- 07 de abril de 2019

A nova mobília

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A mobília de uma residência é um indicador de sensibilidade e de praticidade dos moradores. Para os VIPPES a mobília pode ser tão importante quanto o direito de viver com conforto.

a_nova_mobiliaQualquer pessoa de qualquer idade gosta de dormir em um formidável colchão em uma atraente cama cercada por armários embutidos ou não. Aprecia ver televisão refestelada em um sofá ou poltrona macia e dispor na cozinha de móveis com armários para utensílios e alimentos facilmente alcançáveis. Nos banheiros um bom chuveiro, uma pia funcional e a bacia sanitária confortável.

Naturalmente há moradias maiores e menores. Há móveis de preço muito alto e outros muito econômicos. E lamentavelmente também existem os moradores de rua e membros da classe E que mal conhecem um colchonete.

Mas o tema deste artigo é a mobília ideal para VIPPES. Por que os VIPPES precisariam de uma mobília “ideal”? O que se entenderia por ideal? O ideal é bom gosto, certamente! Mas não só isso!

Móveis têm longa duração e passar anos e anos vendo os mesmos móveis todos os dias é monótono, cansativo e pouco desafiador. Mesmo assim, certos móveis agradam tanto que se tornam decorativos, funcionais e integrantes de um ambiente agradável e estável.

Mas mesmo os mais requintados sob o ângulo de decoração e de funcionalidade, podem se tornar inadequados e inseguros.

Como e quando isso acontece? Quando os VIPPES encontram dificuldade em realizar algumas operações corriqueiras nos móveis. Por exemplo: precisar pegar um utensílio na estante mais alta do armário da cozinha. Em princípio pode parecer muito simples. Com dez anos de idade, um garoto sobe em uma escada e pega o utensílio. Dos vinte aos quarenta anos serve a escada ou uma cadeira e o utensílio poderá ser retirado. Ainda vai dar para alguém com menos de cinquenta conseguir trazer o utensílio para baixo.

Mas a partir dos cinquenta e com dificuldades maiores a cada ano, a tarefa começa a ficar mais difícil.

Motivos:

– todas as pessoas perdem alguma altura à medida que os anos passam (problemas na coluna, principalmente);
– obesidade adquirida à medida que os anos passam e que reduz a mobilidade;
– atrofia de músculos dos braços e das pernas por diminuição de exercícios e movimento;
– degeneração da cartilagem dos joelhos dificultando a subida ou descida em degraus;
– perda de parte da acuidade visual;
– perda de audição em um dos ouvidos causando alguma dificuldade no equilíbrio;
– tonturas causadas pela tomada de determinados medicamentos para problemas diversos;
– eventual labirintite;
– varizes nos membros inferiores;
– câimbras frequentes;
– artrose ou artrite;
– osteoporose.

Qualquer um desses pode dificultar a simples operação de pegar um utensílio em prateleira mais alta. Alguém pode achar que não há VIPPES que apresentem todos os motivos relacionados. Sem dúvida que poucos VIPPES apresentarão todos esses problemas concomitantemente. Mas basta um desses motivos para evitar a efetivação de uma tarefa tão simples como subir em uma escada.

E não há nenhum VIPPES que não apresente pelo menos uma das dificuldades mencionadas. É normal e natural e não pode e não deve ser considerada como um fator impeditivo de levar uma vida normal. O que não é normal é a existência de uma prateleira alta que para ser alcançada exija um ser humano fisicamente perfeito para conseguir chegar a ela através de recursos que envolvem riscos à segurança pessoal.

E aí, o que fazer?

Chamar um filho, neto ou sobrinho.

Ter uma empregada?  Ter uma cuidadora?

Chamar alguém de confiança.

Naturalmente essas soluções são desejáveis, mas impraticáveis para a maioria das pessoas. Por razões financeiras, familiares ou comportamentais. Então, como se poderia sanar a dificuldade dos VIPPES sem contar com a solução maravilhosa e quase sempre utópica de ter apoio humano externo?

Modificando o desenho e a funcionalidade da mobília. Esta precisa ser criada com o objetivo de poder ser utilizada pelos VIPPES em toda a sua autonomia possível.

Armários com altura máxima para terem portas abertas sem necessidade de recursos especiais; camas ajustáveis na altura; sofás e poltronas que permitam o sentar e o levantar principalmente; boxes de banheiros com barras de segurança; bacias sanitárias com barras para facilitar o levantar; cadeiras com braços e outras inovações de bom senso.

A substituição etária é a grande oportunidade de remodelar a indústria de móveis em todos os aspectos e para todas as classes sociais. Serão milhões de indivíduos que ajudarão a sociedade a se manter evolutiva. Hoje já chegam a quase quarenta e três milhões de indivíduos e em menos de cinco décadas passarão dos cem milhões sendo quase cinquenta por cento do total da população.

Torquato Morelli

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