- 07 de abril de 2019

O mercado do apetite

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Que ninguém fica sem comer todos sabem. Alimento é o maior mercado vitalício do planeta. E a substituição etária vai fazê-lo ainda mais especializado.

o_mercado_do_apetiteA alimentação dos VIPPES é um dos maiores filões da indústria livreira mundial e alguns dos títulos já se tornaram campeões de vendas nas listas de grandes editoras.

Naturalmente há publicações de alta qualidade técnica em meio a muitas “baboseiras” que pouco ou nada contribuem para a importância do tema.

No segmento de revistas e edições periódicas contam-se dezenas de títulos e algumas até são bem elaboradas e trazem orientações razoáveis.

Como acontece em todas as áreas, a quantidade não é sinônimo de qualidade e no caso da alimentação a diversidade é tanta que se torna quase impossível identificar o que realmente presta e o que não passa de lixo ou quase isso.

Dietas absurdas, criações culinárias excêntricas, relação de componentes exóticos e raros, ausência de pesquisas e boa dose de empirismo fazem de alguns trabalhos nada mais que panfletos publicitários.

Está faltando um atestado de confiabilidade em tudo que está sendo publicado. Já existe uma indústria livreira que edita e divulga livros sem nenhuma análise, nem ortográfica e gramatical. Quanto ao conteúdo, nem pensar.

Sempre vai aparecer alguém que defenderá “a liberdade do pensamento”. Ir contra a impressão de livros “é atentar contra a liberdade de opinião”.

Mas em tudo tem que haver limite.

A alimentação dos VIPPES é assunto sério. Uma classe etária que vai se expandir e chegar à metade de toda a população do País e que vai ter que se alimentar adequadamente para evitar doenças, não poderá ser vítima de má orientação nutricional.

É necessário que haja um código formal que impeça a publicação e divulgação de artigos, livros, revistas e trabalhos que não alcancem um padrão mínimo de exigências.

Trabalhos sem “DNA científico ou técnico” não podem ser apresentados como sugestões e orientações para milhões de pessoas leigas.

Antes do advento da Internet a preocupação era menor, ainda que também constante. Com a Internet, as consultas a sites de informação nivelaram quase tudo para baixo. Pesquisadores e profissionais categorizados sabem e conhecem as fontes confiáveis e lá buscam conscientemente informações qualificadas, mas a maioria dos internautas não possui nenhuma base para identificar o que é bom e o que não serve.

No Brasil há publicações respeitáveis que poderiam ser atualizadas e serviriam para formar referência no assunto. Auxiliaria muito aos milhares de novos profissionais que terão que se ver frente a frente com a alimentação dos VIPPES.

Apenas como ilustração, a simplicidade pode ser um primeiro passo para servir como ponto de apoio para a formação de centenas de milhares de cuidadores de VIPPES. Com o tempo, a mão de obra irá se especializando e então novos conhecimentos terão que ser adicionados.

Nessa linha se destaca um trabalho divulgado pela Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.

Trata-se do folheto de 36 páginas “Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde”, da Editora do Ministério da Saúde, de 2009. A autoria do texto é das professoras do Departamento de Nutrição e Saúde – DNS/UFV – Universidade Federal Viçosa, Maria Teresa Fialho de Sousa Campos e Ana Íris Mendes Coelho.

Segue o Sumário do folheto (1ª edição com 13.000 exemplares) como referência da simplicidade competente da inteligência acadêmica brasileira.

“Apresentação

1 A quem chamamos de pessoa idosa?
1.1 Qual é a idade usada para definir quem são as pessoas idosas?
1.2 Por que há essa diferença entre os países?

2 Cada pessoa envelhece num ritmo próprio

3 Quais as orientações para favorecer uma alimentação saudável para a pessoa idosa?

4 Medidas associadas ao preparo das refeições diárias
4.1 Cuidados na compra dos alimentos
4.2 Cuidados no armazenamento dos alimentos
4.3 Cuidados com a higiene pessoal e durante o manuseio de alimentos
4.4 Procedimentos de rotina
4.5 Cuidados no preparo das refeições

5 Medidas associadas ao consumo das refeições
5.1 Fazer as refeições em local agradável
5.2 Incentivar a higienização das mãos antes das refeições
5.3 Distribuir a alimentação diária em cinco ou seis refeições
5.4 Estimular o entrosamento social nos horários das refeições
5.5 Desestimular o uso de sal e açúcar à mesa
5.6 Orientar a pessoa idosa a comer devagar, mastigando bem os alimentos
5.7 Cuidar bem da saúde bucal, favorecendo o prazer à mesa
5.8 Estimular a busca e o consumo da água entre as refeições
5.9 Estar atento à temperatura de consumo dos alimentos
5.10 Saborear refeições saudáveis

6 Orientações especiais para auxiliar a autonomia da pessoa idosa
6.1 Simplificar a colocação da mesa para as refeições
6.2 Promover o contraste de cor entre a toalha de mesa e os utensílios
6.3 Selecionar os utensílios mais adequados

7 Dez passos para uma alimentação saudável para pessoas idosas
7.1 Porções de alimentos e medidas caseiras correspondentes

8 Considerações finais

Referências”

O mercado da substituição etária é espantoso e a alimentação deverá e poderá ser a grande moeda de referência. Mas precisa ser administrada por gente preparada em todos os aspectos e um dos cruciais é a informação correta.

J. Mark Torrence

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