- 07 de abril de 2019

Betty Faria

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“Então querem que eu vá à praia de burca, que eu me esconda, que me envergonhe de ter envelhecido?” E a minha liberdade?… E o prazer, a alegria, meu humor?”

betty_fariaCom mais de 70 anos, Betty Faria desabafa: “Tenho direito de ficar velha.” atriz consagrada, mas que resolveu assumir a idade que tem, ou seja, ela é mais uma VIPPES que conseguiu chegar… e bonito! Um tempo atrás, ela foi alvo de críticas ao aparecer de biquíni na praia e ainda se mostra magoada com o episódio.

A mulher brasileira tem a fama de ser a mais liberada do mundo. A mais ousada do planeta na maneira de se vestir. A mais à vontade com o próprio corpo.

Grande parte desta reputação é mais do que justificada. Afinal, somos o País que não só inventou a tanga como a reduziu à sua mínima essência, o fio-dental. A nudez parcial feminina é obrigatória não só nas praias, mas também nos desfiles de carnaval e até nos programas de auditório da TV.

Mas esta liberdade é ilusória. Vale lembrar que o “topless”, absolutamente corriqueiro  na Europa há anos, jamais pegou em terras brasileiras. E ainda há uma patrulha enorme em cima de quem “pode” ou não exibir o corpo em público.

Que o diga Betty Faria, uma legítima representante VIPPES.  A atriz sofreu um autêntico “bullying” virtual, depois que foram publicadas fotos em que ela aparece de biquíni na praia do Leblon, no esplendor dos 72 anos.
Uma verdadeira não-notícia, já que Betty mora no bairro há décadas e sempre frequentou suas areias em maiôs de duas peças. Mas, em tempos de “paparazzi” e internet, este fato banal gerou um pequeno escândalo.
Betty foi chamada de “velha” para baixo nos comentários às fotos, como costuma acontecer quando a grosseria é protegida pelo anonimato. Magoou-se, mas não se intimidou. Assinou um artigo na revista “Lola” defendendo seu direito de tomar sol do jeito que quiser.

“ Então querem que eu vá à praia de burca, que eu me esconda, que me envergonhe de ter envelhecido? E a minha liberdade? Depois de tantas restrições alimentares, remédios para tomar, exercícios a fazer, vícios a evitar, todos próprios da idade, ainda preciso andar de burca? E o prazer, a alegria, meu humor?”

O bafafá em torno do biquíni de Betty Faria lembra outro, mais antigo. No começo dos anos 70, Leila Diniz ousou ir à praia exibindo o barrigão grávido de muitos meses. Teve até padre criticando a atitude, mas Leila foi uma pioneira. Abriu o caminho para outras. Hoje ninguém mais se choca ao ver uma grávida de biquíni.

Só há um detalhe que atrapalha a vontade de todas as VIPPES: onde está a moda de praia para VIPPES? Porque os estilistas e fabricantes não pensam em criar um vestuário próprio para VIPPES que querem ir à praia, à piscina ou a qualquer tobogã de água? Maiôs e até biquínis podem ser fabricados com material absorvente para eventuais “incontinências”; o mesmo para  saídas de praia com acessórios adequados. Quando o homem realmente quer, ele consegue inventar o novo.

Da mesma forma que saltam de paraquedas, escalam montanhas, atravessam o Canal da Mancha a nado, disputam competições esportivas e participam de outras peripécias “assustadoras”, hoje os VIPPES podem fazer o que bem desejarem. A dificuldade está na logística, apenas.

Uma atraente, sensível e tecnológica moda VIPPES para praia vai dar o que falar, porém, vai atender desejos e sonhos de consumo e proporcionar excelentes negócios. E quem sair na frente vai perceber que isso poderia ter sido feito antes. Mas nunca é tarde para começar.

Mona Cury

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