- 06 de abril de 2019

A “Feiúra” dos VIPPES

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Muita gente acha que VIPPES, principalmente depois dos sessenta anos, são feios e “mal-ajambrados”. Em parte existe razão para essa avaliação, mas não é um problema insolúvel. Pelo contrário.

artigo_3Antes de tudo, é preciso considerar o motivo dos comentários constrangedores.

Com certeza, ninguém gosta e objetiva se tornar um velho. É muito natural essa atitude, porque os velhos normalmente não apresentam uma aparência muito agradável.

Mas nem todos os velhos são assim. E quando não o são, se tornam VIPPES e não mais velhos.

Mas por que, diabos, todos os velhos não se tornam VIPPES?

Aí é que “a porca torce o rabo”. Aí reside o motivo do preconceito generalizado contra a idade avançada.

A resposta é de uma simplicidade revoltante!

A maioria dos velhos continua formada por velhos e não consegue reverter a situação porque esse pessoal apresentava uma pouco satisfatória perspectiva de vida.  “Apresentava” no passado.

A situação agora é outra porque a esperança de vida aumentou substancialmente nas últimas décadas e dos 43 anos de setenta e poucos anos atrás, hoje passa dos 71 anos.

Quem nascia em 1940 considerava o ano 2000 como uma quimera, um sonho tão irrealizável quanto o telefone celular.

Realmente, naquela época, as pessoas morriam mais facilmente e passar dos cinquenta já era admirável. Chegar aos sessenta, então, era uma realização digna de muita comemoração. 90 anos eram raridade e fenômeno quase inexplicável.

A verdade era que depois dos cinquenta e mais ainda depois dos sessenta, só a morte se tornava viável, uma certeza inquestionável.

Uma simples gripe enchia cemitérios.

Havia um comércio próspero de vendas de túmulos, caixões mortuários, coroas de flores e decorações para funerais.

Quando se convidava alguém para um aniversário de um avô de 75 anos, o comentário mais ouvido ressoava como a visão de algo meio anormal e bizarro:

“Está durando muito, hein? Que é que vocês estão dando para ele?”

Em uma sociedade com esse “espírito”, o que se podia esperar de qualquer espécie de investimento na velhice, além de funerais, missas de sétimo dia e decorações de túmulos?

Fazer roupas novas para alguém que já passou da idade de morrer? Reformar a casa por causa de alguém que vai falecer a qualquer momento? Reservar lugares em teatro sem se saber se a pessoa vai estar viva no dia do espetáculo? Ensinar velho a tocar violão, piano ou cantar, só se for para acompanhar os anjos no céu, não é mesmo? Não liga para ele, não, pode trocar de roupa na frente dele porque já não funciona mais mesmo, certo?

Continue a contar essa piada infame, porque a velha ali nem escuta mais, ouviu? Não compra nada caro não, já que ela não vai durar muito, entendeu?

Centenas de “conclusões” desse tipo faziam parte da vida social do século XX.

E quando o “velho” não morria?

“-Eta bicho ruim! A família vai morrendo e o velho continua firme no pedaço”.

“-Teu pai ainda está vivo? Caramba! Tua mãe também? Não acredito”.

Nessa mentalidade derrotista em relação à velhice – já aos 50 anos – não haveria como prosperar atividades que tivessem como foco esse pessoal.

A indústria da moda e do vestuário desprezou as pessoas de mais idade. Não as entendiam nem como nicho de mercado.

A indústria cosmética condenou a velhice ao ostracismo “eterno” porque velhos desmentiam as promessas fantásticas da beleza “eterna” vendidas às mulheres jovens e de meia-idade.

Lançar um creme para melhorar a aparência de uma velha enrugada?

Imagine-se o que aconteceria com a imagem da empresa quando as rugas não desaparecessem? Xampus para cabelos escassos? Nem pensar!

Assim era a humanidade até duas ou três décadas atrás.

Hoje, no Brasil, são mais de 43 milhões de VIPPES que já passam de 20% da população total e que vão continuar a crescer velozmente.

Esses VIPPES, não os velhos do século passado, desejam ter roupas talhadas para eles, cosméticos diferenciados, programas culturais especiais, trabalho qualificado, diversão, sexo, boa comida, acessibilidade para tudo e principalmente aceitação como parte imprescindível na nova sociedade.

Quem sair na frente conquistará os melhores lugares nesse fabuloso mercado que rapidamente vai substituir os que foram endeusados até pouco tempo atrás: crianças e jovens e adulto-jovens.

G. Hansen Jr.

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