- 07 de abril de 2019

Cinema na vida dos VIPPES

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Hoje, as mudanças que, a partir dos anos 70, deram novas configurações às etapas em que a vida se desdobra, embaçando as fronteiras estabelecidas entre os comportamentos tidos até então como adequados aos diferentes grupos etários.

cinema_na_vida_dos_vippesPara tratar dos significados dos VIPPES (pessoas com mais de 50 anos) basta exemplificar com dois filmes as representações radicalmente opostas da experiência de envelhecimento.

O primeiro, Make Way for Tomorrow, produzido em 1937, apresenta o drama de um casal de velhos que, forçado a vender a sua casa e impedido de morar com os filhos, tem como alternativa aguardar a morte num asilo. Nesse filme, mais uma vez, a violência da lógica que organiza as práticas de desenvolvimento urbano é combinada com a tragédia dos velhos para expressar a brutalidade envolvida na concretização dos ideais da modernidade.

Cocoon, produzido nos anos 80, apresenta uma comunidade de VIPPES aposentados que descobrem acidentalmente técnicas extraterrestres de rejuvenescimento e, com muito entusiasmo, passam a desafiar a decadência física e o desprezo com que seu grupo é tratado. Evocando símbolos de longevidade e imortalidade, esse filme substitui o pessimismo do primeiro, que se empenha na negação dos determinismos biológicos, físicos, psicológicos e sociais.

Quase meio século separa um filme do outro, mas, de acordo com o autor,  diferença entre eles não é a diferença entre a tragédia e a ficção científica, entre a crítica social e a comédia. O tratamento dado aos VIPPES  nos dois filmes reflete uma mudança mais ampla no curso da vida humana, como a passagem para uma sociedade em que as idades são irrelevantes.

É a promessa de que é possível escapar dos constrangimentos, dos estereótipos, das normas e dos padrões de comportamento baseados nas idades. Mas, de certo modo ainda, olhar para as representações sobre a velhice no Brasil é ver, infelizmente,  a presença dos dramas que se expressam sobretudo nas imagens de idosos abandonados nos asilos ou em filas monumentais à espera do dinheiro minguado da aposentadoria.

Mudanças à vista

Entretanto, essas imagens também já estão contrastando com as representações da velhice gratificante, vibrante e produtiva, que ganha expressão quando estão em jogo os programas para VIPPES, como suas universidades, por exemplo. Esses espaços possibilitam que uma experiência inovadora possa ser vivida coletivamente. Neles é encorajada a busca da autoexpressão e a exploração de identidades de um modo que antes era exclusivo da juventude.

Abordar VIPPES na experiência contemporânea é descrever um contexto em que as imagens e os espaços abertos para uma longevidade bem-sucedida não levam necessariamente a uma atitude mais tolerante com os velhos, mas sim, e antes de tudo, a um compromisso com o envelhecimento positivo.

Para o Portal VIPPES Negócios: “VIPPES: Vanguarda, Inteligente, Poderosa, Participativa, Exemplar e Solidária. Serão eles necessários para ocupar os espaços que vão ser deixados vagos pela redução quase socialmente patológica das taxas de natalidade.”

Mona C. Cury

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