- 07 de abril de 2019

Residenciais e Flats

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A maioria saudável dos mais de 43 milhões de VIPPES gostaria de viver com autonomia quando morar com a família se torna inconveniente ou impossível. E os menos saudáveis?

residenciais_ou_flatsQuando se avalia o mercado potencial criado pelo envelhecimento populacional, a habitação adquire importância extraordinária. Inicialmente é preciso separar os VIPPES em quatro grandes grupos e na prática cada um representando um quarto do total.

O primeiro grupo é o dos VIPPES que podem morar em um ambiente familiar com parentes. Nesse caso os VIPPES participam das despesas, recebem atenção pessoal de familiares e vivem razoavelmente bem dentro das possibilidades econômico-financeiras desse “lar”. Com boa saúde ou não são encontrados em famílias de todas as classes sociais.

Mudanças nessa situação só ocorrem quando na idade mais avançada os VIPPES se tornam dependentes de terceiros e a família não tem mais condições de manter um atendimento adequado.

O segundo grupo é o dos VIPPES que querem morar sem familiares. Solitários ou acompanhados de amigos, cônjuge, companheiros, apresentam boa saúde e desejam manter um grau de autonomia e independência para conduzirem a vida da maneira idealizada ou possível.

Mudança só vai ocorrer quando por acidente, doença ou longevidade, perdem a condição de autonomia. Geralmente preferem atendimento terceirizado sem a presença de familiares.

O terceiro grupo é o dos VIPPES que não apresentam nenhuma condição de auto-suficiência, mas tem saúde razoável. Vivem de expedientes, passam temporadas em casas de amigos ou formam família temporária sem vínculos fixos. Dormem em albergues, pensões baratas, quartos alugados em cortiços e favelas e por vezes participam de invasões com os grupos dos “sem-teto”. Quando ficam doentes ou se acidentam buscam atendimento público.

A dependência do Estado só vai ocorrer quando por acidente ou doença incapacitante, perdem completamente a capacidade de viverem por conta própria.

O quarto grupo é o dos VIPPES solitários ou não, sem aposentadoria, sem ou pouca instrução, saúde deficiente, com dificuldades físicas diversas desde a falta total ou parcial de visão até mobilidade comprometida por doenças degenerativas ou comprometedoras de funções motoras e funcionais. Não são aceitos por eventuais familiares e normalmente também não se adaptam a regras e normas de convivência familiar. Dificilmente chegam a idades mais longevas.

Esse grupo é o mais dependente do Estado e a sua expansão seria evitável se as condições econômicas do País permitissem que as novas famílias que se formam tivessem recursos mínimos para a manutenção de lares estáveis.

Considerando apenas os VIPPES de 60 anos em diante que são beneficiados pelo atual Estatuto do Idoso, em 2014 eles compreendem 23 milhões de indivíduos.

Como cada grupo equivale a um quarto do total de VIPPES, hoje são cerca de 5,7 milhões de VIPPES em cada uma das quatro situações descritas. Esse número cresce à razão de 900 mil por ano. Portanto, são mais de duzentos e vinte mil em cada grupo todos os anos.

Quantas ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), residenciais, flats, casas de repouso, asilos, hospedagens com atendimento médico, seriam necessárias para atender todos os VIPPES que não tivessem mais condição de viver sem a ajuda permanente de uma equipe terceirizada?

Esta é a grande incógnita que pode fazer a diferença entre uma transição etária positiva e a instituição de uma caótica degradação assistencial e desequilíbrio social intenso e explosivo nas próximas décadas, talvez já a partir de 2020. Faltam hoje 16 mil asilos para acomodar VIPPES desamparados que vivem nas ruas, nos cortiços ou favelas em condições precárias.

Ninguém tem ou divulga os números reais para dar resposta à questão formulada. É possível efetivar algumas projeções baseadas em informações oficiais e pesquisas de consumo desenvolvidas por empresas particulares. A dificuldade é isolar fatores políticos, realidades estimadas e não comprovadas e manipulação de dados. Em determinados relatórios oficiais, a descrição de determinados serviços é visceralmente diferente da avaliação local. Há estatísticas detalhadas de serviços executados e nenhuma sobre serviços que não puderam ser executados e nem mesmo mencionados. Isto é mais evidente nas informações sobre o atendimento nos serviços sociais e de saúde pública.

Como a velocidade do envelhecimento é acelerada, todos os dados apresentam uma dinâmica ainda não calculada em toda sua repercussão social e, portanto as projeções se tornam voláteis, quase imprestáveis.

Com certeza já existem informações confiáveis sobre a quantidade de residenciais e flats para VIPPES da classe A e talvez parte da B. Nesses casos as informações são mais fáceis de serem obtidas e não aparecem nos relatórios oficiais.

Mas há muito para fazer na maioria da classe B e parte da classe C que apresenta condições para terem seus VIPPES morando em residências coletivas de bom padrão e com toda a qualidade de vida possível pela qual lutaram.

Wolfgang K.L.

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