- 07 de abril de 2019

Utopia não é remédio

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O envelhecimento populacional nas grandes concentrações urbanas brasileiras vai provocar a necessidade de atendimento médico de urgência em volume crescente.

Como resolver rautopiapidamente essa questão preocupante?

Em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e quase todas as capitais brasileiras, a locomoção vai se tornando cada vez mais complicada. O trânsito dobra e até triplica o tempo de ida para qualquer local. Até mesmo as ambulâncias têm dificuldade em avançar em meio à maré tsunâmica do tráfego,  principalmente durante a semana útil de trabalho e de atividades escolares.

A dificuldade não é com o transporte público apenas. Automóveis particulares também não conseguem ganhar tempo em meio ao caos. Apenas o metrô consegue manter o seu deslocamento sob com certa regularidade.

Uma das consequências esperadas do processo de envelhecimento populacional em curso é o crescimento acelerado das emergências médicas.

Quedas de VIPPES têm sido um dos fatores de maior preocupação médica nos últimos anos. O volume dessa ocorrência cresce na proporção da participação deles na composição etária, ou seja, é assustadora.

E não apenas as quedas, mas todas as outras patologias características do pessoal de mais idade. Picos hipertensivos, crises diabéticas, dificuldades respiratórias, AVCs e outros problemas de saúde típicos de VIPPES de mais de 70 anos, causam “correria” para unidades de saúde emergenciais.

É fácil imaginar como essa situação vai se tornar dramática já nos próximos anos. Melhor nem pensar, por ora, nas décadas de trinta e quarenta deste século.

Como atravessar e vencer o trânsito que já é caótico hoje?

Em razão da existência de planos de saúde com locais específicos de atendimento nem sempre perto da residência e porque muitas regiões urbanas não possuem mínima estrutura de saúde, os VIPPES transformados em pacientes de urgência se tornarão vítimas da locomoção “tartaruga”.

O ideal é que pudessem ser atendidos na residência ou nos locais da emergência. É possível?

Tudo é realizável desde que haja boa vontade, bom senso e bom planejamento. Vai ter custo, porém, será muito menor que dezenas de dias de hospitalização motivada por demora no atendimento inicial.

Para tanto, haveria uma unidade móvel de emergência para cada área de 5 ou 10 mil VIPPES de 60 anos em diante. Na cidade de São Paulo, por exemplo, com cerca de 1, milhões de VIPPES de 60 anos em diante, 130 unidades móveis seriam dispostas inicialmente na área geográfica do município para esse específico trabalho.

Atualmente há unidades de resgate para atendimento de vítimas de acidentes diversos, mas não há serviço especializado para atendimento de VIPPES em situações emergenciais.

As unidades móveis especializadas viriam cobrir essa deficiência. O trânsito seria beneficiado porque se reduziria a movimentação entre bairros.

É provável que em parte dos casos o encaminhamento do VIPPES para hospitalização não se tornaria necessário, visto que o atendimento imediato no local poderia evitar o desenvolvimento de problemas em que o tempo é o fator principal.

Outro benefício do sistema móvel é a redução do congestionamento de entradas hospitalares. É comum mesmo para pacientes de planos de saúde mais sofisticados, a longa espera de atendimento emergencial ou internação em hospitais em razão de excesso na simultaneidade de pacientes.

Evidentemente, o sistema móvel pode ser público e particular. Para o Estado, o sistema traria economia após o gasto inicial com a implantação, exatamente pela redução nas hospitalizações. Para os planos de saúde ou empresas particulares, o sistema móvel seria uma opção para melhorar o atendimento e também reduzir as internações, uma das grandes responsáveis pela saúde financeira delas.

De todas as maneiras o sistema móvel de atendimento terá que ser implantado porque não haverá alternativa melhor sob qualquer ângulo.

O ideal é que aconteça logo porque o envelhecimento avança em passos muito largos.

Naturalmente, o sistema exigirá um conjunto de meios e recursos materiais e humanos diferenciados. Veículos especiais, equipes multidisciplinares, centros de comunicação, equipamentos avançados, treinamento adequado, novas técnicas profissionais farão parte desse novo campo criado pela transição etária.

G. Hansen Jr.

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