- 07 de abril de 2019

Literatura Nova

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Aposentou! Acabou a música, terminou a fase produtiva, desapareceu a mágica, fecharam-se as cortinas, encerrou-se a missão, escondeu-se o Sol e a vida começou a entrar em agonia. Mentira!

literatura novaÉ uma deslavada mentira, uma baboseira sem nenhuma sustentação.

Ao contrário, é uma grande oportunidade. Imaginar que milhares de pessoas se aposentam todos os meses é comprovar que um novo mercado se abre todos os meses.

Que mercado é esse?

Exatamente o mercado dos aposentados que preferimos chamar de VIPPES aposentados. Em 2013, o INSS teve uma média de seiscentas mil solicitações mensais de aposentadorias de várias espécies, sendo cerca de duzentas mil recusadas. Cento e vinte mil aposentadorias mensais por tempo de serviço parece ser um número próximo da realidade.

Nesses casos há várias classes de aposentadorias – professores, executivos, trabalhadores braçais, operários especializados, técnicos de vários níveis, etc.

O conjunto de aposentados forma um mercado ativo de vários níveis de capacidade financeira.

Naturalmente sempre existirão os pessimistas e negativistas que só enxergam o lado errado dos fatos. Pensando nos cento e vinte mil que se aposentam todos os meses, quantos deles possuem histórias interessantes, extraordinárias, fantásticas, emocionantes, espetaculares para contar?

Quantos livros poderiam ser escritos com essas histórias de vida?

Um professor de matemática pode ter passado por momentos curiosos em sua atividade e um condutor de trens também. Uma enfermeira deve ter muitas alegrias e dramas que fizeram o recheio de seus dias ou noites.

Cada profissional viveu situações que só a sua atividade poderia propiciar e essa vivência não tem registros que pudessem servir para se conhecer a completa realidade que cerca cada indivíduo em particular. A mesma atividade pode apresentar aspectos solucionados de forma diferente por indivíduos diferentes.

A visão que cada um tem do mesmo fato é única e depende de um sem número de fatores para os quais não há parâmetros bem definidos. As similaridades serão ocasionais e não podem servir de padrão para coisa nenhuma.

Empresas especializadas na área cultural deveriam estabelecer projetos que proporcionassem aos “aposentados” a possibilidade de transformar em literatura as suas décadas de prazer, sofrimento, emoção, dúvidas, momentos de orgulho, instantes de vergonha, minutos de sensibilidade e de alegria incontida.

Todos sempre terão alguma coisa para contar. O ser humano é um Banco de dados único, inigualável. A maioria não sabe como expor suas impressões e avaliações. Necessita de ajuda. Possui a matéria-prima de primeira qualidade, mas não sabe como transformá-la em produto aceitável na sociedade carente de novos conhecimentos e motivações.

Criar um sistema bem organizado poderia talvez criar uma nova sociedade ajustada com a experiência transformada em comunicação lapidada para os apreciadores de joias garimpadas nos mais escondidos recantos da inteligência, memória e sentimento dos homens e mulheres que tornaram o mundo menos teórico.

Outro conveniente e recomendável benefício dessa “nova literatura” é a criação de uma nova atividade motivadora para pessoas que de um dia para outro deixam de trabalhar. Um dos maiores fatores da depressão é exatamente a perda do referencial do trabalho e a inexistência de novos desafios possíveis.

Elaborar um livro da própria vida e de todas as experiências pode se tornar um trilho seguro para a condução da nova fase da maturidade. Um livro que não precisa de data marcada para ser editado, que não precisa de nada além dos conhecimentos particulares de quem o faz. Um livro que pode ter a orientação de profissionais capacitados para saber como motivar uma plêiade de gente que começou a atravessar a fronteira de uma nova dimensão da vida: a longevidade.

G. Hansen Jr.

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