- 04 de abril de 2019

Os bares da moda

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O mundo gira louco e muda hábitos em velocidade fotônica. Como ficarão os bares e restaurantes na nova sociedade dos VIPPES protagonistas? Quem vai criar a nova moda?

Não adianta pensar que as mudanças serão paulatinas e quase despercebidas pela sociedade. Pelo contrário, a velocidade do envelhecimento populacional já começa a alterar gostos e a moda.

Naturalmente há recusa sistemática na aceitação da nova realidade e muita gente vai perder oportunidades de se adaptar a um mundo diferente, mas não menos admirável.

Comercialmente os restaurantes e bares, principalmente estes, contam hoje com uma clientela composta de jovens e adultos jovens. Parte oferece atrativos para o pessoal de meia-idade e raros visam os VIPPES como clientes de primeira escolha.

Tudo perfeitamente dentro da realidade comercial que exige o foco naqueles que mais controlam a renda nacional e participação significativa no PIB. Mas isso já não está valendo mais.

Como os dados demográficos não podem mais sofrer reparos e o envelhecimento é um fato irreversível no século XXI, então há que providenciar adaptações em todos os setores de atividade.

O que os bares precisarão fazer para se tornarem recantos motivadores para os novos VIPPES que aumentam em mais de quatro mil pessoas a cada dia?

São vários os itens a serem avaliados e modificados. Inicialmente é preciso conhecer profundamente o perfil dos novos VIPPES. Pode parecer simples o processo de pesquisa para se chegar a alguma conclusão válida, mas há uma dificuldade substancial: o perfil apresenta uma tendência de metamorfose constante. Isso se deve à própria rapidez nas mudanças da sociedade em todos os aspectos nas duas últimas décadas, incluindo a atual. A globalização suportada pelas conquistas tecnológicas que proporcionaram tsunamis maravilhosos na comunicação, também provocaram adaptações comportamentais em grau inesperado em todas as camadas sociais.

Os VIPPES estão mudando muito. Novos VIPPES que entram agora na casa dos cinquenta anos – nascidos em 1963 – não tiveram a Internet como base de comunicação. VIPPES que tinham fome de conhecimento precisavam viajar, ou ler muito, ou se relacionar bastante.  Entretanto, tanto os novos quanto parte das gerações anteriores tiveram que aprender a conviver com os novos rumos e, então, existe uma conformação mesclada e complexa no desafio da adaptação social.

É um mundo maravilhosamente mutante.

Pesquisas de perfil precisam de uma atualização quase que diária. Para efeito de planejamento empresarial e de ações públicas, levantamentos mais longos que três a quatro anos se tornam inadequados. Assim, conhecer detalhadamente o perfil dos VIPPES é tarefa desafiadora. Vencido esse item, aí sim, dá para começar a pensar nos demais.

Bares devem ter um ambiente adequado ao tipo de público desejado. Se o critério for classe social as características serão próprias dessa linha. Sofisticação sempre será detalhe imprescindível para a classe de maior poder aquisitivo. Simplicidade atenderá melhor as expectativas das classes menos favorecidas. Soluções a meio termo com nuances atenderão as classes intermediárias.

E quais seriam os temas para os ambientes? Quais os elementos fundamentais de decoração? Como deveriam ser as características estruturais e arquitetônicas desses novos bares da moda VIPPES? Para VIPPES de mais idade as escadas, a má iluminação, banheiros minúsculos sem segurança, pisos muito lisos, torneiras de difícil manejo são obstáculos indesejáveis.

Quanto ao pessoal de atendimento, aí sim vai residir um dos pontos mais exponenciais para o sucesso. Garçons, porteiros, caixas, manobristas precisarão saber como tratar VIPPES, como conquistá-los e influir no retorno. No que diz respeito à alimentação é importante saber que VIPPES gostam de comer muito bem. Comer muito bem significa diversidade, qualidade, sabor e nenhuma ou quase nenhuma agressão à saúde. Novos ingredientes, novos cardápios, novas maneiras de preparar os alimentos, novas apresentações de pratos tradicionais podem se tornar preciosidades para aqueles que querem viver muito e sem “bater ponto” todas as semanas em pronto-socorros e farmácias.

Os novos bares da moda que queiram atender os novos VIPPES de uma reformulada sociedade terão que criar um DNA próprio, um DNA que se torne uma das melhores e mais saborosas conquistas da transição etária.

J. Marks Torrence

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