- 07 de abril de 2019

Móveis “inteligentes”

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A indústria mobiliária apresenta um alto grau de tecnologia em alguns aspectos. Os VIPPES aguardam novos desenhos e mais praticidade nos próximos anos. Quando sairão os móveis inteligentes?

moveisvippesA mobília tem sido uma bandeira nas inovações do mundo moderno. Os vetustos móveis que preencheram os lares das famílias até meados do século XX foram rapidamente sendo substituídos por conjuntos mais leves. Uma das razões foi a redução na utilização da madeira, trocada por novos materiais mais resistentes e moldáveis em fantásticas máquinas industriais. O artesanato responsável por peças maravilhosas no período renascentista e exponencial nos séculos XVII e XVIII  tornou-se agora uma lembrança histórica.

O gênio humano e a sensibilidade dos artistas proporcionaram um mobiliário moderno muito elegante e prático, aliando tecnologia às necessidades novas de um mundo em transformação veloz.

Agora o desafio se renova de uma maneira talvez inesperada: criar a mobília da sociedade mais envelhecida. Não se trata mais da manutenção de peças que atravessem os séculos, mas de conjuntos que propiciem fácil manuseio, segurança, muito uso, bastante movimento e beleza mesmo que descartáveis no tempo. O motivo principal é o usuário VIPPES. Não mais algumas centenas de milhares sobreviventes das dificuldades sociais, das pestes, dos desastres naturais, mas sim, dezenas de milhões de pessoas mais dispostas a viver ativamente.

São os VIPPES que querem contar com salas de estar, quartos, cozinhas e banheiros montados para que atendam dia e noite às necessidades e prazeres de se morar com qualidade e segurança. Em razão das condições econômicas, naturalmente, alguns terão disponíveis linhas mais luxuosas, mas o importante é a praticidade. Os VIPPES vão viver mais tempo e sabem que a saúde e as condições físicas não serão as mesmas da juventude. Antes não precisavam se preocupar muito porque a morte chegaria antes dos 60 e, raramente, depois dos 70.

Agora a situação é outra e a cada ano mudará ainda mais. Na metade deste século, os VIPPES de 70 anos em diante serão em número bem maior que todas as crianças de até 14 anos (IBGE- Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade -1980-2050 –Revisão 2008). Não é preciso esperar pelo ano de 2050. Em 2020 já serão mais de 12 milhões de VIPPES de 70 anos em diante – e, com maioria feminina.

Como serão os móveis para essa população numerosa? Precisarão ser práticos, sobretudo! Não deveriam ter quinas. Impossível? Quina é um perigo para VIPPES de mais idade. VIPPES sofrem quedas com mais frequência, principalmente, dentro de casa. Móveis com quinas só fazem aumentar as consequências das quedas.  Gavetas que emperram, maçanetas que parecem cofres de banco, dobradiças que dependem de um “Rambo” para abri-las, mesas que não podem sair do lugar. E os armários? Enormes, compridos, com espaços lá no alto e que necessitam de escada para serem alcançados. E quem vai subir na escada? VIPPES de 70 anos?

Quantos dos 12 milhões de VIPPES de 70 anos em diante irão conseguir subir em escadas?

Há muito em que pensar e criar. E quem o fizer vai atender a milhões de usuários e ganhar muita imagem e dinheiro. Em 2008, a SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia) do Ceará, através de seu presidente na época, o Professor Dr. Manuel Bonfim Braga Junior, realizou o projeto “Casa Segura”. O objetivo foi mostrar que era possível tornar a decoração mobiliária de uma residência altamente segura e apropriada para evitar um dos maiores problemas para os VIPPES, as quedas. A ideia tornada prática foi apresentada na edição da “Casa Cor de Fortaleza” e planejada para ser vista por toda a população da cidade em um local adequado em conhecida praia daquela capital nordestina.

Portanto, a preocupação já significa movimentação para a solução. Mas é preciso rapidez porque o envelhecimento populacional é muito veloz.

Germano Hansen Jr.

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