Quem Paga X Quem Recebe

A última revisão da população por idade e sexo do IBGE (08/2013) revela uma situação de alerta para a Previdência Social. Mudança profunda na balança dos contribuintes e dos beneficiários.

Para que se possa entender a preocupação é preciso fornecer números atualizados e confiáveis. A legislação impede o trabalho de menores. Podemos estabelecer que considerando aspectos escolares, estágios, informalidade, trabalhadores efetivos começam a vida profissional aos 18 anos.

Para homens a aposentadoria pode ser solicitada com 35 anos de atividade (18 + 35 = 53 anos de idade) e para mulheres com 30 anos de trabalho (18 + 30 = 48 anos de idade). Se todos começarem efetivamente a trabalhar com 18 anos e se aposentarem aos 53 (homens) e aos 48 (mulheres) teremos o seguinte quadro:

       Evolução população masculina Ativos, Inativos e Aposentados – em milhares

	2.000	%	2013	%	2020	%	2030	%	2060	%
Homens – total	86.170		99.337		104.547		109.628		106.101
Ativos 18 a 53	44.574	52	54.197	55	57.250	55	58.928	54	46.263	44
Inativos 0 a 17	32019	37	30.010	30	27.748	26	24.519	22	17.712	16
Aposentados 54+	9.577	11	15.130	15	19.549	19	26.181	24	42.126	40
Inativos total	41.596	48	45.140	45	47.297	45	50.700	46	59.838	56

Alguns artigos têm aparecido com a demonstração levando às conclusões diversas da realidade estatística. No quadro acima se verifica que no período de 2013 a 2020 a porcentagem de potenciais trabalhadores é a maior da história demográfica brasileira (se todos estivessem trabalhando e não existisse desemprego). Muitos chamam esse período de janela ou bônus demográfico.

Mas quando se foca nos dados referentes aos potenciais trabalhadores aposentados homens, nota-se que de uma participação de 11% em 2000, no período de 2013 a 2020 (no chamado bônus), a participação dos aposentados subiu de 11% para 15% em 2013 e 19% em 2020.  A elevação se acelera até 2060 quando bate nos 40%.

Este é o dado mais preocupante na estatística porque a participação de aposentados tem um custo enorme e é suportado pela Previdência pública. No quadro pode se comprovar o crescimento dos aposentados em milhões de pessoas a cada período.   Mas a situação mais crítica verifica-se no quadro que demonstra a evolução na população
feminina que já aumenta a sua participação em todos os setores de atividade.

Vejamos:

      Evolução população feminina Ativas, Inativas e Aposentadas – em milhares

	2.000	%	2013	%	2020	%	2030	%	2060	%
Mulheres – total	87.279		101.696		107.531		113.499		112.073
Ativas 18 a 48	41.040	47	48.754	48	50.682	47	50.942	45	37.879	34
Inativas 0 a 17	30.982	36	28.816	28	26.912	25	23.419	21	16.898	15
Aposentadas 49+	15.227	17	24.126	24	29.937	28	39.138	34	57.296	51
Inativas total	46.209	53	52.942	52	56.849	53	62.557	55	74.194	66

Se a situação no lado masculino já era preocupante, na esfera feminina se torna dramática. No período batizado de bônus demográfico (no quadro 2013/2020), a participação das potenciais aposentadas femininas cresce de 24 para 28% da população, com queda de 48 para 47% nas ativas (e sem considerar o desemprego ou sub-emprego tão comum ainda para mulheres).

Nos dois quadros acima se constata que temos menos de seis anos para enfrentar problemas na Previdência e em 16 anos o total de pessoas inativas será superior ao de ativas – 113 milhões de Inativas para 110 milhões de Ativas.

Os dados de 2060 (Projeção da População Brasileira por Sexo e Idade 2000/2060 – Revisão 2013 do IBGE) são tão assustadores – 134 milhões de Inativas contra 84 milhões de Ativas – que a sociedade explodiria em um caos se isso não fosse evitado.

Com certeza providências precisam e terão que ser tomadas imediatamente,  porque em matéria de Previdência pública, todas as mudanças só acontecem em mais de uma década de negociações e a aplicação das mudanças pode demorar mais de uma geração.

O tempo, portanto, é escasso, talvez até insuficiente para evitar o quadro de 2060, mas temos que tentar e persistir.

Germano Hansen Jr.