- 07 de abril de 2019

Rampas e plataformas

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Mais dias ou menos dias e não haverá alternativa: rampas e plataformas móveis para VIPPES terão que fazer parte da nova arquitetura motivada pelo envelhecimento populacional. Para construções novas ou já existentes.

Em uma reunião de condomínio surgiu uma solicitação de alguns condôminos para a melhoria da condição de movimentação de VIPPES de idade mais avançada dentro do edifício.

A administração do condomínio, através da manifestação formal do Síndico, decidiu estudar a reivindicação e levantou algumas informações sobre o assunto:

  1.  um levantamento indicou que nos 50 apartamentos havia uma média de três moradores por unidade, portanto 150 moradores no total. Desses, 35 tinham mais de 50 anos e 15 passavam dos 70 anos.
  2.  resultado estava ligeiramente acima da média para a cidade.
  3.  dos residentes acima dos 50 anos e abaixo dos 70, dois apresentavam alguma dificuldade de caráter físico para subir ou descer escadas;
  4.  grupo dos 15 acima de 70 anos, um estava acamado definitivamente, dois se locomoviam em cadeiras de rodas e três apresentavam dificuldades para subir e descer escadas, sendo que um deles praticamente necessitava de duplo-auxílio para ultrapassar um único degrau.
  5.  no grupo dos 115 moradores abaixo de 50 anos, havia dois casos de moradores com dificuldades para locomoção em razão de acidente (um deles) e sequela de cirurgia corretiva da coluna (o outro).
  6. portanto, no total do edifício se contavam 10 moradores com dificuldades para vencer as escadas. Representavam sete unidades no total de 50 apartamentos.
  7. no quadro de projeção para dez anos, mais 25 moradores passariam dos 50 anos e mais 10 estariam acima de 70 anos, perfazendo 60 condôminos acima dos 50 anos e 25 acima dos 70 anos.
  8. mantendo a mesma representatividade, em dez anos haveria entre 15 a 20 moradores com dificuldades para uso de escadas.

Para efeito de planejamento de reformas e adaptações, o Síndico concluiu que a solicitação dos condôminos deveria ser atendida. Juntamente com o Conselho de Obras, tentou fazer um orçamrampas_e_plataformasento para o custo das obras. Não encontraram empresas de reformas que fossem especializadas em rampas ou adaptações para vencer as escadarias. Não encontraram arquitetos com disposição para estudar o edifício e alguns que aceitariam condicionalmente pediram uma fortuna para fazer um projeto.

Resultado final da solicitação: uma discussão acalorada em assembléia convocada para debater o assunto e a conclusão de postergar a eventual obra, por falta de profissionais e empresas especializadas no caso.

A cidade de São Paulo, por exemplo, tem cerca de 45 mil condomínios com mais de 5 milhões de condôminos moradores. Mais de um milhão de moradores já completaram 50 anos e mais de 70 mil têm problemas para subir e descer escadas. E em dez anos, serão mais de 150 mil com a mesma dificuldade.

Queiram ou não, os condôminos terão que aprovar em algum momento, a reforma e adaptação dos edifícios às novas exigências do envelhecimento populacional antes que o Estado determine as medidas que poderão ser mais rígidas e complexas.

Mas antes das próprias decisões de Síndicos, Conselhos de Obras e Condôminos, é fundamental que surjam empresas de arquitetura, engenharia e construções, competentes para avaliar e planejar as reformas adequadas para melhorar as condições de moradia para todos os moradores em condomínios, inclusive os VIPPES que não conseguem superar as escadas.

F. Aristóteles Filho

 

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