- 07 de abril de 2019

O que querem os VIPPES?

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No momento de se organizar um congresso ou workshop é comum surgirem sugestões de temas a abordar. Os especialistas em alguma coisa sempre recomendarão assuntos de sua esfera de conhecimentos.

o que querem os vippesEsse é um dos grandes enganos do marketing para VIPPES. Dezenas de profissionais que informam amplo conhecimento sobre envelhecimento individual e populacional colocam de lado a consulta aos VIPPES, exatamente os maiores interessados no assunto.

Todos os pesquisadores e profissionais que convivem com VIPPES já sabem que estes são avessos a certos tratamentos preconceituosos e constrangedores como os adjetivos e substantivos que os “identificam”: velhos, aposentados, da melhor idade, da terceira idade, idosos e outros menos disseminados.

Com certeza há velhos, aposentados, membros da terceira idade e da melhor idade que não manifestam e nem discutem preferências semânticas desde que ganhem alguma vantagem com esses rótulos.

Os VIPPES que representam a nova geração de pessoas de cinquenta anos em diante não aceitam os rótulos citados porque se consideram membros atuantes, ativos e dispostos a viver a vida com liberdade de decisão e de oportunidades.

Para se comprovar a análise acima, basta comparecer em eventos que envolvam VIPPES ativos, seus livros e suas atividades tais como excursões e turismo em geral, feiras livres, feiras de livros, faculdades abertas, espetáculos musicais e teatrais de qualidade bem como frequentar rodas de VIPPES que prezam a idade.

Ninguém vai ouvir VIPPES se identificarem com os tais rótulos “acadêmicos” inventados em época onde o preconceito contra idosos era evidente e repulsivo.

Apesar da realidade ainda se utilizam os mesmos rótulos de três ou quatro décadas atrás como se ainda fossem aceitos como válidos. Quem está habituado com os procedimentos das empresas e institutos que operam com marketing, sabe que o sucesso de qualquer empreendimento, produto, serviço, evento, depende de uma pesquisa prévia para saber o que o público alvo realmente quer.

Quando esse levantamento é realizado de forma adequada, os resultados servirão de guia para o sucesso total, sem surpresas.

Se não houver uma pesquisa, serviços, produtos, temas, e qualquer coisa que se queira colocar para um determinado público vai depender de sorte apenas. O problema se torna muito complicado quando o produto ou serviço a ser colocado para o público não pode sofrer mudanças. Não pode ou não se consegue fazer mudanças.

Por exemplo: um político se candidata para um determinado cargo. Apresenta um currículo inadequado para ser aceito pela maioria dos eleitores potenciais. Nesse caso, não adianta fazer uma pesquisa porque a não aceitação apenas será confirmada.

É o mesmo caso de apresentar um festival de “rap” para público amante de música clássica, romântica ou dançante. Melhor resultado para esse tipo de público seria uma pesquisa para conhecer com mais detalhes que tipo de espetáculo ofereceria maior prazer de assistir. Se o “rap” for mencionado na pesquisa ficará evidente que não terá nenhuma chance de ganhar.

Também acontece quando se define um programa de palestras em congresso profissional. Todos que realizam trabalhos acadêmicos querem vê-los no programa. A decisão de inclusão vai ficar por conta das possibilidades circunstanciais. É complexo tentar levantar sugestões entre os participantes que estarão presentes ao evento.

Entretanto, quando se trata de um congresso voltado para o público não profissional, a situação se transforma completamente. Os profissionais poderão desejar que seus trabalhos técnicos sejam apresentados ao público porque seria interessante e proveitoso para ele.

Mas esse público estaria interessado nesses trabalhos? E no caso de estar, quais seriam os aspectos que mais poderiam efetivamente provocar atenção e interesse?

Acontece muito no caso de VIPPES. Alguns seminários, feiras e eventos para VIPPES foram realizados com a apresentação de temas completamente fora da área de interesse deles. O resultado final é inexpressivo porque o público alvo não foi atendido, entretanto, os apresentadores “deram seu recado de forma brilhante, competente e profissional” para seus pares, exclusivamente.

Todos os agentes ativos da sociedade que quiserem efetivar programas para os VIPPES necessitarão pesquisá-los para saber o que realmente desejam. A nova geração deles não irá se sensibilizar com programas que tentem fazê-los engolir o que não querem.

F. Aristóteles Filho

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