- 07 de abril de 2019

Troca de Partidos

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A democracia tem como um dos principais postulados a possibilidade da mudança de partidos políticos no governo em seus níveis municipais, estaduais e federal. Muito saudável. E o envelhecimento populacional?

troca_de_partidosCada partido tem um determinado programa de metas nos campos econômico, social e do poder de forma geral. Em vários pontos os diferentes programas partidários podem ser parecidos já que muitos problemas são visíveis para toda a sociedade e as causas bem conhecidas. Muitas vezes a diferença é na coragem e determinação de resolver parte dos problemas.

Um dos aspectos, entretanto, que não fazem parte da similaridade entre partidos é o que envolve o envelhecimento populacional. O fenômeno em questão terá consequências diretas em toda a sociedade e nenhum setor ficará livre das repercussões que sacudirão as atividades em todos os campos da vida nacional.

Assim, o tema envelhecimento populacional deveria ser de fundamental importância nos programas partidários de todos os partidos, sem distinção de ideais e objetivos práticos.

Mas não acontece assim, lamentavelmente.

Para alguns partidos o assunto simplesmente não existe, para outros não interessa. Alguns o consideram em plano secundário e raros são aqueles que se preocupam com o perfil etário em transição acelerada.

Tem sido comum que os partidos no poder – municipal, estadual ou federal – se mantenham por duas legislaturas em média significando oito anos da mesma filosofia partidária. Se for um partido que em seu programa de metas tenha em lugar de destaque o envelhecimento populacional, a sociedade será recompensada com realizações que auxiliarão a transição etária sem choques ou medidas emergenciais temerárias.

A dificuldade se tornará um problema de grande porte se o partido despreza a questão ou a coloca como preocupação secundária ou postergável. Nesta circunstância ocorrerão situações emergenciais que exigirão soluções drásticas e provavelmente impopulares ou inconvenientes.

Se pensarmos em termos da cidade de São Paulo, 12% hoje são cidadãos de 60 anos em diante, portanto 1,5 milhões de VIPPES. Se considerarmos o grupo completo de
VIPPES (de 50 anos em diante) são mais de 2,2 milhões de habitantes. Se um prefeito assumir o governo da cidade e mantiver a prefeitura em duas legislaturas, entraria em 2014 e ficaria até 2021.

Vejamos no quadro abaixo o que significaria esses oito anos em matéria de aumento da população de VIPPES na maior cidade do País.

Projeção da População de São Paulo Capital de 2014 a 2021 – Fonte IBGE (2013)
Habitantes de 50 anos em diante (VIPPES) e menos de 50 anos (Não VIPPES)
(em milhares de pessoas)

Total da

População

S.Paulo Cap

VIPPES

50 anos

em diante

Diferença de

VIPPES no

período

Total da

População

Não VIPPES

Diferença de

Não VIPPES

no período

2000

9.460

1.360

2014

11.000

2.200

840.000

8.800

700.000

2015

11.087

2.278

78.000

8.809

9.000

2016

11.172

2.355

77.000

8.817

8.000

2017

11.254

2.433

78.000

8.821

4.000

2018

11.332

2.510

77.000

8.822

1.000

2019

11.410

2.588

78.000

8.822

-3.000

2020

11.485

2.667

79.000

8.818

-4.000

2021

11.555

2.746

79.000

8.809

-9.000

O quadro é muito evidente. Só no período de 2000 a 2014, o aumento na população de VIPPES foi 20% maior que a população de Não VIPPES.

Essa situação vai continuar no mesmo ritmo até o final deste século. Não há como modificar e qualquer tentativa para tal precisaria começar a ser planejada e executada a partir de agora.

Desnecessário discorrer sobre as profundas adaptações e mudanças estruturais que a cidade teria que providenciar para suportar essa formidável multidão de VIPPES daqui para frente.

Assim, os partidos políticos precisam sofrer pressão da sociedade para que nenhum deixe de colocar o envelhecimento populacional e consequências como uma das metas fundamentais e prioritárias dos programas partidários de conquista do poder.

Torquato Morelli

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