- 05 de abril de 2019

Pesquisas culturais

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Estabelecer programas culturais para determinados grupos pressupõe amplo conhecimento dos hábitos e pensamentos de seus membros. Melhor que isso: delinear um perfil completo deles.

pesquisas_culturaisQuais são os programas culturais que atendem às expectativas dos VIPPES?   Como sempre, algumas perguntas parecem não trazer muita dificuldade para a resposta.

Entretanto, é preciso analisar a situação atual. O Estatuto do Idoso, por exemplo, no seu artigo 20, estabelece que “o idoso tem direito à educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”. Como o Estatuto se refere ao pessoal de sessenta anos em diante, o que fazer com o de 50 a 59 anos?

Então para efeito da nossa análise vamos considerar os VIPPES em geral, a partir dos cinquenta anos.

Quais seriam os programas culturais que os VIPPES gostariam de realizar? Ir a teatro? Cinema? Palestras? Cursos diversos? Exposições sobre temas gerais ou específicos? Frequentar reuniões culturais? Participar de projetos culturais? Conhecer museus e pinacotecas? Leitura? Simpósios?

A lista é longa e a cultura está em todo lugar o tempo todo.

Primeira questão a avaliar:

1-    Há programas específicos para todos os VIPPES ou há nítida diferença conforme a idade?
R- A pressuposição é a inexistência de seletividade de programas por idade. O que pode acontecer é a impossibilidade de realizar qualquer programa se a condição físico-biológica for impeditiva ou limitativa.

Observação crítica: alguns programas aparentemente direcionados para VIPPES não preenchem os requisitos adequados a essa classe etária. Ausência de estrutura arquitetônica própria para receber indivíduos com algumas limitações formata o programa como seletivo e válido apenas para quem pode, independente da idade. Também certos recursos inexistentes limitam a presença de outros (ausência de estacionamento, pavimento correto, plataformas móveis para cadeirantes, cadeiras de roda, andadores). Lapsos de organização podem ser observados na escolha de etiquetas pequenas com leitura difícil, iluminação insuficiente, espaços apertados, insuficiência de sanitários e até falta de pessoal competente e preparado para atendimento de VIPPES.

Observação paralela: se for realizada uma pesquisa entre os visitantes, o resultado não refletirá a realidade, porque os respondentes serão aqueles que entraram e não aqueles que gostariam de estar presentes, mas encontraram barreiras.

Segunda questão:

2-    Os VIPPES são informados adequadamente dos programas disponíveis?
R-  Programas organizados basicamente para VIPPES são raríssimos e a divulgação é praticamente inexistente.

Observação crítica: a quase totalidade dos organizadores de programas culturais não considera os VIPPES como classe de muito interesse e, portanto, não há preocupação com divulgação ou logística para atendimento.

Observação paralela: em alguns eventos culturais, os VIPPES não são bem recebidos e toda a divulgação deixa implícita a mensagem. Até as fotos e imagens utilizadas nos anúncios destaca jovens e adultos não VIPPES como o público-alvo.

Terceira questão:

3-    O custo do programa cultural é adequado para os VIPPES?
R- Não há uma avaliação para estabelecimento de preços para VIPPES porque sempre significaram parte muito pequena, quase inexpressiva nos eventos culturais. Observação crítica: os orçamentos de custos eram voltados para as classes etárias com maior número de indivíduos e essas serviam de foco para os cálculos.

Observação paralela: como os eventos culturais para VIPPES eram praticamente inexistentes, quando ocorria algum que pudesse apresentar maior interesse ou presença de VIPPES, as informações disponíveis não eram suficientes para estabelecer custos e preços adequados. Também não era compensadora a realização de estudos e pesquisas de mercado para melhorar as decisões.

Com a expansão da população VIPPES, todo o universo das programações culturais tem que ser observado com mais detalhamento porque já envolve um considerável volume de pessoas.

Serão necessárias pesquisas para conhecer profundamente quais os atrativos culturais que mais poderiam entusiasmar os VIPPES e com filtros por idade e classe sócio-econômica. Em suma, as empresas precisam conhecer muito bem o novo público que se forma no País. Um público que era nicho pouco expressivo e que vai se encorpando como uma das principais alavancas de uma nova sociedade.

J. Mark Torrence

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