadas para atender VIPPES com idades diversas e com dificuldades específicas individuais. A personalização é fundamental. O mercado de bengalas para VIPPES pode ser estratificado em diversos níveis de poder aquisitivo e certos recursos tecnológicos poderão ser barateados para uso na maioria dos modelos em razão do maior volume de consumidores potenciais.

Uma atenção especial deve ser dada ao Marketing. É fundamental uma campanha mercadológica para fazer da bengala um acessório social de qualidade e charme. É muito significativo o número de mulheres que sabem que precisam, mas não querem mostrar a dependência de uma bengala. Se ela for apresentada como um “plus” social, como um artigo que denote, de alguma forma, a qualificação de quem o usa, a bengala se tornará uma ferramenta importante também na economia nacional.

O volume de gastos particulares e públicos em saúde é influenciado fortemente pelas quedas de idosos em suas residências e na rua. Imobilizações prolongadas e definitivas, gastos imensos com próteses e equipamentos de sobrevivência, cessação de vida útil e produtiva tornam o custo dos tombos em um pesadelo para a administração previdenciária e securitária.

A expansão do uso da bengala por VIPPES poderá ser um dos grandes trunfos da nova onda etária. É uma das grandes oportunidades criadas pelo envelhecimento populacional.

Com certeza, o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – e o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –  terão enorme interesse em financiar empresas que se proponham a fazer da bengala um novo instrumento de redução dos custos da saúde pública. E com muita divulgação, comerciais nas melhores mídias, merchandising em novelas e alguns VIPPES célebres ditando a nova e charmosa moda das bengalas VIPPES exclusivas para pessoas VIPs.

Germano Hansen Jr.

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