Como explorar o potencial de consumo dos VIPPES? É certo chamar quem tem mais de 50 anos de velhinho? Eles trabalham, fazem ginástica, vão jantar fora com amigos, entram toda hora no Facebook e não querem dormir cedo.
Que tal listarmos algumas atividades de VIPPES? Alguns têm suas tardes e noites para dar aulas. Fazem ginástica, pelo menos três vezes por semana. Aos sábados, costumam jantar com amigos — até gostam de experimentar pratos com tempero apimentado, como os das culinárias tailandesa, indiana e mexicana. Cada vez mais brasileiros assim, com mais de 50 anos continuam trabalhando e têm agenda cheia. O maior acesso a sistemas de saúde, planos médicos e tratamentos avançados aumentou a expectativa de vida do brasileiro.
O envelhecimento do consumidor brasileiro tem levado muitos empreendedores a adaptar seus negócios para agarrar as oportunidades geradas pelo público VIPPES. Assim, cada vez mais, pode-se observar gente de cabelos brancos levantando pesos e correndo nas esteiras. Estão cuidando da saúde e da performance.
Estudos revelam que a adesão dos VIPPES à novas tecnologias tem sido rápida. Quantas vovós de classe média, hoje em dia, usam o Skype para conversar com os netinhos que moram em outra cidade? Ou postam fotos da família inteira no Facebook? Noutro, a mãe, que dormia às 21 horas, no máximo, agora fica até depois da meia-noite no Facebook, procurando pessoas com o mesmo sobrenome. Ela também usa a rede para entrar num site do governo em que há um campo para enviar mensagens à presidente Dilma.
E quanto às viagens? A pesquisa para VIPPES “Hábitos de Turismo na Terceira Idade”, realizada pelo PROVAR/FIA (Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração), em parceria com o IBEVAR (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo), traça o perfil, preferências e dificuldades dos turistas VIPPES, e constata que 68,7% deles prefere viajar pelo Brasil.
Ao todo, foram entrevistados 384 idosos, das classes A e B, residentes na cidade de São Paulo. Desse total, 32,9% viajam de duas a três vezes por ano, e 46,7% permanecem menos de 7 dias no local escolhido.
Dentro do perfil dos viajantes da terceira idade, 43,1% exerce “Atividades diversas”, os “Aposentados” somam 41,8% e os “Do lar” totalizam 15,1%. As viagens mais feitas são a lazer, um índice de 96,5%. Em relação às principais causas de motivação para as viagens estão: “Convívio com a família” (53,3%), “Férias” (44,0%), “Recreação – Entretenimento” (32,0%) e “Fazer novas amizades” (28,8%). Já as pessoas que informaram viajar a trabalho e as que não costumam viajar, são 8,8% e 1,8%, respectivamente.
Preferências deste consumidor
Sobre as escolhas deste público, foram apuradas as seguintes vertentes:
• 68,7% preferem fazer viagens pelo Brasil, ante 31,3% que informaram ter viagens ao exterior como foco;
• 61,4% gostam de viajar fora das férias escolares, 23,4% em feriados prolongados e 15,2% no período de férias escolares;
• 58,6% optam por viagens do tipo “Turismo histórico”, 56,6% “Recreação e entretenimento”, 14,8% “Turismo religioso” e 5,2% “Turismo de saúde”;
• 54,0% escolhem suas viagens por meio de agente; 49,7% informações de parentes e amigos, 28,4% anúncios de jornais, 23,9% internet, 14,8% programa de televisão especializado em viagens e 3,5% de outras formas;
• e 46,7% permanecem até 6 dias no local escolhido;
• 72,4% preferem viajar por meio aéreo, 17,2% por transporte rodoviário, 6,1% por transporte marítimo e 4,3% por transporte próprio; e
• 71,2% tem interesse em viajar com grupos de idades diferentes, contra 28,8% que preferem fazer viagens com pessoas da mesma faixa etária.
Outro destaque importante da pesquisa revela o que esses idosos gostariam que as agências de viagens oferecessem e o resultado foi o seguinte:
Dificuldades
Outro aspecto levantado no estudo informa sobre as dificuldades encontradas por este público, dentre elas estão:
Alimentação
• 37,8% Alimentação especial para hipertenso, diabéticos, etc.
• 33,0% Não encontraram dificuldades neste aspecto.
• 24,7% Cardápios mais leves (sopas, canjas, caldos, etc).
• 20,6% Possibilidade para realizar o próprio cardápio.
• 18,0% Alimentação própria para regime.
• 16,9% Fila nos buffets.
• 1,3% Outras dificuldades.
Hospedagem
• 33,1% Não encontraram dificuldade nas instalações e atividades dos hotéis.
• 31,3% Encontrar assessoria especializada para atender diferentes classes etárias.
• 23,7% Banheiros sem apoio.
• 20,8% Escadarias – falta de rampas.
• 19,5% Falta de atividades esportivas.
• 15,1% Falta de corrimão.
• 11,7% Falta de espaço saúde & corpo (sala de ginástica).
• 11,7% Pisos escorregadios.
• 7,3% Falta de infraestrutura de informática.
• 5,2% Falta de recreação.
Esta é uma população crescente em todo mundo e, os VIPPES, que investem em viagens a lazer, têm algumas peculiaridades que devem ser verificadas para a melhoria dos serviços prestados.
Mona C. Cury