- 07 de abril de 2019

Delivery: chave da transição etária

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A cada dia quatro mil novos VIPPES engrossam a classe protagonista da transição etária no Brasil. São mais de 120 mil pessoas de 50 anos em diante que se somam todos os meses como potenciais clientes de entregas residenciais.

delivery_chave_da_transicao_etariaCom certeza, nem todos poderão usufruir desse conforto. Mas será que sabemos o número correto de usuários do sistema de delivery? Uma pesquisa de mercado com parâmetros sócio-métricos bem delineados poderia auxiliar no encontro de números mais confiáveis.

Enquanto não realizamos essa pesquisa, podemos brincar um pouco com as hipóteses.

Digamos que considerando as classes A, B e parte da C, não seria absurdo imaginar que 20% dos VIPPES (8 milhões de pessoas hoje) seriam candidatos possíveis e capacitados a receberem compras e serviços em suas residências (e serão quase 20 milhões em menos de 37 anos). Atualmente o serviço de “delivery” – ou entrega em domicílio – está pouco desenvolvido em razão de operacionalidade amadora e pautada em ausência de critérios mercadológicos básicos.

Se houvesse um trabalho bem planejado e executado, independentemente da transição etária, o mercado poderia ser expandido em progressão geométrica. Com a transição etária chegou a hora dos empreendedores focarem a grande oportunidade para tornar o “delivery” uma das principais estrelas desse fenômeno sociológico em processo.

Muitos VIPPES de 50 anos em diante moram sozinhos, outros vivem em companhia de VIPPES também. Como eles vão se tornando a parcela demográfica que mais vai crescer, precisarão de muitos produtos e serviços. Por razões diversas como alguns problemas de condição física ou saúde, agenda de trabalho, dificuldade de transporte, aborrecimentos pessoais e sabe-se lá mais o que, desejarão receber em casa, confortavelmente, aquilo que dispensaria o “ir disputar” lá fora.

Essa é a grande oportunidade de negócios: criação de sistemas de entregas residenciais projetadas e executadas para se tornarem “imprescindíveis” para os novos VIPPES. Nada de entregadores mal arrumados, nada de atrasos injustificáveis, nada de produtos diferentes do combinado, nada de serviços realizados por amadores, nada de exigências cadastrais esdrúxulas, nada de telefonistas eletrônicas, nada de tratamento impessoal, nada de preços extorsivos e baseados em probabilidades de perdas, nada de horários nem sempre condizentes com o cerne do negócio, nada de sites complicados e confusos, nada de ausência de artifícios inteligentes de memorização, nada de ausência de planos de fidelidade, nada de diversificação indevida, nada de ausência de planos de assinatura de entregas e pagamentos.

Enfim, os novos “delivery” devem ser empresas bem organizadas com capacidade e competência para se tornarem veículos-chave na nova economia criada pelo envelhecimento populacional. Poderão ser os novos distribuidores do século XXI alinhando-se a algumas grandes empresas (Avon – http://www.br.avon.com,  Mary Kay –  www.marykay.com.br, Natura  –  www.natura.net,  Herbalife – www.herbalife.com.br, etc.) que possuem “consultoras” que vendem cosméticos e alguns tipos de produtos específicos.

Na verdade, todo e qualquer produto pode ser entregue em residências. Cada um vai ter a sua logística. No momento em que a quantidade de compradores se tornar expressiva, um único deslocamento poderá significar vários faturamentos.

Imagine-se um grande condomínio de 60 a 100 apartamentos verticais ou horizontais com muitos VIPPES usando o serviço de entrega de bebidas. Com boa organização, uma empresa poderá atender o condomínio inteiro – 20 a 50 apartamentos clientes. A parcela de custo de distribuição cairia muito em razão das entregas múltiplas com um único deslocamento.

O mesmo poderá ser realizado com serviços.

Hoje o que acontece chega a ser cômico. É comum ver vários motoqueiros de firmas diferentes na porta de um edifício entregando pizzas, sanduíches, comida chinesa, etc. Muitas vezes, são os próprios clientes que tomam conhecimento das outras empresas através de comentários dos vizinhos encontrados no elevador ou na porta ao buscar as encomendas. As empresas concorrentes perdem oportunidades de obterem resultados muito rentáveis porque não se organizam na distribuição.

Acontece que com o crescimento formidável da participação dos VIPPES no composto demográfico e com a redução notável da mão-de-obra mais jovem, tudo terá que ser potencializado visando maior objetividade, menor volume de mão-de-obra, mais racionalidade.

O sistema de entrega residencial vai ser realmente um dos grandes negócios deste século também por causa do envelhecimento populacional.

Germano Hansen Jr.

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